45 - Rancorosa

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Henrique

23 de dezembro, 2022.

"Hoje eu acordei com uma vontade de mandar um texto do tamanho do mundo, mas eu não mandei.
Escrevi e apaguei, escrevi e apaguei, eu nem sei quantas vezes o meu dedo foi no enviar, eu desviei..."

Mariana e seu poder de me transformar num completo covarde, sim um covarde assumido, diante das suas atitudes que me fazem tremer na base por medo de perdê-la.

Hoje temos show em Floripa, o último do ano e enquanto espero a hora pra ir ao local do show, fico refletindo sobre como a falta dela influência em tudo, sem ela meus dias são turbulentos e sem sentido, e nesses dias que passamos longe eu senti na pele como dói não tê-la por perto.

Hoje mesmo ela teve consulta e eu fiquei feito um bobo esperando pra receber pelo menos uma mensagem me contando como meu filho está, e o que eu recebi? Nada.
E assim tem sido desde que ela foi pra Goiânia.

Mas uma notificação sua fez minha raiva subir. Uma publicação no Instagram.

Naquela foto ela está tão linda, radiante e uma gostosa, como essa mulher tem o poder de mexer comigo com apenas uma foto?

Mas a raiva que me deu foi perceber que ela deve estar saindo, e o pior de tudo, sem mim.

Peguei um cigarro e comecei a ligar pra ela, uma, duas, três e nada dela me atender.

Os minutos foram passando e logo meu irmão me chamou, disse que estava na hora e então eu desisti de ligar.

[...]

Começamos a entrevista e hoje tinha muita gente por aqui, mais que o normal, Juliano respondeu sobre nosso novo projeto e o entrevistador me encarou mais uma vez.

—- Henrique e o filhão nasce quando?

— Ah cara, mês que vem ele já está conosco. - sorri sincero, falar do meu filho é algo que me deixa entusiasmado.

—- E o Henrique tá na pista? - estranhei a pergunta mas ri levanto na esportiva.

— Não, eu estou noivo.

— Fala isso não moço, o homem é um bobo apaixonado. - Juliano falou rindo, chamando nossa atenção.

—- É que a sua noiva, deu entrevista agora pouco e pelo que ela disse vocês estão separados.

Se não tivesse uma parede para eu me escorar, com certeza teria caído.

— Deve ter tudo um mal entendido, estamos juntos sim. - respondi depois do Juliano me cutucar.

Depois dessa pergunta, eu que me perguntei, onde e porque a Mariana daria alguma entrevista falando sobre nós.

—- E sobre a festa universitária que você marcou presença, tava bem a vontade lá?

— Aquilo lá foi só zoeira, eu fiquei pouco tempo e logo já fui embora, meu irmão aí pode confirmar. - respondi tentando disfarçar o incomodo.

— Então é isso, tá tudo bem e agora nós temos que partir pro show que uma galera massa nos aguarda. Vem com a gente ? - agradeci mentalmente meu irmão por ter me tirado dessa.

Eu até tentei pegar meu celular e ir ver da onde isso surgiu, mas o show do Henrique e Juliano começaria em 5 minutos e eu não poderia me atrasar...

Peguei uma cerveja pra me refrescar, o show foi intenso, meu irmão fez graça comigo o tempo todo por causa daquela pergunta.

— É maninho eu te avisei que cê ia sair perdendo nessa brincadeira com a Mari. - revirei os olhos.
— Minha cunhada não sabe brincar pra perder, ela só sabe ganhar. E não deu outra 1000 pra ela e 1 pra você. - ele gargalhou da minha cara.

Vida. | Ricelly Henrique Onde histórias criam vida. Descubra agora