44 - Calafrio

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Mariana

Dias depois.

Esses dias que passaram foram até que, tranquilos, a fazenda dos meus avós me trazem uma paz extraordinária e foi aqui que eu fiquei nesses últimos dias, sem redes sociais ou qualquer meio de comunicação que pudesse me fazer perder o equilíbrio.

Nesse tempo não falei com o Henrique e sequer tive notícias dele, só dei satisfação pra minha mãe mesmo, eu sabia que ela se encaminharia de avisar aos outros que eu estava bem e no off.

Ainda é difícil ao acordar eu não o ver, não sentir o cheiro dele por perto, e eu sei que preciso seguir em frente, mas com a gravidez e com os hormônios a mil, eu ainda choro me lembrando dos nossos momentos juntos.

E parece até que o Matteo sente quando penso nele porque ele fica todo agitado e nesses últimos dias tem se mexido mais que o normal, o que tem me causado muitas dores.

22 de dezembro, 2022.

Hoje é meu último dia aqui na fazenda com meus avós, então acordei cedinho pra aproveitar o dia ao lado deles, amanhã tenho a última consulta com a minha médica em Goiânia.

Após comer, e eu tenho feito isso demais nesses últimos dias, me sentei na varanda junto com meu vô.

— E aí, Vô. - ele sorriu.

— Tem certeza que tem que ir hoje? Fica mais uns dias. - eu sorri pra ele.

— Ah, vô eu preciso ir na consulta ver se está tudo bem com seu bisneto e também final de ano é uma correria, você sabe. - eles são meus avós por parte de pai, e era sempre assim, quando eu vinha pra cá não queriam que eu fosse embora.

— Tá certo, tá certo. E o pai bonitão dele, vem quando pra cá? - ele falou rindo, sempre chamou o Henrique de bonitão e foi a segunda vez que tocou no nome dele de todos os dias que estou aqui.

— Ah, e..eu não sei, ele está trabalhando muito, final de ano né vô - falei breve, queria encerrar rápido o assunto.

— Então tá, traz ele aqui da próxima vez. - dei um sorrisinho sem graça pra ele e ele só não percebeu pois, olhava pra frente.

Ele voltou a me fazer outras perguntas sobre a minha profissão e minha vó se juntou a nós. [...]

Meu pai não demorou muito e da fazenda até a casa dele daria em média uns 40 minutos, mas se tornou uma eternidade desde que ele ligou o som e só tocou Henrique e  Juliano.

"Os nossos corpos se completam mesmo estando longe
Em pensamento eu vou te buscar
Dá calafrio, um arrepio ao lembrar seu cheiro
Pela porta do quarto entrar
Sinto um silêncio e um vazio, bate o desespero
Não vejo a hora de você voltar..."

E assim eu fui torturada escutando a voz do pai do meu filho até chegar, finalmente, na casa dos meus pais.

[...]

Acordei com meu celular vibrando incansavelmente.

Estranhei.

Primeiro, eu fui ver as mensagens das pessoas mais próximas a mim e não tinha muita coisa, só perguntas se eu estava bem‽

Entrei no Instagram porque eu sei que aqui a coisa fica boa, ou não. A questão em si é que eu não entendi o burburinho de hoje, até ver alguns vídeos.

O vídeo é do Henrique em uma festa universitária, no meio da galera, bebendo litros e se divertindo muito. Mas não tinha só esse, tinha outros  vídeos, de muitos ângulos diferentes e até uns que me deu ânsia de ver mulheres penduradas em seu pescoço e o sorriso dele na orelha. Pelo visto, ele adorou.

Vida. | Ricelly Henrique Onde histórias criam vida. Descubra agora