ELLE ESTAVA FURIOSA COM OS PAIS desde o feriado de Saint George's Day e continuaria furiosa pelo resto da semana, ou da vida, se fosse possível.
Quando os pais da garota chegaram, mais tarde naquela mesma noite, Elle se despede rapidamente de Tao e depois corre na direção dos pais, nervosa; estava preocupada com Charlie, e Nick, e com tudo o que havia descoberto sobre a família Argent.
A sua mãe foi a primeira a entender os seus pensamentos, lendo-os intimamente como se fossem os seus: — Agora não, Elle!
— Caçadores de criaturas sobrenaturais! SOBRENATURAIS! Isso é algum tipo de brincadeira?! — gritou.
— Fale baixo, querida — pediu o pai, retirando o seu casaco e jogando-o sobre a poltrona da sala, erguendo as mãos para acalmar Elle — Não queremos que mais alguém descubra.
— E o que foi que vocês fizeram? Onde estavam? Caçando aquela... aquela coisa?
— Isso não deveria ser do seu interesse. Você ainda é muito nova para isso! Deveria estar no seu quarto, na sua cama, como pedimos — disse a mãe de Elle, desprendendo o cabelo do coque.
— Não é assim que as coisas funcionam, mamãe — retrucou a garota, enfurecida. Como puderam fazer isso com ela? Guardar tantos segredos debaixo do seu nariz!
A mãe de Elle sorriu, fechando os olhos: — Está certo. Não deveria ter pedido, deveria ter ordenado!
— Mariam, querida...
— ELA É MUITO NOVA! E... E não contar para você o que nós fazemos foi uma maneira de protegê-la, você acreditando em nós ou não!
Elle cruzou os braços.
— Por que está tão furiosa? — perguntou a mãe, curiosa.
— O colar. A loja. Os livros e documentos em latim. É, eu os traduzi — disse ela, articulando bem cada palavra — Então, as mentiras, as noites sem dormir enquanto me preocupava com vocês... Chamam isso de proteção?
— Há uma criatura muito, mas muito perigosa solta pela cidade. Fato — começou o seu pai — O que fizemos não foi certo, outro fato, mas não queremos que se envolva nisso. Esse... Esse é o nosso trabalho, não o seu.
Elle sorriu: — Eu sou uma Argent, não sou?
— Então, aja como tal, Elle Argent. Seja cuidadosa — retrucou a mãe.
A garota não estava contente com a revelação dos pais, nem um pouco. Mas aceitou que esta era a sua mais nova realidade; agora, todos aqueles episódios enevoados e vergonhosos do passado faziam sentido; como quando os pais saíam de festas de aniversário sem explicação, deixando Elle sob os cuidados dos Spring, ou a mãe de Tao.
A vida de Elle nunca fora normal, para ser sincero.
Agora, ela sabia de toda a verdade.
E havia o Nick Nelson.
— Eu sei do lobisomem — disse ela, um pouco distante, observando os pais conversando baixinho — Podemos... Podemos parar com o fingimento?
— A situação está sob controle. Acreditamos que ele esteja ferido, o que nos garante uma boa oportunidade de caçá-lo e encontrá-lo — comentou a sua mãe — Se quer ajudar, permaneça com os documentos e livros. Prometemos contar toda a verdade, seu pai e eu, mas agora...
— Eu sei toda a verdade, mãe... e pai.
Os dois adultos se entreolharam.
— Sempre detestei armas. Nunca fui fã da nossa coleção de balas de prata, ou seja lá o que for, mas... Tive a companhia dos meus livros por mais tempo do que a companhia dos meus pais. Isso faz algum sentido para vocês? — a garota sorriu, segurando a imensa vontade de chorar. Mas ela não faria isso.
— Elle, estás chateada e nós entendemos...
— Desapontada — corrigiu a garota — Porque não valeu a pena. E falharam.
O pai dela franziu o cenho: — Do que está falando?
— O que mais você sabe, Elle? — perguntou a sua mãe, vindo em sua direção, nervosa. A campainha toca, espantando os três.
Elle permanece ali, parada. Os seus pais adotam uma postura de vigilância. Ela quase não os reconhece.
— Cuide dela — pede a mãe.
O pai assente. A esposa saca um facão da perna, de um compartimento escondido na sua bota, indo na direção da porta. Elle está tão enjoada disso tudo. Pouco importa quem está do lado de fora...
De repente, sem demora, a porta é esmurrada com violência. O pai de Elle dá um pulo e agarra a filha, afastando-a da entrada da sala; a mãe dela retorna com mais alguém, sendo arrastado pelos braços, as mãos todas ensanguentadas.
— Só pode ser brincadeira — Elle revirou os olhos, quando percebeu quem era — É você?
Era Ben. E estava ferido. Muito ferido.
— Acônito — foi a última coisa que o garoto conseguiu gemer antes de desmaiar. Agora, a sua família estava cuidando de um lobisomem. Tudo o que Elle conseguia pensar naquele momento era "Mas que p...?!".
VOCÊ ESTÁ LENDO
Unstoppable: A "Heartstopper" Tale
FanfictionCharles Spring e Nicholas Nelson estão na mesma escola, mas nunca se conheceram... até ao dia em que são obrigados a sentar-se lado a lado. Eles rapidamente se tornam amigos, e Charlie começa a apaixonar-se por Nick, embora ache que não tenha qualqu...