Casa de Detenção Pallniuc, Sarajevo, Bósnia-Herzegóvina - 7 m.0.
Byron Harko (--): este notório e único magnata tem o seu passado envolto em mistério - como a maioria dos imigrantes europeus da virada da primeira para a segunda década. Trajando-se e falando como um nobre, exibe refinado gosto para a cultura e a arte, além da magia. É a principal força motriz da NonCorp nos dias de hoje, encabeçando as mais importantes decisões da empresa - o que o faz uma das mais importantes figuras do planeta - mas também está constantemente envolto em controvérsias, como sua conexão com as vivacci na Itália. Ver: NonCorp (econ.), Diretores da NonCorp (list.), Primeira Década na Europa (hist.), Vivacci (tec.).
- do Dicionário dos Termos Zeranos - 13ª edição, editora zintra, pub. 11/29 m.0.
BYRON
A criatividade humana encontrou novas fronteiras na arte da Magia. Ver o destino final de Grevchenko me causou fascínio e repulsa em igual medida.
O abraço do Mercador foi forte, intenso. Estava realmente com medo de me perder.
"Não tenho como agradecer por ter salvo a minha vida. Quer dizer, tenho sim." – Knuvthian me observou nos olhos, o rosto de um homem que muito já perdeu. – "Me chamam de Mercador da Morte. Mas foi você quem negociou a minha morte e agora preciso pagar."
"O senhor não precisa pagar nada, sr. Mercador..."
"Knuvthian para você. Não 'Knuv' – odeio abreviação do meu nome. Você conquistou esse direito. Vai ficar ao meu lado." – com as mãos nos meus ombros, Knuvthian me observa de cima a baixo. – "O que quer que tenham feito com você, parece bem melhor. Até mesmo ganhou algum peso."
'O que quer que tenham feito comigo'. De fato. Grande parte do que sou foi moldado naquele momento com N'zarith e fica impossível discorrer pela minha história sem antes saber.
Saciando sua curiosidade, irei contar as memórias que se passaram naqueles breves instantes na frente de Knuvthian. Memórias bem recentes, do dia anterior. O dia que marcou minha vida e minha alma.
Coberto nas vísceras de N'zarith cuspidas sobre mim, segurei o impulso de vômito apenas porque não havia mais nada em meu estômago. O vampiro se afastou e onde havia Grevchenko as várias pequenas criaturas se condensaram em uma fenda que se abriu mais e mais, minha mente pré-zerana aterrorizada pela primeira experiência sobrenatural que veria em minha vida. A primeira de muitas.
Hoje estou calejado, e é apenas isto que me permite relatar aquilo que por tanto tempo me assolou. E me deu forças.
Recapitulando: Grevchenko foi 'desplodido' – se é que tal termo existe - por criaturas dentro de sua alma, múltiplas garrinhas arrancando para dentro cada pedaço até ele inteiro ter sido devorado, restando somente sua alma. Que também foi devorada da mesma forma pelas criaturas agora visíveis – cada uma um amontoado de garras e espetos. Uma essência ficou no local, N'zarith engoliu isso, mastigou e cuspiu em mim uma bile pútrida de vísceras e sangue podre.
Tudo tremeluzia, o lugar inteiro sendo modificado pelo o que quer que estivesse chegando. As luzes perderam força, piscavam. As coisas pareciam se mover sozinhas, como se os próprios objetos tivessem medo. Como se as paredes chorassem sangue. As portas batiam sozinhas era puro terror puro medo e pânico.
Grevchenko não mais existia. Como se não bastasse a gosma nojenta sobre mim se movia por conta própria, arrastando-se por sobre mim até formar no leito a minha frente um ser grotesco. Enorme. Imenso. Parte dele escorria de mim parte da pequena fenda em pleno ar – feito um rasgo na realidade. Foi tomando forma – algo semi-humano, com uma imensa barriga que foi adicionando peso até o leito arriar no piso, parafusos saltando ferros entortando. Eu recuava em pânico e prantos até a parede e se pudesse a teria atravessado. Tenho certeza que até hoje aquela parede carrega os sulcos dos meus dedos.
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Monolito das Cinzas (Do Infinito Ao Zero, vol 1)
FantastikUm super na maior cidade do mundo. Corrupta e podre como nenhuma outra - explorada pela NonCorp, a empresa que deveria trazer o futuro. Sem história. Sua irmã tirou suas memórias a pedido dele próprio - e ele não se lembra mais o motivo. Perdido. En...