Um super na maior cidade do mundo. Corrupta e podre como nenhuma outra - explorada pela NonCorp, a empresa que deveria trazer o futuro.
Sem história. Sua irmã tirou suas memórias a pedido dele próprio - e ele não se lembra mais o motivo.
Perdido. En...
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Kobolds (zoo.): pequenas criaturas híbridas entre cachorros e lagartos, são classificados como uma ameaça leve pela OTS. Sabe-se que sempre existiram no continente de Akiran do outro lado do Marco Zero, e a principal teoria é de que vieram de lá. Porém o governo de Numina reporta nunca ter havido a passagem de nenhum kobold pelo Marco Zero até hoje. São considerados animais pelas leis vigentes mas normalmente são caçados a plena vista. Podem ser perigosos no entanto, pois possuem sinal de inteligência podendo utilizar ferramentas rudimentares. Tem predileção por carne fresca mas podem comer de tudo, experimentos científicos revelam que podem extrair nutrientes até de objetos inorgânicos. Possuem uma predileção por preparar armadilhas e tem uma capacidade incrível de esconder-se e não serem percebidos. Ver: Akiran (loc.)
- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.
ALEENA
No ponto norte onde acaba Nova Vegas tem a muralha tesla. Além dela começa a Área 51. Não há muros ali, 'muralha' aqui se refere ao muro de prédios, tumbas e paredões que marca o final da cidade.
Um velho anda margeando a área vazia de deserto seco que se estende na noite. Área proibida, o nome 'tesla' não é a toa. Ele está no final da urbe inteira, o final da maior cidade do mundo. O velho nem mesmo sabe como chegou até ali. O cheiro de pizco na barba desgrenhada grisalha mantém qualquer pessoa próxima longe.
Não que hajam muitas. Periferias são sempre o reduto da pobreza e aqui não é exceção. Daqui até o centro da urbe são mais de 60 km em linha reta. Mas não é para o centro que ele está indo. Não... o velho está indo na Cerimônia. Para ver aquele que a tudo sabe.
Aqui é a periferia da Fronteira 51 – o distrito no extremo norte. Aqui a urbe vai ficando mais baixa. Os prédios, os grande arranha-céus do resto da urbe dão lugar a construções de oito, dez andares. Ainda parecem imensas eu sei mas acredite em mim quando digo que isso não impressiona mais no mundo zerano. Principalmente em Vegas.
A cidade continua apinhada de gente, mesmo aqui. A fronteira em si é na avenida Nikolai Tesla. Um dos lados da avenida é ocupado pelos paredões infindáveis, os conjuntos habitacionais recheados da rafuagem tegalca que tentam escapar dos conflitos fronteiriços entre a Nação Tegalca e Nova Vegas. Dois eternos inimigos, em uma guerra que nunca acaba.
Não mais que uma hora atrás, alguém empurra o velho, e empurra de novo. Sua mente demora para elaborar um pensamento coeso, algo para reagir. Ele, que tanto já viu em sua história finalmente se vê incapaz de organizar os próprios pensamentos. Vencido pelos seus traumas. Seu aluguel está atrasado faz 5 meses, o inquilino finalmente decidiu que era hora dele sair. Suas poucas coisas sendo carregadas pelos brutamontes tegalcos e jogados no tonel de fogo na frente do paredão. O velho ali está e faz uma última tentativa de proteger seus pertences – um retrato dele junto de alguém importante é jogado no fogo. Ele tenta impedir, mas os brutamontes não tem lugar para sentimentos ou pena. Um soco põe fim a sua fútil resistência, e o velho sai correndo sem conseguir gritar ou chorar em sua mente fragmentada. Ele corre até cansar e prossegue andando. A noite hoje era especial – ir ao encontro do profeta. Mas sem aviso, é agora sua salvação.
