47 - Vida

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Mariana

Esse foi o vôo mais longo que já fiz em toda minha vida, eu fiquei inquieta pra chegar logo e ver como o Henrique estava, Mohana foi certeira quando disse pra eu vir pra terra prometida.

Assim que descemos do avião os tios estavam a nossa espera e isso já foi o suficiente pra eu começar a chorar. Abracei os dois apertado recebendo aconchego e sem precisar dizer nenhuma palavra esse abraço é o que precisamos no momento.

— É muito bom te ver aqui Mari. - tia Maria falou sorrindo com os olhos cheios de lágrimas.

Nós fomos em direção a casa e foi rapidinho, eles foram me contando como foi que receberam a notícia e como estão lidando com tudo nesses dias.

— Como os remédios são muito fortes ele tem dormido bastante, logo ele acorda. - a tia falou indo comigo até onde ele está.

E não consegui conter minhas lágrimas ao ver ele em uma cama todo machucado, alguns aranhões no rosto, no peitoral descoberto e nos braços muitos roxos e algumas esfoliações cobertas com curativos, me aproximei da cama dele e segurei em sua mão, chorei mais um pouco me controlando, mas é impossível não se desesperar vendo ele nessa situação.

Só de imaginar que eu poderia ter perdido ele meu corpo entra em colapso com essa possibilidade, fiquei fazendo um carinho leve por sua mão com a certeza que a melhor decisão que tive foi vir ver ele.

— Mari, se acalma, vamos. - a tia falou me abraçando de lado vendo que entrei em uma crise de choro.

— Ele podia ter morrido tia. - falei entre soluços.

— Deus o protegeu meu amor, bebe essa água pra se acalmar. - em meio as lágrimas bebi a água com açúcar que ela me deu e fui tentando ficar calma.

Ela me guiou até sua casa e ficou abraçada em mim, até minha crise de choro passar, a Moh e as Marias se juntaram a gente e como criança sempre muda o ambiente, pra melhor, ficamos conversando sobre o Matteo e maternidade.

— Sabe Mari, depois que ele acordou no hospital, ele chamou por você muito, pedia pra gente cuidar de você e do Matteo. - a tia Maria começou a falar depois que a Moh saiu com as meninas.

— Sério? Meu Deus, não consigo imaginar como vocês sofreram.

— Agora já passou, graças a Deus o maior susto passou.

— Então agora você já deve saber de tudo sobre eu e o Henrique? - falei me sentando ao seu lado.

— Sim. O Henrique sempre foi impulsivo e muito mandão, entendo seu lado. Mas eu fico muito triste por vocês não ficarem juntos e não é só por causa de família e status e sim porque eu sei que você sempre foi o melhor pra vida dele, quando eu te conheci eu vi que você tinha uma coisa especial e você trouxe equilíbrio pro Henrique, mas quando você se foi, a vida dele virou um verdadeiro caos. Eu desconheci o filho que criei, ele perdeu o brilho do olhar e se dedicou somente a seguir a carreira dele, que deu certo, mas por dentro o Henrique sempre esteve apagado e ele só voltou a brilhar quando vocês se reencontraram.

— Eu não sei nem o que dizer tia.

— Não precisa dizer nada Mari, só me escuta. - ela sorriu com os olhos marejados.
— Você como mãe vai entender que só queremos o melhor para os nossos filhos e você meu bem, é a melhor parte do Henrique, como eu já falei, você é o equilíbrio dele. Eu sempre pedi a Deus que colocassem vocês outra vez no caminho um do outro, pra que vocês tivessem outra chance de viver o amor e serem felizes, juntos. E isso aconteceu, não é? Vocês vão até ter um filho. - ela sorriu deixando as lágrimas caírem, assim como eu.

Vida. | Ricelly Henrique Onde histórias criam vida. Descubra agora