Subs da Orla de VanCrist, Nova Vegas - 06/30 m.0.
Picotados (gir.): indivíduos que intencionalmente removem partes corporais saudáveis para substituí-las por bioeletrônicos. A prática é considerada legal, mas a venda de humanos – sejam vivos, mortos ou mortos-vivos – torna ilegal a prática da remoção corporal para a venda. Indiví-duos costumam vender as partes picotadas no mercado negro e por isso a prática encontra ocasionais problemas com a justiça. Ver: Bioeletrônicos (tec.); Essência (desp.); Mercado Negro (econ.); Zumbis (desp.)
- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.
KATYA
É uma noite como qualquer outra, ar condicionado quebrado, calor faz geral pingar. Suor. Suor e silêncio. E suco humano espalhado pelo piso.
Todas as vozes foram caladas com três estampidos pro alto. Ninguém ferido ou morto. O teto agora com três rombos permitia a lua entrar quietinha, jogando luz nos rostos putos da cara da rafuagem aqui apinhados nessa antiga academia de treino de boxeadores da primeira década, desativada quando taparam o teto com pavimentos. É, são as subs de novo.
Não só isso, é mais um porão de Porradaria. O bairro é a Orla de VanCrist, aqui a cidade se espalhou feito vômito na primeira década, na segunda foi inteiro coberto pela tecnologia brutal que transformava a metrópole em urbe. Resultado é sempre a mesma bosta: subs. Bairros inteiros cobertos pela urbe que agora fica vários andares acima, toda reluzente, cheia de magvias, vactubos suspensos e vias elevadas.
E o que ficou debaixo? O governo tentou sepultar tudo aqui tacando milhares de toneladas de cimento até rechear tudinho andares e mais andares. Claro que foi uma decisão de merda, pois a quantidade de cimento que tu precisa pra isso é irreal, e o projeto foi abandonado no meio. O que resultou dessa porcaria foi o que temos aqui: ruas inteiras nos moldes pré-zeranos – afinal a Primeira Década era toda parecida com o pré-zerano – com tipo 'montanhas' de cimento que engoliram quarteirões inteiros, ruas inteiras. Como a Orla de VanCrist é a margem norte da Represa, tapar o bairro antigo só deixa ele ainda com 'vista para o mar', o que não resolve teu problema quando teu lance é sepultar o antigo pra passar o novo. Aí os caras fizeram o que? Aproveitaram todo esse cimento derramado aqui embaixo e ergueram um paredão cinzento imenso, tapando o antigo bairro de vez. A represa não tem mais praia aqui – só a grande parede com mais de 8 andares de altura, e a urbe da Orla de VanCrist lá em cima.
E os porões de Porradaria, onde se encaixam nessa merda toda? Sempre ilegais, sempre nas subs. É ilegal andar em qualquer sub da urbe, mas quem se importa com as leis quando tu é um fudido que nem geral que anda por aqui?
Esse que é o foda. Porque hoje é justamente o contrário. A última luta da noite foi da Drelle. Sabia que raramente entramulher aqui na Porradaria? E que as mina que lutam aqui metem mais medo nos cara do que eles próprios?
Pois é. Drelle é uma delas. Forte. Musculosa. Mas tipo, daquele jeito monstra, saca? Os merda gostam de dizer que mulher fortona assim é masculina, não é mais mulher e o caralho. Mas ela é foda pra cacete, musculosa é sim mas tem que ser pra fazer frente pros caras. O rosto tem aquela deformação básica aqui e ali por causa da pancadaria constante. Isso é normal. O que não é normal foi quando ela começou a esmurrar o seu oponente e o que saiu dele foi bem diferente do suquinho de morango a que estamos acostumados a ver.
O cordão de homens berrava o nome da Drelle – afinal ela é da casa enquanto o desafiante é um novato. Todo engomadinho, chegou usando um terninho engravatado... esse tipo de coisa não é comum por aqui. Daqui onde eu tô consigo ver tudo e já tô no interlink pesquisando tudo o que eu podia desse fdp.
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Monolito das Cinzas (Do Infinito Ao Zero, vol 1)
FantasiUm super na maior cidade do mundo. Corrupta e podre como nenhuma outra - explorada pela NonCorp, a empresa que deveria trazer o futuro. Sem história. Sua irmã tirou suas memórias a pedido dele próprio - e ele não se lembra mais o motivo. Perdido. En...