Traçados no amor

1.

"No passado nos enfrentamos, pelo destino nos reencontramos. No caminho que traçamos, não sabíamos o que estava nos esperando."

5 ANOS ANTES...
6:30 da manhã, Segunda-Feira.

Andando a caminho da escola, me pego pensando no quanto está cada dia mais cansativo ter que enfrentar a rotina escolar.

Pleno mês de testes, ando estudando como uma louca! Tudo bem que minhas notas não são tão ruins, mas quem me derá ter nascido prodígio como o Oliver.

- Oi, meninas! - cumprimento minhas amigas assim que chego.

- Oi! Hoje é dia de teste, está pronta? - pergunta Elisa, com sua expressão de desânimo.

- Pronta nunca estou, mas não tem pra onde fugir. - respondo conformada.

- Estudei o quanto eu podia! - diz Alexia.

- Eu também! - Lívia se inclui. - Mas, ainda sobrou um tempinho pra tirar minhas fotografias!

- O projeto da Lívia está ficando bom! - Elisa comenta, animada pelo desenvolvimento da amiga.

- Vai dar tudo certo, se Deus quiser, semana que vem tiro dez nessa tarefa!

Ela estava confiante, e eu torço junto.

- Ei ei, olha só quem chegou! - ouço uma voz familiar se aproximando, me viro vendo Dante. - Levou bronca da mamãe ontem, pirralha?

- Você passou dos limites! Não devia ter feito aquilo! - respondo aborrecida.

- Sabe que não dou a mínima, contanto que eu te veja zangada, estou feliz! - ele ri e seus amigos acompanham.

- Deixa de ser estúpido! - retruco ríspida.- Vamos, meninas, já já toca o sinal. - saímos do pátio, indo em direção ao corredor da nossa sala.

Dante é um garoto problemático. Mesmo em seus 17 anos de idade, quase finalizando o ensino médio, ele não adquire nem um pingo de maturidade ou evolução no próprio comportamento.

Tudo começou no fundamental, eu estava na 5° série, ele na 7°. Eu não sei pelo que ele era motivado a ter certas atitudes, porque pelo que sabia, ele tinha uma boa relação familiar em casa. Dante é filho único, nunca teve irmãos até onde eu sei.

Eu sempre fui muito quieta em sala de aula, um pouco tímida, isso não mudou até os dias atuais. Depois de um tempo, as meninas notaram e comentaram comigo, que ele me observava maioria das vezes durante os intervalos. Dante sempre foi muito bonito! Inclusive, pelo seu comportamento ele era notado por muitas meninas.

Eu, a partir daquele momento, passei a alimentar na minha cabeça que ele poderia ter visto algo interessante em mim. Grande erro! Depois de 2 meses, tentei contato por meio de uma cartinha romântica. Ele foi extremamente insensível, respondeu minha carta cara a cara comigo, em meio a outras turmas durante uma excursão escolar.

Eu me lembro de ter me sentido muito acuada, envergonhada e principalmente uma idiota. Como pude pensar tal coisa? Minha autoestima nunca foi muito boa, então eu enxergava as coisas em mim de uma forma não muito saudável. Desde então, ele me persegue e me enche a paciência.

Entre tantos confrontos, havia um bullying exagerado da parte dele e dos amigos. Meu irmão acabava tomando conhecimento de certas situações mesmo estudando em um turno diferente, sendo do ensino médio na época. Com tudo isso, Oliver tomou minhas dores e passou a confrontar Dante sempre que tinha oportunidade. As coisas nunca acabavam muito bem, mas nunca houve brigas físicas.

E olha só a onde estamos agora: pleno 2015 e ele não mudou. As vezes duvido que um dia isso chegue a acontecer.

- O que ele fez dessa vez? - perguntou Elisa.

- Eu estava na biblioteca ontem depois da escola e avisei minha mãe. Ele passou um trote pra ela, dizendo que eu havia mentido e que estava na casa de um garoto.

- Esse menino tem sérios problemas! - Elisa parecia aborrecida por mim.- Sua mãe acreditou?

- De início, mas depois ficou tudo bem. Oliver ficou nervoso, porque já previa quem tinha feito isso.

- Ele vai vir hoje? - perguntou Lívia, toda animada. Ela tem uma queda pelo meu irmão.

- Não, amiga. - ri ao ver que ela desanimou na hora. - Não vou deixar ele se estressar com essas coisas, já não basta os assuntos que ele tem da faculdade.

- Tem razão, mas seria legal ver mais uma situação onde ele põe Dante em seu devido lugar! - Alexia sorriu, como se estivesse imaginando a cena.

- Certo! - ri. - É 6:55, melhor irem para suas turmas. Nos vemos no intervalo. - Disse pra Alexia e Lívia. Elas são de salas diferentes.

- Verdade. - assim, o primeiro sinal toca.- O segundo vai tocar logo! - Elisa conclui.

As meninas foram para a sala e nos sentamos em dupla. Logo a aula começaria.

Continua...