To infinity and beyond ?

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Daman levantou-se bem devagar, escorando as mãozinhas no sofá, passando correndo por Lauren, e ao chegar às pernas de Camila, suplicou:

– Embora! – Novas lágrimas despencavam por sua pequena face.

Camila estava em choque. Ela não conseguia formular uma frase, acalmar o garoto, nada. Ele segurou em suas mãos, repetindo que queria ir embora. Ao repará-lo, ela viu o medo escondido em seus olhinhos pretinhos. Daman usava um macacão vermelho, camisa polo e all star. Diferente das vestes simples que desfilava na Índia. Os cabelos estavam na altura dos ombros. Ele parecia ter esticado um pouco, pois estava na altura de sua cintura.

– Olá, Daman. – Camila conseguiu dizer, tocando-o nos braços. Ele só repetia a mesma frase, queria ir embora. – Certo, querido, não chore.

– Vem aqui. – Lauren passou Angel para Lali, aproximando-se do pequeno. O menino não permitiu que ela o tocasse. Em sua visão, Lauren era uma estranha que o tirou de sua casa.

– Lauren, o que está acontecendo?

– Eu não posso explicar agora, tenho de acalmá-lo. – Ela, mais uma vez, buscou se aproximar. Daman ia caminhando para longe, ainda chorando. Ele chorou por quase sete horas dentro do avião, só fez uma pausa ao cair no sono, exausto, mas ao abrir os olhos, o choro voltou. – Ei, vem aqui, meu amor.

– Não! – Ele era invencível. A criança fofa, curiosa e alegre havia desaparecido. Daman estava crescidinho, sabendo usar o poder do ''não''. Com seus quatro anos e seis meses, o garotinho demonstrava que não estava feliz por estar ali, ele chorava muito, recusava qualquer alimento e fazia as penúrias na roupa. Lauren optou por usar fralda nele, evitando ''acidentes''.

– Jesus! – Lauren se sentou no sofá, passando as mãos nos cabelos. Sua cabeça estava a ponto de explodir. Apenas o sono vencia o choro e as insistências de Daman. Ela já não sabia mais o que fazer.

– Vamos tomar uma água com a tia, vem, gracinha. – Alexa conseguiu segurar na mão dele, levando-o com calma até a cozinha. Camila fez um sinal para Lali, e ela saiu.

– Por que você o trouxe? – Ela queria entender.

– Eu o adotei! – Lauren disse aquilo com gosto. – Daman KaurJauregui é meu filho.

Camila sentiu um soco no estômago.

– O quê? Desde quando? – Ela achou que devesse se sentar, mas escolheu um assento bem longe dela.

– Dei início ao pedido de adoção na época em que você foi para a Espanha.

– Nossa... – Camila ainda estava em choque. Ela não conseguia assimilar tudo, mas sentia-se feliz pelo garoto. Lauren achou que fosse irritá-la com a revelação, o que não veio a calhar. Daman chorava. Chorava... O choro bailava pelo enorme casarão feito música.

– Achou que eu esperaria a sua boa vontade? Ele sempre foi o meu filho.

– Vai começar a me atacar a troco de nada? Eu nunca disse que não poderíamos adotá-lo, apenas abdiquei a ideia no começo, você sabia o quão difícil era pra mim. – Levantou-se. – Estou feliz por você ter insistido e adotado ele.

– Que gratidão. Obrigada. – Ironizava. – Mas ele é meu filho. Não me venha ditar as regras, ele seguirá os meus ensinamentos. Daman não é Angel.

– Você bateu com a cabeça? Meu intuito não é lhe ditar as regras para a criação do menino, eu só queria uma explicação. O vi chorar e pedir para ir embora, não podia ajudá-lo sem entender o que se passava.

– Você não vai ajudá-lo. Ele é o meu filho, não é nada seu.

Camila sorriu.

– Você está sendo uma completa idiota. Não pretendo prejudicar a sua relação com seu filho, mas me parte o coração vê-lo chorar de angústia. – Ela pausou as mãos na cintura, pensativa. – Espero que ele se acostume aqui, com a sua vida, com a riqueza, sugiro que-

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