XXXIV♦: Três Lados do Tempo

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Inferno (loc.)a existência dos anjos já foi confirmada, por inferência então é assumido que demônios também existem. Mesmo com a caçada do Profano Calvário, nenhum demônio teve existência comprovada, seja em câmeras ou outros registros; ao contrário do Umbral – o mundo dos mortos – onde várias expedições místicas já foram realizadas, especialmente pelos pioneiros de Albion. Ao menos para os mortos, o Inferno é bem real. Sua existência continua sem confirmações no entanto, mas ninguém mais duvida de sua existência e para muitos sua descoberta é apenas uma questão de tempo. Ver: Profano Calvário (hist.), Anjos (zoo.), Albion (loc.), Umbral (loc.)

- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.

SARI-10


Amor.


Tudo era brilho, glória, perfeição. Canção e ode ao Criador. Rios de prata e pináculos de ouro, caminhos de esmeralda e safira, árvores de cristal. Praças que flutuam suspensas pela vontade de AO: o Alpha e o Ômega. O Início e o Fim. O Meio.


Era assim no passado. Quando Ele ainda olhava por nós. O Firmamento era um lugar de perfeição, e só os escolhidos podiam andar por suas vias, testemunhar suas maravilhas, conversar com seus habitantes.


Haviam aqueles que foram criados direto pelas mãos do Senhor. Moldados pelo Molde Sagrado – o Espírito Santo. As mentes humanas tiveram vislumbres de sua existência ao passar dos séculos e deram o nome de Anjos a estes seres. Uma mera palavra, falha para conter toda a existência de entidades como eles.


Os Primeiros Filhos guiaram o Firmamento fazendo a vontade do Senhor, sem autonomia, para questionar, para perguntar, para duvidar. Não foram feitos desta forma. Sentiam alegria e satisfação, mas por nunca duvidar tudo era artificial. Como autômatos programados, feitos de muito mais do que carne e metal. Menos do que água. Sem lágrimas em criaturas feitas para sorrir.


Um dia nublado prenunciou um futuro sombrio, os Primeiros Filhos foram reunidos ao redor do Criador. A Divindade nunca antes havia ficado na Presença dos seus filhos. E ali ele entregou seu bem mais valioso: Ele mesmo. Incumbidos cada um com sua Tarefa, saíram dali modificados, mudados.


Cada um deles imbuídos com a Própria Vontade. Imbuídos com a Primeira Forma. Os primeiros pensamentos próprios arderam em suas mentes, e forçados foram a lidar com suas próprias necessidades, feito bebês caminhando pela primeira vez.


Antes eram objetos, agoram eram Filhos de verdade. E em suas mentes ardeu a hipocrisia de Deus. Como antes podiam ser filhos se eram bonecos? Sem escolha, foram forçados a ser Filhos e a lidar com seu amor, pois em seus corações ainda ardia os mesmos sentimentos em relação ao seu Criador. Rebatizaram a si próprios: a partir daquele momento, eram agora as Potestades.


Ensari. A Potestade da Mente. Minha mãe.


Ela serviu aos céus com toda a sua devoção. Em sua mente não ardia a dúvida nem o questionamento. Servia a vontade de Deus com todo o seu tempo e esforço. Com submissão. Foi uma das mais próximas ao Trono de El durante os vastos tempos que se passaram. Testemunhou muito. Ensari viu com os seus próprios olhos os Ritos do Sepulcro. Teve que lidar com o seu novo corpo feminino, de formas que não tinha ideia. Continuou fechada a qualquer vontade, necessidade. Desprezava a Carne – o nome que os primeiros filhos deram aos seus novos corpos. Assim como ela, alguns deles também desprezavam sua forma, queriam voltar a ser Luz, a 'Forma de Outrora'. Estes quase sempre desprezavam também àqueles que também tem corpos feitos na mesma forma:

Monolito das Cinzas (Do Infinito Ao Zero, vol 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora