Skyfall

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Lauren juntou as duas mãos na boca, assoprando um ar quente por entre elas. Seus pés corriam pela rua residencial, ultrapassando as casas de muros altíssimos. O sol não havia nascido, ela não se preocupava com o fato, sorria a adrenalina. O frio deixava os seus dedos das mãos aturados e pesados, já as pernas estavam aquecidas pela correria. Ela enfiou as mãos no bolso da blusa larga de frio e entrou na quadra K-3, onde estava localizada sua casa. Procurou não fazer muito barulho ao entrar, digitou a senha no painel do alarme, evitando que ele disparasse e acordasse a casa toda. Havia saído para uma caminhada sem avisar ninguém, Alexa estava dormindo, assim como Lali e o formoso bebê. Ela deixou o celular jogado por entre as almofadas, se sua amiga acordasse, com certeza o encontraria, uma vez que ela adorava sair puxando-as. Mania.

Lauren sorriu com a boca no braço, correndo até o hall. Lá, ela digitou um novo código do alarme, assim que a porta se abriu e ela entrou, tirou os sapatos, deixando no canto perto do cabideiro. Seu corpo implorava por um copo de água morna, talvez um chá, ela deixou para se decidir ao caminhar para a cozinha.

Atravessando a sala, a luz do abajur foi acesa com violência. Lauren sentiu medo. O coração chegou a acelerar. A imaginação trabalhou em parceria com o susto. Ela pensou em algum tipo de assombração, invasores... Mas, na verdade, era apenas Camila Cabello.

As duas se olharam. Camila levantou-se, seu rosto não demonstrava nada. Ela mantinha o olhar fundo, os lábios pressionados, como os de alguém revoltado. Lauren se perguntava o que poderia ser aquela surpresa um tanto estranha. Acalmando a respiração, Jauregui respirou fundo, aliviada e confusa, mas não recuperada do susto. Sentou-se por dois segundos no braço do sofá, de olho nela.

– Você chegou agora? – Perguntou, esfregando os pulsos, nervosa.

– Não. – Ela sorriu, caminhando pela sala, brincando com cada objeto. Estava calma pela cara que fazia. Lauren juntou as sobrancelhas. – Eu não cheguei agora. – Parou entre duas poltronas e uma luminária em forma de L. Os braços que brincavam com as coisas, foram parando ao lado de seu corpo. Ela usava jeans, suéter e botas ugg. Cruzando os braços, Camila encarou-a. – Estou aqui desde as três e meia. – Lauren esbugalhou os olhos, piscando com susto. – Tentei ligar para Alexa, tentei conversar com você, mas nada foi favorável. – Contornou as poltronas, acendendo a luz do outro abajur. Ao sentar-se, a luz iluminou seus cabelos. Eles estavam tão escuros quanto os seus olhos. – Peguei um voo sem escala, tudo isso bem cima da hora, ontem às sete e meia da noite.

Lauren via nela Erin. O jeito de falar, debochada, fria. Não se tratava de Camila, e sim de um personagem. Camila ainda não havia dado as caras, o que veio a deixar em alerta. Sem perguntas de sua parte, Lauren ficou quieta, olhando-a.

– Você deve estar se perguntando o porquê disso, não é mesmo? – Cruzou uma perna em cima da outra, entrelaçando os seus dedos. – Bem, bem, Lauren. – Endireitou a cabeça para olhá-la. – Eu vim por um motivo, mas... Chegando aqui, encontrei outro. – Virou de lado, procurando por algo no bolso de sua calça. Lauren trocou o braço do sofá por um dos estofados. Camila puxou o seu celular, jogando-o em cima da mesa. O seu coração estremeceu junto com o aparelho em contato com a madeira. – Com quem você esteve?

– Eu estive caminhando. – Contou, estranhando a própria voz. – O que você pensa que está fazendo? – Puxou o celular, verificando a tela trincada. – Viu o que fez?

– Você é milionária, pode conseguir até o dobro desta porcaria. – Alterou um pouco o tom, deixando Camila se aproximar aos poucos. Lauren sabia que ela estava no fundo daquela ''Camila.'' – Com quem esteve, Lauren?! Não irei perguntar pela terceira vez. Vi que marcava um encontro com alguém, um alguém que não tem nome, pelo o que eu identifiquei no seu celular, vocês tem conversado muito, não é? – Levantou-se. – Pode começar a dizer.

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