One loved.

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Depois de alguns minutos que mais pareceram horas, Lauren regressou para o quarto em que Camila ocupava. Ela estava com o aspecto confuso, mas seguro. A primeira coisa que ela fez foi desviar a atenção da conversa com a avó e Clara, para analisar o semblante de Lauren. Jauregui engoliu a vontade de lacrimejar, respirou pausadamente e se aproximou da barra da cama.

– Por que você sumiu?

– Não, eu não sumi. – Ela disse e beijou o alto da testa da noiva. – Recebi a ligação de Lucy. Você a conhece; sabe o quanto ela gosta de conversação. – Raspou a garganta. – O médico esteve aqui, certo?

– Sim! – Camila se sentou de lado até que pudesse descer da cama. – Ele me explicou algumas referências. E me pediu muita calma, não posso me estressar. – Esclarecia. – Você assinou os exames?

Lauren havia esquecido, mas não diria nada. E, além do mais, era fácil de resolver a pendência. Com um meio aceno, ela fez Camila sorrir.

– Vou mudar de roupa.

– Precisa de ajuda?

Ela negou, devagar. Lauren então se largou em uma cadeira próxima de Mercedes. Seus olhos pesados acompanharam Camila até o banheiro do quarto, e assim que a porta se fechou, ela esfregou os cabelos, atrapalhando-os. Seu ato entregou-lhe para as mulheres mais velhas.

– O que você não disse a ela, pode dizer a nós, querida.

– O farei na hora exata, mamãe. – Ela disse aquilo com pesar. Naquele mesmo instante uma enfermeira entrou e solicitou a presença de Lauren no consultório de Daniel, pois ambos haviam se esquecido de assinar os exames. Roboticamente, ela seguiu a mulher, calada, abstrata.

– Eu expliquei tudo à Camila. – Ele articulava, apontando o lugar para Jauregui assinar. – Eu tenho a certeza de que ela vai aceitar bem a síndrome do bebê.

Lauren optou por não contrapor. Diante do silêncio, o médico explicou e mostrou as imagens do ultrassom do filho. Apontou os detalhes importantes, como, por exemplo, o do exame de transluscência nucal, era tão notória a diferença para com os demais ultrassons. Enquanto conversavam, Camila se infiltrou no consultório, pegando ambos de surpresa. O médico amenizou o clima, explicando a visita constante ao hospital que Cabello teria que se submeter dali para frente, tudo para acompanhar a saúde do coraçãozinho do bebê.

Situada com as últimas informações, Camila conseguiu agradecer à avó que segurou em seu braço até o estacionamento. Lauren estava bem quieta, fato que incomodou Cabello. No interior do veículo, Lauren ligou a chave na ignição, ainda trancafiada em seu mundo.

– Vamos, me conte o que está te incomodando... – Camila deslizou a mão pelo ventre, movendo-a até a maçã do rosto de Jauregui. A morena deu um sorriso leve, diferente de como estava por dentro. Camila então emendou: – Está preocupada com o bebê?! Eu sei Lauren, mas tenho certeza de que tudo ficará bem. Não é nada mais preocupante.

Jauregui encontrou o olhar da mãe através do retrovisor, desviando imediatamente. Com o veículo em movimento, ela deu um beijo rápido no pulso de Camila, desejando que ela evitasse falar no assunto. Ainda estava assustada, não tinha conhecimento profundo sobre a síndrome do filho, era algo conhecido de vista, apenas. Nada familiar, ainda. O pavor que a rondava era tanto, que Lauren quase bateu o veículo em um caminhão de lixo. Notando a falha, ela logo verificou se a companheira estava bem. Camila obtinha os olhos bem apavorados pelo susto, esfregava o meio do peito, desaprovando a falta de atenção da morena.

– Você quer que eu dirija?

– Meu amor... – Lauren estacionou o carro em uma vaga em frente a um café, tirou o cinto e abraçou Camila, deixando um enorme ponto de interrogação na testa dela. – Eu estou aqui. Desculpe-me. – Sufocava a outra com seu abraço exagerado. Camila ficou corada, da cor de uma maçã, olhando sogra e avó por cima dos braços de Lauren.

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