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23:30 da noite.

HELENA

Abri lentamente meus olhos, despertando num silêncio estranho. Quando olhei pela janela só se via chuviscos, significando que aquele temporal tinha passado. Do meu lado Dante dormia como um bebê, eu acabei dormindo deitada em seu peito.

O observando por alguns minutos, eu lembrava de tudo o que ocorreu há algumas horas atrás. Foi tudo tão surreal, eu nem mesmo acredito até agora. Beija-lo foi como desacorrentar desejos e sentimentos que eu achei que não podiam ser libertos.

Voltei a deitar em seu aconchego, eu podia sentir seu cheiro... o mesmo de sempre. O leve toque amadeirado impregnado e sentindo sua pele agora, a temperatura corporal se torna a combinação perfeita com a fragrância. Que belo souvenir pra se guardar.

Ele era mais do que um porto seguro, meu coração claramente o reconhecia como muito mais do que eu podia enxergar agora.
Meus pensamentos são interrompidos quando ouço uma batida na porta de entrada. Foi forte, já que se podia ouvir daqui de cima. Como eu estava despida, peguei um robe no meu quarto e desci as escadas. Pensei ser o pessoal, que devem ter esquecido a chave.

Mas, quando abri a porta fui surpreendida com uma mão tampando fortemente minha boca. Estavam todos de capuz e com a escuridão da casa não dava pra ver nada do rosto deles.

Sem pensar muito mais, chutei com o joelho o saco do que me segurava, logo torcendo seu braço direito, o virando e o afastando com um forte chute, consequentemente derrubando outro.
Peguei um bastão que se encontrava num espaço ao lado da porta. No total eram 7 rapazes, incluindo os dois já caídos no chão.

- Trabalham pra ele, não é?! - pergunto, já sabendo do que se tratava.

Sem me responder, um deles vem pra cima na tentativa de me pegar. O acerto com tudo na cabeça usando o bastão, visando o outro que vinha atrás e o acertando na barriga com meu pé.

Quando percebi vinham três de uma vez, não consegui acertar todos com a mesma força. Não vendo outra saída, gritei pelo Dante, largando o bastão e correndo em direção a escada com toda energia que me restava até sentir um uma força me puxando pra trás e um pano sendo pressionado com precisão, tampando minha boca junto ao meu nariz. Me contorcia, mas minha vista foi ficando turva e em segundos eu desmaiei.

DANTE

Acordei de repente pensando ter escutado algo, porém estava tudo quieto. Mas, olhei para o meu lado e Helena não estava comigo. Foi um grito!

Saí as pressa da cama e desci encontrando a porta aberta. Não, não, não!!! Eu senti meu coração acelerar de um milésimo para outro. Olhei pro chão e havia um bastão jogado, peguei quando ouvi barulho de carro, mas era o Peter chegando.

- Que cara é essa? - ele pergunta, enquanto saíam do carro, mas sem resposta, ele começa a se preocupar.- Dante, o que houve?

- Levaram ela... - eu olhava para o chão fixamente, sem coragem de levantar a  cabeça.

Ninguém entendeu de início, exceto Peter. Mas, a ficha caiu segundos depois e as meninas entraram em casa desesperadas.

- Como assim levaram ela? Você não estava cuidando da segurança dela? - Alexia pergunta, já alterada.

Eu nem sequer sabia o que dizer, me via em choque sem acreditar no que estava acontecendo.

- Responde, Dante! - Elisa reforça.

- Calma, gente! - Peter interfere.- O que aconteceu, cara? Precisa nos contar tudo.

- Eu... eu não sei. Nós tínhamos subido pro quarto, estávamos... - pausei antes de continuar, olhando para eles.- estávamos deitados e dormimos. Quando acordei, ela não estava do meu lado, desci e encontrei a porta escancarada e esse bastão jogado.

- Seu sono é tão pesado assim pra não escutar nada? - dava pra notar a fúria de Elisa na forma como falava.

- Eu estava cansado, o sono pesou.

- Cansado de quê, Dante?! Vocês sequer treinaram hoje!

- Nós dormimos juntos! - respondi também alterado com a pressão dela e todo o nervosismo do momento.

Todos me olhavam um pouco confusos até entender o que eu realmente quis dizer.

- Oh meu Deus. - Alexia diz, sem muita reação.

- Ok...- Peter volta a falar.- Isso não é o mais importante agora. Sabemos que ela foi levada, vamos providenciar reforços e avisar o pai dela.

- Mas, espera gente... - William pede e todos param antes de começar.- Quem sabia que estávamos aqui além de mim, Lucas e ele?

- Ninguém sabia além de nós, nem mesmo os policiais. - respondo.

- Então... já sabem, não é? Só há uma resposta pra isso.

- Alguém nos traiu.

Solto a suspeita, passando a mão na cabeça e todos ficamos em silêncio nos entreolhando. Mas, não podíamos ficar parados. Tratamos logo de arrumar as coisas e esperar todos chegarem pra começar a operação de resgate. Eu estava pirando, mas tentando ao máximo manter o controle. Foram informações vindo muito rápido, batendo com força e eu só pensava que nem tive a chance de tentar protege-la. Me sinto extremamente péssimo.


Mas, isso não ficará assim.

Traçados no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora