Culpas.

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– Mila, eu nunca tive a intenção de causar nenhum dano a Angie. – Katie estava com a voz balanceada, as mãos endureceram, aquela fora a pior sensação que já sentiu em toda a sua vida.

– Katie, eu sei! Ok? Eu sei! Não foi culpa sua. Isso poderia acontecer com um deslize meu ou de Lauren. – Sem ter tempo para dialogar, ela andou depressa até o quarto em busca da bolsa. Em seu colo, Angel chorava, agoniada. O medo fez com que as lágrimas de Camila secassem, sumissem. Ela estava endurecida de tanto nervosismo. Pendurando a bolsa no antebraço, ela voou até a sala, apanhou o celular e ligou para Lauren, mas a morena não atendia. Sua segunda tentativa foi o número de Alexa. A amiga de Lauren a atendeu e Camila contou todo o ocorrido. Alexa pediu que ela mantivesse a calma e levasse Angel para o Mount Sinai Hospital, uma vez que este estava mais próximo dos apartamentos das atrizes. Ela garantiu que estaria a caminho de lá.

– Eu levo vocês. – Katie se ofereceu. Apesar de Camila ter penhorado que o seu lapso não fora proposital, nada lhe arrancava o peso das costas, a cada minuto que se passava ela sentia-se mais culpada ainda. Camila mostrava-se desolada. A reação alérgica da pequena avançava com rapidez, os lábios começaram a ganhar um inchaço atemorizante, Camila não teve muito a pensar sobre Katie a levá-las, o que estava em jogo era o bem-estar de sua filha.

Os minutos iam se passando e o rosto de Angel modificando. O contorno em volta do olho direito estava mais proeminente, semelhando a picada de uma abelha. Na emergência do hospital, Angel fora examinada visualmente, os médicos pediam o histórico completo do que ela havia ingerido, mas o nervosismo travou a memória de Camila, tudo o que ela sabia fora o nome do agente da reação alérgica. A garganta de Angie ganhou um inchaço rebelde, levando a equipe a usar uma masca de oxigênio. Camila tremia horrores. Eles a acalmaram, uma vez que a pobre estava entrando em pânico. A criança recebeu medicações para aliviar os sintomas da alergia e do inchaço sob a pele do rosto. Os bracinhos ainda estavam avermelhados assim como os olhos deCamila. Katie tentou dizer-lhe uma coisa e outra, mas ela parecia estar longe dali. Angel conseguiu dormir para que os exames fossem realizados, ela ainda precisava da máscara para respirar, fato que levou as duas ao choro.

Enquanto aguardava notícias, Camila sentiu que sua alma fosse abandonar o seu corpo ao ver Lauren e Alexa adentrarem a sala de espera. O coração se sacudia dentro de seu peito, a pressão arterial despencava como se fosse um elevador sem controle. Ainda assim, Camila se manteve sentada. Lauren estava com os cabelos bagunçados, olhar desesperado. Ao bater os olhos em Katie, mudou de expressão completamente. Katie continuou sentada ao lado de Camila, amparando a olhada fatal que recebia, aliás, retrucava.

– Eu quero que você escute bem o que irei dizer. – Lauren parou na frente de Camila, apontando-a com o dedo. Camila alçou os olhos para ela, sabendo o que viria e como viria. Ela estava predisposta a escutar o que quer que fosse, desde que seu bebê estivesse bem. Sua saúde era a prioridade do momento. – Se eu souber que essa aí – Apontou Katie com uma jogada de cabeça. – Esteve perto da minha filha, se eu chegar a sonhar com isso, Camila, eu a arranco de você!

O peso daquelas palavras retorceu os ossos de Camila, fazendo-a tremular os lábios e olhos. Lauren estava muito nervosa, a forma de como ela a olhava. Aquela forma era cortante, sem emoção, empatia, apenas repugno, repulsão. A resposta de Camila foi o silêncio. Ela estava destruída demais para rebater, triste demais para explicar que o erro não havia acontecido por sua parte. Ela entendia de ponta a ponta a fúria que Lauren vinha a sentir, ela também era a mãe de Angel.

– Em primeiro lugar, Katie é o meu nome. – Ela ficou em pé. – Camila não teve nada a ver com o que aconteceu à Angel. Não a culpe e não seja grosseira com ela.

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