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12:00 da tarde.

PETER

Fui até a cela daqueles dois busca-los para que fossem interrogados. A expressão que havia no rosto de cada um podia ser usada pra definir a minha vontade de encarar essa situação novamente. Não que eu não quisesse resolver logo esse caso, mas se trata de até a onde minha paciência chega.
Assim que eu os trouxe, sr. Vissale entrou na sala e sentou-se de frente pra eles. Ficaram se encarando por alguns segundos.

- Até quando vão manter esse silêncio?

- Até a morte, se for necessário. - respondeu Alejandro.

- Não entra em meu entendimento estarem tão dispostos a isso por alguém que nem sequer está cogitando resgatar vocês.

Dava pra notar que Diego estava pensativo. Desde a primeira conversa ele demonstrou incerteza nessa concordância entre os dois.

- Não vieram porque sabem que não abriremos a boca, e que vocês não farão nada até que falemos.

- Você vive em um mundo fantasioso. - Diego toma nossa atenção.- Será que não vê? Ninguém vai vir, estamos sozinhos.

- Claro que não. O que deu em você pra achar isso?

- Você sabe que ele não virá, está pouco se lixando pro que acontece ou deixa de acontecer com a gente. Acorde!

O silêncio pairou na sala enquanto Alejandro estranhava a atitude do irmão e o que havia escutado. Ele acreditava mesmo nisso?

- Você sempre o admirou desde que ele entrou pra essa merda toda. - Diego continua.- Eu nunca nem entendi o porquê, mas seja realista. Já passou da hora, somos nós por nós.

Desde que entrou? Pensando comigo mesmo, não pude deixar de me atentar a esse detalhe. Então, ele não é o cabeça de tudo desde o início.

- Então...? - Patrick aproveitou o rumo que a conversa estava tomando.

- Primeiro quero saber se o acordo ainda está de pé e como vai ser.

Ainda bem que a esperança é sempre a última a morrer. Já é um bom começo.

HELENA

Era inquietante esperar, ainda mais sabendo que só poderíamos vê-la daqui a dias e desacordada. Dante e Alexia não estavam diferentes, ele não parava sentado e ela toda hora checava o horário no celular. A tarde no hospital passou e foi resumida a isso.
Meu pai saiu com Peter depois do interrogatório e não havia voltado ainda. Eu nem mesmo sei no que deu, se eles finalmente conseguiram informações úteis ou se está tudo na mesma.
No momento eu estava em casa com Dante assistindo televisão. Mamãe disse que Oliver tinha ido com meu pai e ela ficou, estava no quarto descansando.

Enquanto eu assistia, em algum momento percebi que ele olhava o celular mais vezes que o normal.

- O que houve? - tomo a atenção dele.

- Nada. Assunto da polícia mesmo.

- Você anda um pouco estranho esses últimos dias.

- Estranho?

- Não sei, as vezes age diferente do habitual. Tem alguma coisa acontecendo?

Ele olha pro celular e depois pra televisão. Parecia tentar achar uma resposta.

- Meu Deus, desse jeito você me deixa aflita. O que tá rolando?

- Nada, não é nada. - ele responde em um tom mais ríspido.

- Qual é o seu problema?

Ele respira fundo.

- Arrume suas coisas.

- Como? - mesmo tendo entendido o que disse, não entendia o por quê.

- Arrume suas coisas. - ele repete, dessa vez olhando pra mim.- Vamos pra Toronto depois de amanhã.

O olhava sem entender nada. Como assim Toronto? O que havia lá?

- O que iremos fazer em Toronto?

- Proteger você. - ele responde seriamente.- Avise Alexia e Elisa, elas irão também.

- Não pode estar falando sério.

- Eu estou. - responde firme.

Ele se levanta, sem mais nem menos, atendendo o celular que acabara de tocar. Pude ouvir ele citar o nome do meu pai. Estavam planejando e escondendo isso o tempo todo

Traçados no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora