Unstoppable: A "Heartstopper" Tale

3. Decidido

O LOBISOMEM DE NICK ESTAVA SEDENTO, e prestes a assumir o controle.

     As paredes da casa dos Henderson não segurariam a fúria do lobo causada pela lua cheia por muito tempo, especialmente sob o controle mental do alfa; seu objetivo era fazer ainda mais vítimas. Não demoraria para Nick se transformar, Isaac não poderia ajudá-lo. Ninguém poderia. Aconteceria ali o mesmo que lhe aconteceu na casa dos Spring, com Tori em casa.

     Só que desta vez, o garoto teria que abrir o jogo com Isaac antes:

     — Isaac — Alertou — Eu estou sentindo o lobo. Você... você precisa me deixar ir, está me entendendo? Não tente coisa alguma! Isaac, por favor... AAAAHHHH! — Nick dá um rosnado perturbador.

     O amigo lhe guia até o banheiro mais próximo rapidamente, segurando suas costas. Nick consegue chegar até lá, cambaleando, mas não consegue trancar a porta.

     — ISAAC! NÃO!

     — Ora, cale a boca, Nicholas Nelson — Isaac abre a torneira e molha sutilmente o rosto de Nick — Vamos, você vai ficar bem...

     Nick repele a água, insatisfeito: — Não, não! ISSO É PÉSSIMO!

     — E então, o que faremos?!

     — Eu... eu... — Nick não conseguia pensar em outra coisa além de Charlie naquele momento, mas não seria uma boa ideia tê-lo por perto, não num momento com esse. Nick respirou fundo e calou-se, pensativo, mas a sua respiração continuava ofegante. Poderia morrer ali mesmo, a qualquer momento.

     — Respire, Nick — Pediu Isaac. O garoto ouve a porta bater. Talvez seja sua mãe.

     — Respire, Nick, respire — Repetiu para si — Respire... Chegamos até aqui, não chegamos?

     — Faça isso por você.

     Nick cerrou os olhos e tentou focar nos últimos dias, no que gostaria de lembrar; lembrou da sua amizade com Otis e Sai, da sua aproximação com Charlie e seus amigos, que o ajudaram nos momentos mais difíceis.

     — AAAAHHHH! — Tornou a gritar, quase chorando.

     Lembrou-se de quando beijou Charles Spring; do alívio que sentiu ao beijá-lo.

     Mãos suaves tocam o ombro de Isaac e o puxam para o lado de fora. Nick encara a porta semiaberta, sem entender. De repente, Charlie dá um grande abraço em Nick, cheio de felicidade. O corpo de Nick recai sobre os bracinhos de Charlie, e os dois ajoelham-se no chão, abraçados. Finalmente.

     Nick se sente em paz, finalmente.

     — Nick — Diz Charlie, com o rosto enfiado no seu cabelo. Nick acaricia os cabelos de Charlie, incrédulo.

     — Que dia agitado, não?

     — Vocês... vocês estão bem?

     — O Nick aparece no meu jardim e, de repente, precisamos com uma crise canina. É, acho que estamos bem. Onde estão Tao e Elle? — Pergunta Isaac, também abraçando Charlie.

     — Não se preocupe. Estaremos bem ao amanhecer. Onde está o alfa?

     — Alfa? — Pergunta Nick

     As luzes da casa se apagam. Nossos garotos estão no escuro, se arrastando para um lugar seguro.

     Charlie tranquiliza Nick. Estavam juntos agora. Nada podia dar errado.

     — Alfa...? — Isaac olhou pela janela, quando um grande vulto bloqueou a pouca luz que vinha do lado de fora. Segundos depois, um rosnado tão assustador quanto o de Nick.

     Era a mistura de puro terror e sede de poder.

     — Não estamos seguros — Disse Nick, silenciosamente. Charlie tapou sua boca com a mão, pedindo silêncio.

     Antes de mais perguntas, sacou do bolso um pequeno saco velho de pano. Era tramazeira.

     Seu plano era prendê-lo. Portanto, precisaria da ajuda de Nick e Isaac para distraí-lo primeiro. A tramazeira, utilizada para repelir criaturas sobrenaturais, cuidaria do resto.

     — Preciso que façam... — Um estrondo no andar de cima fez os meninos estremecerem — Preciso que façam qualquer coisa para distraí-lo enquanto espalho tramazeira ao redor da casa, está bem? Isso vai segurá-lo, e nos proteger — Charlie entregou um outro saco à Isaac, recheado de tramazeira.

     Os dois concordaram.

     — Não faria isso se fosse evitável, mas é a última opção que temos.

     — Confiamos em você — Assente Isaac — Toma cuidado.

     Nick dá um beijo em Charlie. Seu rosto está quente e coberto de lágrimas. Em seguida, os amigos tomam caminhos diferentes. Charlie corre para o lado de fora da casa, decidido. Decidiu que nunca mais veria Nick chorar. Ninguém se machucaria.

     Não se dependesse dele.