49 - Matteo

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Mariana

23 de janeiro, 2023.

Há exatamente 6 dias atrás eu completei 38 semanas de gravidez e desde lá não consegui mais dormir direito, por causa de toda ansiedade envolvendo a chegada do meu neném.

Já estava acordada a um tempo sentindo um incômodo enorme, olhei meu celular e ainda marcava 3:00 da manhã. Me levantei sentindo vontade de fazer xixi e foi eu ficar de pé pra sentir um líquido escorrendo por minhas pernas.

A minha bolsa estourou.

Eu custei a acreditar e fiquei paralisada pensando se não estava sonhando, e não, acendi a luz do quarto e comecei a chamar o Henrique.

— Ricelly, Henrique - passei a mão em seus cabelos, ele dormia tranquilamente e nem se mexia.
— Amor, acorda. - comecei a cutucar ele, pra ver se acordava logo.

— Oi, amor, que foi? - ele me olhou com a carinha de sono preocupado e se sentou na cama.

— A bolsa estourou, o Matteo vai nascer, preciso da sua ajuda pra tomar um banho.

— Estourou? Tipo agora? Meu Deus amor, vou pegar a chave pra irmos pro hospital, é vou ligar pra minha mãe. - ele ficou desesperado e super agitado.

— Amor, se acalma, me ajuda primeiro, eu não sei quanto tempo vai demorar pra eu começar a sentir dor. - me arrependi de ter falado isso, no mesmo instante senti algumas pontadas e lembrando do que minha doula tinha falado, fiquei calma e respirei fundo, porque o Henrique estava pior que eu.

Ele me ajudou no banho, a me trocar e a todo momento se mostrava preocupado, pegou nossas coisas e me ajudou a descer as escadas.

— Amor, agora você pode avisar seus pais, a Moh e o Ju e aí nós vamos pro hospital, eles avisam os outros... Aaaii. - senti uma pontada mais forte e o Henrique me abraçou de lado, e foi engraçado depois que a contração passou todos os trejeitos dele era de quem estava sentindo dores igual eu.

Chegamos no hospital e minhas dores se intensificaram, a equipe médica que escolhemos já estavam chegando e a enfermeira fez o exame do toque pra saber minha dilatação, eu já estava chegando em 5 cm, a dor vinha de 10 em 10 minutos e a cada contração eu via estrelas.

Henrique não soltou minha mão por nenhum momento se quer, com o passar do tempo as dores só iam aumentando, entrei na banheira e a água morna amenizava um pouco da dor, mas não me absteve de ficar me mexendo de um lado pro outro tentando achar alguma posição confortável, como se fosse possível.

Minha mãe conseguiu chegar a tempo e ela também me deu o maior apoio se revezando com o Henrique pra ficar do meu lado, eu perdi a noção do tempo mas pela carinha deles de cansados já havia se passado muitas horas.

E mesmo sentindo a maior dor da minha vida tudo fazia sentido porque eu estava confiante de passar por tudo isso, pra trazer meu filho ao mundo.

— Amor, o médico tá vindo pra realizar a cardiotocografia pra ver como o Matteo está. - Henrique falou beijando minha testa e começou mais uma massagem nos meus ombros.

A médica realizou o exame que serve pra monitorar os batimentos cardíacos do bebê e a oxigenação, pra que não ocorra um sofrimento fetal, é eu sabia de cor e salteado, li muito sobre tudo que poderia acontecer.

— Olha só mamãe, está tudo bem, mas vamos continuar monitorando por aqui, você já está com 8 cm de dilatação e logo o Matteo chega. - um alívio me percorreu, uma notícia boa em meio a dor.

A minha respiração não ajudava muito, a cada contração eu gritava e isso de alguma forma tirava um pouco do foco da dor, mas era algo momentâneo, junto com a contração a dor voltava.

Vida. | Ricelly Henrique Onde histórias criam vida. Descubra agora