34 - "Dias de lutas e glórias" II

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Mariana

Meu sábado foi resumido em vomitar, comer, vomitar e dormir.

Como dormi a tarde toda na madrugada fiquei conversando com a Moh, por um bom tempo, até ela me mandar a notícia que tirou meus pés do chão.

Eu sei que tinha que manter a calma, mas quem se mantém calma quando tem sua vida invadida de tal forma.

Como que descobriram isso? Meu Deus. Contamos apenas para os íntimos, quem seria capaz de divulgar isso?

A Doutora Érica me mandou mensagem depois de alguns minutos, pedindo desculpa e dizendo que não fazia idéia de como aquilo aconteceu e entraria com providências pra saber quem vazou a notícia. Agradeci a preocupação dela, mas meu celular travou em segundos com as outras mensagens.

Respirei fundo.

Era pra ser o nosso momento, mas foi estragado por uma pessoa que noção não tem nenhuma!

Deveria ser crime compartilhar tal informação sem o consentimento dos envolvidos.

Eu fiquei muito nervosa, minha cabeça começou a doer, sai do meu quarto e fui até a cozinha pra tomar água.

Mas porra, aquele cheiro da pizza na cozinha me fez dar ânsia, corri pro banheiro e vomitei a água e mais um pouco.

Meu coração estava acelerado.

Tentei respirar fundo, mas aquele cheiro continuava no meu nariz e meu estômago pulsava querendo por pra fora o que não tinha, só pode!

Consegui sentar no sofá e controlar minha respiração, mas em alguns minutos senti uma dor de cólica muito forte.

Meu Deus, meu bebê.

Esse foi meu único pensamento.

Consegui chamar o Edu e ele apareceu rápido junto com a Carol...

— Você tá sangrando - o desespero em sua face me fez perceber que o sangue escorria por minhas pernas.

— Vou pegar uma roupa pra ela e vamos agora pro hospital - minha amiga disse desesperada

Com a coragem olhei pra baixo e pude ver, o meu shorts branco machado de vermelho.

Não.

Meu Deus, não.

O meu bebê.

Comecei a chorar sem parar e sem ter noção do que acontecia ao meu redor.

Em alguns minutos sentia a velocidade do carro e minha barriga doer menos, mas a dor leve permanecia, porém em meu coração a dor era bem mais forte.

Eu estava aérea, então só notei que estava no hospital quando a luz clara do ambiente me despertou.

A Carol estava ao meu lado, entramos no hospital, fui atendida rapidamente e minutos depois já entrei na sala do médico.

Dr. William.

— Grávida de quando tempo?

— 9 semanas e 5 dias - Carol o respondeu porque a minha voz nem saia

— Vamos fazer uma ultrassom pra sabermos o que ocorreu - o médico falou

O medo de olhar pra tela era grande, mas logo ouvi o melhor som do mundo.

Os batimentos cardíacos eram rápidos o que me aliviou de certa forma.

— Bom, como vocês viram o bebê se encontra bem e saudável, porém tem um acúmulo de sangue entre o saco gestacional e a parede onde ele estaria fixado no útero é o que chamamos de deslocamento do saco gestacional, esse acúmulo de sangue é o que causa o deslocamento e pode prejudicar o avanço da gravidez e isso pode ser causado por uma questão hormonal, por impactos emocionais e estresse, o deslocamento pode ser uma condição grave, que pode levar a um abortamento, mas no seu caso Mariana esse acúmulo de sangue não é tão grande. - ele explicou e eu ouvi tudo atentamente.

Vida. | Ricelly Henrique Onde histórias criam vida. Descubra agora