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7:30 da manhã, Segunda-feira.


DANTE

Amanhecemos com uma ligação de Patrick nos atualizando dos últimos acontecimentos. Em tão pouco tempo, coisas relevantes e inesperadas podem mesmo acontecer. Ontem a noite, pouco antes das 20h, Alejandro e Diego decidiram dar mais algumas das peças que faltavam nesse terrível quebra-cabeça e uma delas era a confirmação de que minha suspeita sobre Hugo estava correta.

Hugo sempre esteve a espreita de tudo e a presença dele entre nós, estando tão próximo, só facilitava ainda mais. O fato dele nunca ter mostrado a Helena para todos os envolvidos ainda era um mistério, mas não dos grandes, provavelmente ele queria manter isso na máxima discrição já que ele é tão obcecado. Mas, Helena ficou chocada com a notícia, deu para notar sua expressão de decepção.

Diego revelou onde poderíamos encontrar o corpo de Greg, também contou os próximos possíveis passos de Hugo para conseguir o que quer, o que nos dava uma certa vantagem e nos possibilitaria mais precaução. Mas, a má notícia depois disso é que os dois foram encontrados mortos dentro da cela. O mais óbvio é o suicídio, mas é algo totalmente sem sentido e aqui estávamos, no meio do café, discutindo sobre essa onda repentina.

- Não pode ter sido suicídio. - Peter diz depois de alguns segundos em silêncio.

- O que mais seria? Temos um sistema de segurança ótimo, é difícil cogitar assassinato. - respondo, deixando claro o óbvio.

- Você é mais esperto do que isso, Dante. Sabe que não tem o menor sentido.

- Muita coisa não tem. Olha para nós, mesmo depois de mais informações, ainda nos deparamos perdidos.

- E agora não temos mais nada. - William toma nossa atenção.- Eles estão mortos, onde conseguirão saber o que ainda falta?

- Não temos como. Eles eram nossa única fonte. - levanto, me sentindo levemente aborrecido.- Quando é que isso vai acabar?!

- Se acalma, cara, ficar nervoso não vai adiantar em nada. - Peter tenta me tranquilizar.

- Como não ficar nervoso? Está aí mais uma coisa pra qual não temos resposta. Helena está correndo perigo, correu esse tempo todo com esse desgraçado rondando entre a gente e ninguém conseguiu ver merda nenhuma. Nem mesmo eu!

- Calma, Dante. Eu estou bem. - Helena diz em baixo tom, dava pra notar que estava um pouco desnorteada com tudo.

- Está, mas e se ele tentasse algo contra você? Eu nem sei o que faria, seria capaz de mata-lo eu mesmo!

- Ele nunca faria isso, pois você estava comigo. - ela responde me pegando um pouco de surpresa.- Ele tem medo de você, fique tranquilo. Você nunca falhou no seu trabalho.

Notei que todos estavam quietos. Helena já não estava normal, sua ficou ficou embargada. Ela estava a ponto de chorar.

- Com licença, eu preciso ficar sozinha.

E ela saiu subindo as escadas para o quarto onde estava e todos nos entreolhamos.

- Não é só você que não se conforma, cara. Precisa ficar calmo, nós vamos dar um jeito. - Peter retoma a conversa.- Vai falar com a Helena, ela precisa de você.

- Eu já irei subir. Só preciso de uns minutos.

- Aproveitando esses minutos, então, me lembrei de algo importante.

- O que?

- Na última vez em que eles deram depoimento, sem ser essa, deixaram escapar que Hugo nem sempre esteve no comando.

- Como assim?

- Ele entrou em algum momento depois, provavelmente quando descobrimos sobre a organização. Eles devem estar a mais de 1 ano na ativa, não é como imaginávamos.

- A onde você quer chegar?

- Tem outra pessoa, Dante. - ele responde sério.- Hugo não é o cabeça de tudo!

- As perguntas que ficam depois disso é: como ele entrou? e se foi mesmo alguém que o colocou onde está, quem poderia ser?

- Precisamos investigar isso a partir de agora.

- Começaremos amanhã logo cedo. Vou subir pra ver como Helena está.

Saí da cozinha e subi direto para o quarto dela. Quando ela me permitiu entrar, me deparei com seu olhar desesperançoso. Os olhos vermelhos e a pele molhada entregavam seu choro de minutos atrás.
Não faço ideia de como pode estar sendo doloroso pra ela, mas tento imaginar. É muita coisa, uma atrás da outra, descendo sobre nós como terríveis avalanches. Se tem uma coisa que não posso fazer agora é deixa-la sozinha.

- Não sei se quero treinar hoje. - ela diz se virando para um lado da cama.

- Não vim para falar de treino. Como você está se sentindo? - me sento ao seu lado.

- Horrível. - ela suspira forte.- Eu devia ter escutado você. Eu nunca nem suspeitei dele.

- Você acreditou nele pela história de vocês. Não deveria se sentir culpada ou uma tola.

- Diz isso apenas para que eu possa me sentir melhor. Mas, adivinha? Não funcionou.

- Você é a mulher mais esperta que eu conheço. - ela me olha nos olhos.- Com certeza, te reencontrar foi um dos melhores acontecimentos.

Ela ficou em silêncio, me fitando como se não esperasse ouvir aquilo, mas não havia expressão de surpresa em seu rosto. O castanho de seus olhos estava levemente claro por conta do raio de sol que entrava pela janela e atravessava seu rosto. Nem o choro era capaz de tirar a beleza que existe nela.
Sinto sua mão quente tocar na minha buscando acolhimento. Segurei de volta na tentativa de transmitir a força que ela precisava naquele instante.

- Obrigada. Sem dúvida, sua entrada em minha vida também foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

Sorri para ela e pude receber um pequeno sorriso de retribuição. E aqui, nesse momento de fragilidade com nós dois a sós, eu me dou conta de que não posso perder-la de maneira alguma!

Traçados no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora