Armistício.

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Lauren se manteve presente até o momento em que Naomi cruzou o estacionamento com o carro, saindo do edifício. Como queria caminhar, ela resolveu seguir até o final do enfileiramento de veículos que a levaria até à porta com acesso as escadas. Ela teria obtido sucesso se não tivesse freado os passos ao ver Camila sentada em cima de algumas sacolas, completamente chorosa. Lauren ficou a olhando por alguns instantes, assustada e muito preocupada. Ligando os fatos, chegou à conclusão de que ela estava daquele jeito por pegá-la dando um rápido beijo em Naomi.

– Levante daí, Camila. – O olhar macabro que ela lhe lançou, deixou-lhe muito comovida. Não restavam dúvidas, ela a pegou no pulo.

– Vejam se não é a senhorita heterossexual

 – Ela esvoaçou a voz de propósito, rindo ao mesmo tempo em que derrubava mais lágrimas.

– Você se supera a cada dia! – Camila deixou de chorar e levantou, apoiando os braços no carro.

– Você caiu? – Lauren apostava alto naquilo, mas só buscava a confirmação.

– Como se a resposta fosse te importar. – Ela deu um grito que ecoou por todo o estacionamento.

– Não grite comigo! – Pediu, mantendo-se calma. – Se quer conversar comigo, estarei aguardando-a lá em cima.

– Conversar com você? – Camila deu um berro em forma de risada, puxando os embrulhos do chão. – Não há mais nada para conversarmos. Eu quero é que você se dane... Se lasque! Você e sua falsa sexualidade.

– Você não sabe o que fala Camila. – Em resposta, ouviu um grunhido. – Eu podia jurar que você já havia me superado com Katie.

– Não fale nela! Você não tem o direito. – Vociferou com frieza. Lauren congelou-a com os olhos. Camila viu algo estranho naquele maldito olhar, embora estivesse moída de raiva, de surpresa, ela odiou receber aquela analisada.

– Nem tudo é o que parece ser.

– Não? Você acabou de beijar aquela mulher! – Fez escarcéu, sacudindo as sacolas.

– Grite mais alto! Vamos lá! – A incentivou com toda a adrenalina correndo em suas veias. – Grite o quanto você quiser. Nós – apontou-as – não temos mais nada. Não lhe darei explicações, não lhe contarei os meus motivos de fazer o que estou fazendo, porque eu sou dona da minha própria vida. Não se remoa por ver-me beijar outra mulher que não seja você. Se não puder se ir contra isso, supere. Eu não superei o fato de vê-la comer outra em nosso ambiente de trabalho? Dói pensar nisso, mas é algo que eu já consegui exceder, não esquecer. Eu te aconselho a fazer o mesmo com o que viu e com o que verá.

– Posso ser sincera? – Manteve um pouco de calma. – Eu me arrependo tanto de ter me deixado chegar até aqui. O sofrimento me consome, eu não sou mais feliz. Você fez um ótimo serviço para que isso tivesse êxito.

– Então, eu, Lauren, sou a culpada por você ser infeliz?

– Posso dizer que sim. É notável o seu divertimento ao ver-me sofrer, é como se estivesse repondo o seu sofrimento por cima do meu.

– Não nego que tenho um enorme prazer ao vê-la colhendo o que plantou, mas eu não estou fazendo isso para dar o troco em você. – Respondeu, pensativa, triste. – Quando você sair daqui e chegar em seu apartamento, ligará para Katie. Não se importará comigo, não que eu almeje isso, mas este é o ponto: Você é hipócrita. É como se me ditasse: Eu posso, você não.

– Isso é absurdo!

– Absurdo Camila? Oh... Faça-me o favor. – riu, surpreendida. – Eu estou exausta de tanto discutir com você. Isso nos faz tanto mal, desgasta. – Aos olhos de Camila ela estava no limite. – Coloque em sua cabeça de uma vez por todas: Nós não temos mais nada. Não é assim que você pensa quando não está na minha presença? Continue levando a sua vida, o seu relacionamento. – Dizia. – Esqueça o que você viu aqui.

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