12 - Impasse

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Mariana

Estava brincando com a Maria Antônia, sim esse foi um dos meios que achei pra me distrair, crianças são especiais e super inocentes e ela me faz tão bem. Que criança não faz?

E além disso eu estou sentindo falta de crianças.
Deus, uma semana e alguns dias sem atender e eu já estou assim. Olhei pra Mohana que passou pela porta do quarto rápido e me olhou sorrindo

— O Henrique está lá na casa dele sozinho, o Ju acabou de voltar de lá, Aproveita - eu olhei pra ela com uma sobrancelha levantada
— Vai logooo - ela disse e pegou a Maria Antônia

O que fazer? Eu fiquei parada e não me movi.

Mariana? Acorda. Uma parte de mim gritava e implorava pra que eu fosse nem que seja brigar mais com ele. A outra me dizia que eu preciso fazer alguma coisa.

Conversar né Mariana, não brigar.

Melhor me arrepender de ter feito muito do que não ter feito nada.

— E cadê meus pais? - eu perguntei só pra enrolar mesmo

— Sério que cê tá preocupada com isso, mas eles saíram junto com meus sogros, a porta de vidro da frente fica sempre aberta, só abrir não precisa bater - ela falou e eu supus que é da casa do Henrique, bem de quem mais seria Mariana.

Me levantei e sai do quartinho, desci as escadas e sai da casa da Moh, andei ali e era bem pertinho. Cheguei na casa do Henrique, passei pela garagem e fui indo até essa tal porta que a Moh falou. A empurrei e bem, tomei coragem pra entrar.

Ele estava de costas pra porta e cantando uma música tocando violão que nem percebeu minha presença

— "Eu juro, nunca mais olho na sua cara o problema é que eu beijo de olho fechado
Oh, raiva
Prometo que sua cama e eu não faz negócio mas, seu corpo e o meu sempre entra em acordo
Oh, ódio"

Nossa a letra é forte. E essa voz dele? Ao vivo melhor ainda. Mas eu não vim aqui pra escutar ele cantar então soltei a porta a fechando e ela travou fazendo um barulho e ele virou em minha direção e se assustou comigo ali.

Claro, da onde que você imaginou que ele ia te esperar? Minha voz chata na mente dizia.
— Mari? Tudo bem? - ele levantou e veio em minha direção, roupa casual, cabelo bagunçado.... Foco.

— É tudo e você? - ele se aproximou me dando um beijo na bochecha e o perfume dele invadiu minhas narinas
— Melhor agora - eu sorri de canto pela piadinha mas eu estava muito nervosa

— Entra, fica a vontade, senta aqui comigo - ele foi andando até o sofá onde estava, eu o acompanhei e nos sentamos e ficou uma distância que caberia duas pessoas entre nós.

—  Acho que a gente precisa conversar né? - eu disse receosa pelo que vou ouvir

— Claro, precisamos sim - ele respondeu e um silêncio chato se formou.

Meu Deus reage Mariana.

— Você está bem em relação aquelas matérias que saíram do casamento falando de nós? - ele quebrou o silêncio me despertando

— Sim, estou de boa e eu nem estou lendo - eu dei de ombros.

Nosso olhar se encontrou, o nosso olhar, eu pisquei algumas vezes querendo parar de olha-lo mas é meio difícil quando se está a frente dos únicos olhos que você quer ver.

Dois corações parecidos procurando a todo custo se entender, mas não conseguem.
Se amam, mas se afastam.
Se querem, se desejam, mas não se tocam.
Se olham, se separam e voltam a se encontrar.
O que pretendem? Quão felizes são?

Vida. | Ricelly Henrique Onde histórias criam vida. Descubra agora