O DAVID NELSON TRABALHAVA AJUDANDO com serviços comunitários na universidade.
É de se causar uma certa estranheza, visto que David nunca foi uma pessoa de causas muito nobres, tampouco de importar-se com os outros, mas talvez os seus motivos não fossem mesmo os esperados de alguém que se propõe a essa tarefa; talvez fosse para conquistar alguma garota, e destruir o seu coração nas semanas seguintes, como sempre fazia.
Seu irmão mais novo, Nick, desprezava-o.
A sua relação com a sua mãe Sarah também não era a das melhores; a sua relação com o pai era quase inexistente, um dos motivos pelos quais Nick culpava o pai por David ser um inconsequente.
Na universidade, David não precisava fingir, nem tentava, ser uma boa pessoa.
Certa noite, ele vinha caminhando de um dos dormitórios do campus até o seu, provavelmente escondido, quando avistou uma pessoa cambalear por ali, gemendo. O rapaz não poderia se importar menos. Passou reto e, mais tarde, já na cama, enfiou o rosto no travesseiro e dormiu; a manhã seguinte seria um novo dia de conquistas. Naquela altura já havia perdido a conta de quantas festas havia participado, de quantas aulas, quantos encontros e quantas fugas do seu dormitório havia realizado. Estava na mira da direção, portanto precisava daqueles malditos trabalhos que lhe ofereciam créditos morais.
O dia seguinte fora exaustivo. Não houve fuga. Mas a mesma pessoa da noite anterior rondava o campus. David fez menção de averiguar a situação, ou chamar a segurança do campus, mas não o fez. Ignorou a situação por completo novamente.
Mais tarde, no dormitório, ligou para Nick. Este não o atendeu.
Decidiu então ligar para a mãe, que estava de prontidão: — Então você vem para casa, filho?
Discutiram sobre a semana de folga da universidade, mas David não fez questão de voltar para casa. Poderia transar bastante se ficasse por ali, o que não seria negativo, caso não estivesse procurando por sossego.
— Ainda não decidi.
— Ah. Tudo bem, filho.
— E o meu irmão?
— Está aqui, quer que eu...
— Não! — David levanta da cama — Quer dizer, não quero incomodar.
— Oh, não seja tolo. Ele está brinc... Nick, é o seu irmão...!
— Mãe, depois falamos. Está bem? Beijos.
E encerrou a ligação.
Não queria saber do irmão, nem do pai, nem de pessoa alguma. Estava exausto.
David Nelson despedia-se de mais uma semana fazendo o que mais detestava: apenas sendo ele mesmo.
Seus dias eram vazios. E, internamente, sentia falta do pai.
Numa ligação, deixou um recado:
— Oi, pai... Então, ér... Então, semana que vem é o meu aniversário... Queria saber se eu posso — David corrigiu o tom de voz — Gostaria de ir à Paris. Quem sabe eu não o encontro, para conversar. É isso. Tchau!
Em seu ponto de vista, a garota com quem andava se encontrando às escondidas na madrugada era aceitável. No seu mundinho, nada poderia preencher o vazio em seu peito, exceto ele mesmo. Portanto, fazia coisas que julgava serem úteis.
Mais próximo do seu aniversário, aproveitou o máximo de convites que recebera e saiu com os amigos. Bebia a noite toda, terminava beijando quantas garotas quisesse, e sempre encontrava com a mesma pessoa no caminho para o dormitório.
Um velhote.
Odiava aquele velhote. Odiava a sensação de assisti-lo sempre por ali. E odiava os pensamentos que invadiam a sua mente:
— Eu nunca permitirei que isso aconteça comigo — Resmungava, bêbado.
Certo dia, quando retornava do serviço, lembrou-se do velhote que vivia pelo campus; como a segurança não o expulsava era um mistério, estava sempre sob as sombras.
Lá estava ele, de cabeça baixa, os olhos fechados, e a boca fazendo um movimento estranho; estava cantarolando sob a luz da lua cheia. David se aproximou, bem devagar.
— O que você tá fazendo aqui? — Perguntou.
— Demoraste — Respondeu.
— Não costumo conversar com moradores de rua.
— Não costumo conversar com pessoas.
David ri: — O senhor é engraçado.
O velhote deu de ombros.
— Não sou como as outras pessoas. Elas estão sempre preocupadas com outros assuntos que... acabam esquecendo algumas peculiaridades da nossa realidade, não acha? As pessoas que cercam você, principalmente.
O rapaz não ligava muito para aquela conversinha de hipster, portanto limitou-se a concordar.
— As outras pessoas não entendem, pois não?
— Diga-me, rapaz, do fundo do seu coração... O que é que você deseja?
— E o senhor tem algo a oferecer? É um sem-teto.
— Tenho uma proposta — Sorriu o velhote. E quando David notou o seu sorriso já era tarde demais. O rosto do velhote escureceu imediatamente.
A sua pele enrijeceu e os seus olhos tornaram-se vermelho vivo.
— Posso torná-lo poderoso.
O velhote transformou-se num lobisomem. E o resto... Então, alerta de spoiler: David fora mordido.
— Você será sangue do meu sangue. Caminhará nas trevas comigo. Você tem nada a perder. Será o meu descendente — Ouviu uma voz sombria dizer, antes de apagar ali mesmo.
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Unstoppable: A "Heartstopper" Tale
FanfictionCharles Spring e Nicholas Nelson estão na mesma escola, mas nunca se conheceram... até ao dia em que são obrigados a sentar-se lado a lado. Eles rapidamente se tornam amigos, e Charlie começa a apaixonar-se por Nick, embora ache que não tenha qualqu...