14:30 da tarde.
Dante havia nos contado em detalhes o que estávamos ansiando pra saber. Eles estavam dispostos ao acordo, o que pra mim pareceu rápido até demais, pensei que levariam mais tempo pra ceder.
Mas, as informações passadas consistiam em um bairro onde se localizavam, pelo menos, 5 dos galpões onde eles se reuniam ou já se reuniram para falar sobre seus planos. Papai acredita fortemente que eles podem estar prevendo nossos próximos passos, apesar de terem errado tanto durante todas as tentativas de me tirar do caminho.Sobre a suspeita de Dante contra o Hugo, nem ele soube me explicar os fundamentos disso. Mas, me disse que sentia que algo estava errado.
Eu entendo, por um lado não devemos ignorar nossa intuição, mas eu não conseguia acreditar que Hugo pudesse ter relação com tudo isso. Confesso que o carinho que existe pela nossa história pode ter seu papel na minha incapacidade de ver essa maldade, mas eu escolho acreditar que ele é o homem bom que eu conheci e com quem me relacionei.- No que está pensando? -Dante pergunta, mas concentrado na direção.
- Em tudo isso.
- Está sendo perturbador demais, não é?
- Sem dúvida. Angustiante também. Eu queria que tudo estivesse sendo diferente agora.
- Eu compartilho desse desejo. O que acha que estaríamos fazendo se as coisas não estivessem assim?
- Provavelmente, eu estaria em casa estudando ou desenvolvendo algum projeto da faculdade, enquanto você estaria mofando na cadeira da sala de pesquisas da DPV, jogando LoL escondido do meu pai, pra que a hora passasse mais rápido, já que ultimamente os crimes estão um pouco escassos.
- Está falando sério? - ele ri.- Acha mesmo que é entediante assim?
- As vezes deve ser, não? - ri junto.
- Dificilmente! Os crimes em Vancouver não estão tão escassos, os menos graves também são considerados crimes, não esqueça.
- Mas, não é a mesma emoção pegar um cara roubando balinha numa mercearia comparado a você em perseguição com um carro saindo em disparada depois de roubar um banco.
- Balinhas na mercearia? - ele gargalha dessa vez.- Que visão você tem da polícia de Vancouver? Nosso tempo não é desperdiçado assim.
- Não quis dizer isso. É só que... bom, eu sei que vocês fazem um ótimo trabalho, não se preocupe.
- Certo. Mas, a parte do LoL? Eu tenho cara de quem joga LoL? - ele fingiu uma expressão de leve indignação.
- Não! -ri- Eu estava tirando uma com a sua cara. Mas, LoL não é ruim.
- Você já jogou? Não tem cara de quem é chegada nesses jogos.
- Joguei uma vez pra ver como era, mas apenas isso.
Nossa conversa logo foi interrompida pelo céu trovejando. Iria chover e ainda não estávamos nem mesmo perto de uma pousada. A verdade é que dirigir na chuva sempre me pareceu muito arriscado, mesmo confiando que Dante é bom no volante.
Alexia que estava dormindo despertou e o restante da viagem foi resumida em música, conversas aleatórias e até mesmo assuntos sobre o nosso caso.Meu pai ligou avisando da situação de Lívia e nada mudou. Lucas não saía do lado dela e ela permanecia estável.
Não deveria ser assim, ela não podia estar nessa situação, ninguém merece passar por isso. O pior de tudo é o sentimento de culpa me perseguindo e insistindo em me ferir. É difícil não pensar por esse lado, aliás se não fosse pelo risco que eu corro, nenhuma delas estaria envolvida. Estaríamos estudando agora, preocupadas com as dificuldades de enfrentar a faculdade. Mal tínhamos real noção que haviam coisas piores pra se preocupar e agora até sinto falta da nossa rotina antiga.A noite surgiu e estávamos em busca de um local para pousar. Precisamos dormir um pouco mais cedo, já que sairiamos durante a madrugada novamente pra seguir viagem. Não queriamos prolongar, afinal quanto menos tempo na estrada, mais próximos estaremos da segurança.
9:30 da manhã, Sexta-feira.
HUGO
Cheguei em um de nossos galpões para acertar tudo com um de meus homens que iria comigo para Toronto. Eu estava decidido.
Como eu previa, Dante é mais esperto e Helena, óbvio, iria na onda dele pela confiança que passa. Me decepcionou, mas não tinha como evitar. Eu realmente estou ocupando esse papel de cara mau agora e é necessário, pelo menos por um tempo.O que mais me preocupa é que se ele desconfia de mim, ou ele já sabe o que aconteceu graças aqueles dois ou não passa de uma desconfiança baseada em intuição. Sendo a segunda opção, ainda teria tempo para arrumar uma forma de evitar que eles cheguem até nós. Meu trabalho é não permitir que eles descubram a cabeça por trás disso tudo.
- Nós iremos nesse fim de semana?
Quem eu esperava chega interrompendo meus pemsmentos.
- Chegou no horário. Mas, sim, é isso. Achei melhor deixar passar uns dias. Vou reservar um lugar para podermos passar as noites e já combinei com um grupo que mandarei na frente para nos encontrarmos lá.
- E qual é o plano?
- Vou trazê-la de volta comigo mesmo que seja a força. Não posso deixar que ela passe tanto tempo sozinha com aquele policial imbecil.
- E já sabe como iremos fazer isso?
- Sim, mas iremos discutir sobre quando estivermos lá. Ainda tenho detalhes pra pensar.
- Certo!
O dispensei depois de acertar o que precisava e logo peguei o carro para dar uma passada em frente a DPV, que parecia tranquila e já haviam me informado que no hospital nada tinha acontecido.
Eu compartilhava do mesmo anseio dela, que vive me dizendo o quanto precisamos agilizar as coisas. O plano pra finalizar tudo estava em suas mãos. Se eu estiver certo e aqueles dois abriram a boca, estávamos correndo sérios riscos e sobraria para eu resolver.
Deveria ter arrumado uma forma de apagar aqueles idiotas lá dentro mesmo. Mas, não importa mais... nunca houve outra saída a não ser fazer com que isso dê certo.

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Traçados no amor
Roman d'amourDepois de anos escolares meio conturbados, em meio a fase jovem adulta dois ex colegas de colégio, Dante e Helena, se reencontram. Entre acontecimentos inesperados descobrem ao decorrer do tempo no que certas mudanças são capazes de resultar, mas ta...