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22:00 da noite, na mesma Terça-feira.

LUCAS

Eu não podia negar a minha ansiedade. Lívia estava quase terminando o trabalho, mas não havia nenhuma notícia de Peter. Ele disse que ía atrás e ligaria se conseguisse alguma coisa.

Assim que informei ele, avisei o Dante. Nesse momento ele deve ter deixado Helena em casa e ido pra DPV pra esperar Peter chegar. Se ele conseguir encontrar Greg, é pra lá que ele precisa ir.

- Eu terminei. - diz Lívia, me tirando de meus pensamentos.

- Achei que ía demorar mais um pouco.

- Não, na verdade, tiramos muitas fotos. O cliente está satisfeito com todas, agora preciso descansar e depois edito.

- Está bem cansada, né? - observo sua expressão um pouco caída.

- Demais! Por sorte, não tenho dever da faculdade pra fazer, posso dormir em paz. - ela guarda seu equipamento.- E aí, alguma notícia do Peter?

- Nenhuma! - respiro fundo.- Confesso que estou um pouco preocupado.

- Será que ele achou o Greg?

- Se achou, ele deve estar indo pro Departamento.

O celular toca assim que termino a frase, era ele.

- Oi, cara! Desculpa a demora. - diz do outro lado da linha assim que atendo.- Não achei ele.

- Eu estava preocupado já! Não conseguiu nada mesmo?

- Eu estou bem, fica tranquilo. Demorei porque aproveitei e fui averiguar com alguns vizinhos e nenhum deles tem um paradeiro.

- Ninguém tem, nem pra Lívia ele disse alguma coisa.

- Vai ser difícil achar esse cara! Bota no viva-voz pra eu falar com ela.

Ativo o alto falante pra que Lívia escutasse.

- Pronto.

- Lívia, está ouvindo? - ele pergunta.

- Estou, pode falar!

- Você chegou a conhecer algum parente dele? Foi à casa de algum deles?

- Como eu disse, apenas ficávamos, então não conheci a família toda dele. Mas, eu cheguei a conhecer a mãe, ela mora a duas ruas da casa dele.

- Lembra o n° da casa?

- Acho que é 340, na cor verde escuro, pequena, bem simples.

- Certo, estou indo lá checar. Lucas?

- Pode falar.

- Vai pra DPV. Eu irei depois e conversamos lá.

- Tudo bem! Se cuida, irmão.

- Você também, até mais!

- Espero que ele consiga alguma coisa! - diz ela, com as coisas já prontas em sua mochila.

- Esperamos! Está pronta pra ir?

- Estou, podemos ir embora.

- Certo, então!

HELENA

- Você vai ficar até que hora aí? - pergunto pra Dante, em ligação.

- Eu não sei, depende do tempo que Peter vai levar pra achar alguma coisa.

- Não teve notícia nenhuma?

- Antes de você ligar, ele me mandou mensagem dizendo que não achou nada, mas que ligaria pro Lucas e falaria com a Lívia pra ver se descobria mais alguma coisa.

- Isso tudo me deixa tão aflita...

- Eu imagino, todos nós estamos! Mas, você precisa se acalmar, tudo ficará bem.

- Eu sei, vou tentar... Você falou com meu pai?

- Sim, ele está na sala dele. Só sobrou nós dois aqui, Peter disse pra gente esperar.

- Você me liga assim que souber de algo? Meu pai nunca me fala nada.

- Pode deixar, eu aviso. Tenta descansar, amanhã você tem aula.

- Eu sei, e você precisa também. Energia é necessário pra cuidar de mim. - digo, tentando um tom descontraído.

- Eu sei bem disso. - ele solta uma leve risada.

- E a Elisa, você sabe se ela tá bem? Eu mandei mensagem, mas ela não visualizou ainda.

- Peter disse que não poderia levar ela pois precisava buscar a Maddy essa tarde. Mas, o Lucas levou, ela deve estar descansando.

- Certo... Eu vou tentar dormir.

- Isso, é melhor. Pode ficar tranquila que eu mando mensagem quando estiver em casa.

- Isso, mande mesmo. Se eu estiver dormindo, leio de manhã.

- Espero que durma bem, nos vemos logo!

- Espero que tenha um bom descanso também, até amanhã! Se cuida.

- Se cuida também! - ele se despede, num tom suave e encerra a ligação.

O melhor que posso fazer agora é isso: tentar descansar. É tão difícil passar por uma fase dessa!

Há um mês atrás estava tudo tão bem, tão estável. Eu pisco o olho e olha a situação! Meus pensamentos estavam sempre revezando entre faculdade, trabalho e futuro. E agora, além disso, tem a segurança. Eu não faço ideia de como tudo vai terminar, e mesmo estando ciente de que sempre foi assim, agora parece muito mais assustador.
Lembrar que não é só a minha vida que está em risco, mas as das pessoas a minha volta também, me deixa 3 vezes mais em alerta. Agora eu posso até entender, pelo menos um pouco, o que é estar no lugar do meu pai. Sua proteção duplicada, a preocupação, eu nem consigo imaginar como é lidar com isso por quase 20 anos.

Ele me ensinou tantas coisas, é até reconfortante pensar que ainda assim consigo me defender, e é graças a ele.

Espero que no fim disso tudo, todos estejamos vivos e bem.

Traçados no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora