19:00 da noite, Domingo.
ELISA
Eu estava saindo da Universidade arrumando minha bolsa. O que faço aqui em um Domingo é bem simples: eles abrem em alguns finais de semana pro uso da biblioteca e sala de informática. Lívia e eu precisávamos revisar algumas coisas relacionadas as aulas.
Cheguei no portão vendo William me esperando. Ele nem tinha me avisado que viria.- Ei! O que faz aqui? - nos cumprimentamos com um beijo.
- Estou saindo dos treinos mais cedo, vou aproveitar e te buscar a partir de agora.
- Mas, não precisa. O Lucas sempre vem.
- Sim, eu avisei pra ele que ficaria encarregado de te levar em segurança pra casa. Assim passamos mais tempo juntos também!
- Hmmm, gosto da ideia! - sorri para ele que sorriu de volta.- A Lívia vai sair mais tarde, ela ficou na biblioteca cuidando de umas coisas.
- Será que o Lucas sabe?
- Sim, ela conversou com ele essa tarde por mensagens.
- Ah, então tudo bem. Vamos?
- Vamos!
Antes de irmos pra casa, resolvemos encostar numa lanchonete e comer um lanche. Ele me contou as novidades relacionadas aos jogos e que logo teria outro campeonato.
Perguntei se ele sabia como iam as investigações e ele disse que falou pouco com os meninos nesse período. Lucas havia dito mesmo que estavam ocupados.- Você ficou sabendo? - ele toma um gole de refrigerante.
- Do que?
- Vão levar a Helena pra fora de Vancouver.
- O que?! - me pego surpresa.- Como assim? Quem te contou?
- O Lucas. Quando fui falar com ele sobre você, a gente conversou e ele me disse. Mas, ela não sabe e nem pode ficar sabendo.
- Por que não? Ela tem o direito!
- Porque ela não vai concordar logo de cara. Você conhecendo ela deve saber disso melhor do que eu. Te contei porque sei que posso confiar, e porque vocês irão também.
- Ela é um pouco teimosa as vezes. - concordo.- É que ela se preocupa muito comigo e as meninas, com a família, e não quer ficar longe.
- Vocês não têm se falado muito, não é?
- Não. Mas, mesmo a gente não se vendo tanto agora, ela manda mensagem uma vez ou outra pra saber como vão as coisas.
- Eu nem imagino como fica a cabeça de vocês.
- Uma loucura, pode ter certeza.
Depois de conversarmos, pagamos a conta e ele me levou em casa. Mandei mensagem pra Lívia e tratei de tomar um banho pra descansar.
LÍVIA
Eu estava terminando as tarefas da biblioteca quando Lucas avisou que estava vindo. Fui à cafeteria logo em frente a universidade para pegar um café.
Atravessando a rua fui surpreendida com barulho de tiros. Me abaixei a onde podia mesmo sem entender nada e virei vendo Lucas do outro lado da calçada. A menos de um metro de mim haviam dois homens atrás de um carro, um deles era quem estava trocando tiros com Lucas. Ele me avistou e seu olhar transmitia determinação.- Lívia, corre! Sai daí agora!
Eu me sentia perdida por não entender direito a situação. Mas, foquei no que ele me pediu e quando estava prestes a correr fui pêga por um deles.
- Eu vou levar ela! - ele fica a vista me apontando uma arma.
- Não! Deixa ela ir e podemos negociar. - ele tenta manter a calma.- Mas, solta ela.
- Você acha que eu sou o quê? Idiota, porra? Agora abaixa essa arma e me deixa passar.
Lucas estava relutante. Ele me olhava tentando me passar segurança, mas era uma situação onde segurança era o que eu menos podia sentir por mais que ele tentasse.
- Está tudo bem, Lucas. Abaixa a arma.
Eu podia sentir meu corpo tremer com a intensidade do medo, mal sentia minhas pernas.
- Não, eu não posso!
- Pode, sim. Ou então alguém vai sair ferido! Eu sei que você vai dar um jeito.
Ele me olhou com sua respiração falhando. Olhou para o cara e depois para o outro que segurava uma arma apontada pra sua direção. Então, abaixou a dele.
- É isso. Eu vou entrar no carro e eu não quero um movimento seu ou então ele vai atirar.
Lucas mostra suas mãos em gesto de rendição. Sua arma que estava no chão foi logo tomada pelo outro e devagar eu fui levada ao carro e jogada no banco de trás junto ao rapaz que entrou as pressas em seguida.
Sentada no banco de trás com uma arma apontada pra minha cabeça, eu só conseguia pensar se morreria alí ou seria poupada. Logo sinto o carro acelerar saindo do local pra instantes depois ouvir o motorista gritar.- O desgraçado está nos seguindo. ATIRA, RILKE!
Era o Lucas atrás de nós! Ao ouvir os barulhos de tiro me encolhi e tapei os ouvidos, orando em silêncio.
LUCAS
- Aqui é o Lucas! - falo através do rádio.- Preciso de reforços. Estou em perseguição com um Chevrolet S10 preto, placa CAN-3049.
"DPV na escuta. Diga a localização, estamos mandando viaturas"
- Todas as viaturas à caminho da avenida Granville. Atenção: cuidado ao atirar, uma estudante está sendo feita de refém dentro do carro.
Coloco o rádio de volta e piso no acelerador tentando desviar das direções em que ele atirava. Alguns minutos chegando em Granville viaturas invadiram a avenida. Não importa o que houvesse, eu não iria deixar que levassem ela.
As pessoas corriam para as calçadas ao perceber o barulho de nossos carros. Meu pneu pegava a cada desviada fazendo soar alto o barulho da borracha. Até que entramos em uma rua de pouca iluminação, com menos espaço, onde as sirenes soavam mais alto.Acelerei conseguindo avançar e ficar lado a lado com o carro que logo bateu na lateral do meu. Eu estava tão desesperado que nem mesmo notei que havia uma área interditada logo a frente.
Ao empurrar o carro, ele subiu por uma rampa de madeira, e em segundos voou por cima de um pequeno andaime. Freiei bruscamente vendo o deles despencar no chão e saltar para o lado sendo amassado em 4 capotes seguidos. Eu estava em completo choque, só sobrando o impulso de sair correndo até eles apressado, sentindo em meus pulmões fôlego somente para gritar seu nome.
- LÍVIA!
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Traçados no amor
RomanceDepois de anos escolares meio conturbados, em meio a fase jovem adulta dois ex colegas de colégio, Dante e Helena, se reencontram. Entre acontecimentos inesperados descobrem ao decorrer do tempo no que certas mudanças são capazes de resultar, mas ta...