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00:30 da madrugada, Quarta-feira.

DANTE

Lucas havia chegado há 1 hora, e nada de Peter. Sr. Vissale havia comprado um café e uns donuts pra que pudéssemos comer enquanto esperávamos.

- Santo Deus, cadê esse menino? - ele pergunta, já impaciente.

- Estou aqui! - Peter responde aparecendo na porta do escritório nos surpreendendo. Mas, ele não estava sozinho.- E eu trouxe alguém que pode nos ajudar...

Era uma senhora, aparentava ter seus 80 anos, mas parecia bastante disposta.

- Sou avó do Gregory. - sua voz soava doce, em um tom baixo.

- Ah, pode se sentar aqui, Dona...? - Me levanto da cadeira oferecendo o lugar e dei uma pausa para que ela pudesse falar seu nome.

- Deisy, me chamo Deisy. Muito obrigada!

Ela agradece e se senta.

- Eu não achei o Greg, nem mesmo seus vizinhos sabiam dele. - Peter começa a explicar tudo.- Então, liguei pro Lucas pra poder falar com a Lívia, pra ver se eu conseguia mais alguma coisa. Ela me falou sobre a mãe dele, que a conheceu e me informou onde ela morava, mas quando cheguei encontrei a Sra. Deisy.

- Sim, sim. - ela confirma em seguida.- Como eu expliquei a este rapaz, minha filha veio a falecer em um acidente mês passado, e desde então somos apenas eu e Greg como família.

- Sinto muito pela sua perda! - Sr. Vissale oferece seus pêsames educadamente.- Mas, como pode nos ajudar?

- Bom, tudo começou há uns 3 meses atrás. Gregory sempre foi um menino tranquilo, tinha até conhecido essa moça chamada Lívia. Eu nunca a vi, mas minha filha falou dela pra mim. Um pouco antes de conhecê-la, ele tinha conseguido uns bicos nesta agência, mas ele nunca deu detalhes sobre isso.

- O que aconteceu com seu neto?

- Desde então ele tem começado a passar muito tempo fora de casa. Eu ía na casa dele pra visita-lo e ele dificilmente estava lá. Quando aparecia na minha, era uma rápida visita e olhe lá! Acho que os dias em que ele podia estar livre, ele passava com essa moça.

- Ele teve mais alguns comportamentos estranhos além da ausência?

- Sim, ele vivia sempre com pressa, as vezes eu tentava falar com ele e ele mal tinha paciência pra isso, era grosseiro. Colocava sempre essa agência no meio, trabalho aqui e alí, que estava ocupado com projetos. Ele nunca foi desrespeitoso comigo ou com a mãe antes. Mas, acho que a morte dela acabou agravando isso também.

- Projetos? - ele questiona, desconfiado.

- Sim, eu também achei estranho, até porque eram apenas bicos. Mas, eu nunca entendi bem sobre a área dele de trabalho. Então um dia, umas 3 semanas atrás, eu tinha uma chave reserva da casa dele e resolvi ir atrás de alguma coisa que me convencesse de que ele não estava envolvido em nada errado.

- E o que a senhora achou?

Ela mostra que havia trazido uma bolsa grande, onde ela mexia parecendo procurar alguma coisa. Olhei pra Peter que sinalizou para que eu apenas prestasse atenção.

- Aqui está.

Ela tirou uma pasta, onde haviam vários documentos dentro e colocou na mesa. Sr. Vissale pegou e a abriu.

- Meu neto tinha terminado com essa tal Lívia. Na verdade, ele dizia que não era sério, mas parecia gostar muito dela. Se afastou dela, de mim... Quando eu encontrei essas coisas, comecei a entender. Era tudo para nos proteger.

Ela tinha seus olhos inundados, que em um piscar as lágrimas escorreram.

- Vou buscar um copo de água pra senhora. - Lucas diz e sai do escritório.

- São arquivos de diversos funcionários, mas nada disso tem relação com a agência de moda em si. - ele diz, quase não acreditando no que via.- Temos todos os envolvidos aqui, são mais de 50 pessoas, isso tudo é prova!

- Quando encontrei esses documentos, mesmo não entendendo muito dessas coisas, ao ler eu já sabia. Mas, tratei de deixar no lugar onde achei e fui embora. Fiquei tão pensativa, nem consegui dormir a noite, preocupada pela vida dele. Um dia depois ele sumiu, não deixou recado, não deu notícias e até hoje ele está desaparecido.

- Por que não procurou a polícia, Dona Deisy? - pergunto com a mão em seu ombro.

- Eu estava confusa, sem saber o que fazer. Eu não queria entregar meu neto, mas também temia pela vida dele. E se eu entregasse tudo e quando soubessem, o matassem? Eu não fazia ideia de onde ele estava, tinha esperança dele voltar.

- Mas, então a senhora voltou lá e pegou esses documentos? - ele pergunta, depois de guardar de volta.

- Sim, depois de uma semana, resolvi pega-los e trazer comigo. Se eles o matassem e eu ficasse sabendo, entregaria tudo.

- O que fez a senhora mudar de ideia agora?

- Esse menino... - ela diz, olhando pra Peter com um sorriso gentil e ele retribuiu.- Conversando com ele, tudo clareou na minha cabeça. Meu neto pode estar vivo e entrega tudo isso pode ser uma chance de encontra-lo. Mesmo que ele vá preso, só de saber que ele estaria seguro depois, eu ficaria em paz.

- Nós faremos o possível pra achar seu neto com vida. Saiba que a senhora fez o certo entregando esses papéis, está sendo de grande colaboração pra nossa investigação.

- Não agradeça a mim, agradeça ao seu agente. Ele é um bom menino, talvez se não fosse por ele e tudo que me disse, eu nem estaria aqui falando com vocês.

- Imagina, Dona Deisy. - Peter se pronuncia com um sorriso gentil.- Saiba que estou aqui sempre que a senhora precisar de algo, não está sozinha. Iremos cuidar pra que nada aconteça com você também!

- Sim, com certeza! - Sr. Vissale.- Irei deixar dois homens patrulhando sua rua, pra que fique segura!

- Muito obrigada, delegado. Só gostaria de pedir, se possível, que um deles fosse o Peter...

- Oh Claro, posso providenciar!

Ela agradece e Lucas entra com um copo de água e um calmante. Mesmo que ela tentasse transparecer calma, suas mãos tremiam. Ela bebeu a água com o comprimido e logo Sr. Vissale pediu pra que Peter a levasse pra casa.

- E então, Sr.? - Pergunto, quando já estávamos só eu, ele e Lucas no escritório.

- Preciso pensar. Não podemos fazer nada sem raciocinar direito. Se formos atrás desses cúmplices agora, eles saberão e arrumarão uma forma de contornar a situação.

- Podemos ir averiguando os documentos e já adiantando as informações importantes! - sugiro.

- Sim, claro! - ele concorda.- É uma ótima ideia, levem essa pasta e comecem amanhã. É melhor descansarmos pra fazer tudo direito. Vocês já podem ir!

- Sim, senhor. - respondemos em uníssono e saímos do escritório.

Traçados no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora