CHARLIE DEU UM GOOGLE NO ENDEREÇO de Aled e constatou o óbvio: era longe da sua casa.
Aquilo levantaria muitas suspeitas para o garoto, caso pedisse aos pais para lhe dar carona, ou até mesmo para Tori. Nenhum dos irmãos dirige ainda, e muito menos os amigos de Charlie. A solução foi desenterrar a bicicleta de Tori da garagem, que estava decentemente arrumada no dia.
Saiu assim que teve a oportunidade, e pediu encarecidamente para que a irmã o acobertasse — "estudando na casa do Tao, pois Nick havia desaparecido, Elle também e, caso ninguém atendesse na casa do Tao, era sinal de que estavam mesmo estudando" — até o jantar.
Tori assentiu, sem mais perguntas. Por volta das cinco, Charlie chegava num sítio arborizado e fresco; a única coisa que ouvia eram os seus passos por entre as folhas secas. Encontrava-se num mar de árvores, a entrada para um antigo parque da cidade.
Seu primeiro pensamento fora "suspeitar". Mas não demorou muito para Aled aparecer, bem lá no começo da rua, de onde Charlie viera. O garoto trazia consigo uma cesta de piquenique.
— Então, vieste mesmo — disse Aled, contente — Sabia que podia contar contigo, Charlie.
— Sim. Podes contar comigo. Contanto que pare de assustar as pessoas...
Aled sorriu: — Uma hora elas vão precisar acordar. De qualquer modo, vem comigo. Tente não se perder.
O garoto acenou com a cabeça para a entrada do parte e guiou Charlie para o que parecia uma caminhada diurna, exceto pelo fato de que nenhum deles tomou o caminho há muito tempo traçado. Pouco depois de virem a última placa do antigo parque, saíram do caminho de terra e desceram alguns metros.
— E então, o que é que você quer tanto me mostrar? — perguntou Charlie, já impaciente, enquanto desciam floresta abaixo — Por acaso é uma árvore...?
Aled sorriu: — Sim. Por acaso é isso mesmo. Estamos quase chegando...
Charlie contentou-se com o "quase chegando" que recebera. Em poucos minutos, atingiram o centro de uma clareira e, bem lá no meio, havia uma árvore. Não era uma árvore comum, atestou o garoto, e sim uma rica e esbelta árvore; Charlie percebeu que Aled observava o seu segredo com um enorme sorriso no rosto, e que as suas folhas pareciam brilhar.
De fato, aquela árvore que observavam não é como as outras. Esta se destacava pelas cores ricas das raízes, do grande tronco, dos seus galhos e flores.
— A minha avó costumava dizer que — Aled aterrissou sua cesta de piquenique no pé da árvore, onde sentou-se rapidamente — Se comêssemos um fruto dessa árvore, nunca mais comeríamos comida mundana da mesma maneira. Ficaríamos loucos.
Charlie ficou de pé, observando Aled. Não pensou em unir-se a ele em momento algum, pois estava desconfiado. O garoto trouxera Charlie para um... piquenique?
— Eu não entendo — disse.
— Como assim?
— Por que é que estamos aqui, Aled? O que é que eu preciso enxergar?
Charlie cruzou os braços e foi na direção do outro, sério.
— Preciso saber o porquê de... — ele pensou em Nick, mas não tinha intenções de contar toda a verdade, pelo menos não agora — O porquê de algumas coisas estranhas estarem acontecendo na cidade.
— Já viste algo que não conseguiu explicar? — perguntou Aled.
— Já.
— Lobisomens.
— Uhum.
— Bem — o garoto sinalizou para que Charlie sentasse ao seu lado, e ele o fez — Tudo começou com a minha avó. Ela tinha o dom da visão. Nasceu com ele. Isso foi passado para mim, de alguma forma. Ela conseguia enxergar coisas que a maioria das pessoas nem imaginaria, e foi terrível ter de lidar com isso sozinha desde muito cedo, sabe? É exatamente como eu me sinto, sozinho.
Charlie sentiu-se mal por ter duvidado do garoto, mas ainda precisava de respostas... e não havia recebido uma sequer.
— Mas nós juramos manter o equilíbrio das coisas usando a nossa habilidade. Ela me apresentou este lugar — Aled apontou para a clareira inteira, como se mostrasse ao Charlie parte de si — E preciso protegê-lo. Assim como as pessoas que estão lá fora.
— Como assim?
— O medo gera medo, Charlie Spring. Se descobrirem d'Os Outros de uma maneira abrupta e desinformada, é uma questão de tempo até encontrar a clareira... — o olhar de Aled parecia triste.
— E por que diabos esse lugar é tão ameaçado? Está abandonado!
Aled deu um suspiro: — Esta árvore é muito antiga, também muito poderosa. Vive neste sítio sossegado há mais tempo que nós vivemos na Terra. Ela é mágica. E, assim como a maioria das coisas magicas, atrai todo e qualquer tipo de criatura, entre outras coisas, do outro mundo. Inclusive, Lobisomens.
Charlie arregalou os olhos. Isso trouxe os lobisomens até aqui. Esta árvore. E Nick fora mordido...
— Você quer respostas? Estão aqui — Aled tocou na raiz da árvore. Nada lhe aconteceu.
— Aqui?
Charlie interpretou o conselho de Aled num sentido literal. Ao tocar na madeira da árvore, revirou os olhos e desmaiou. Perdera todos os sentidos e tropeçara numa grande perda da realidade. A última coisa que ouviu fora Aled chamar pelo seu nome, bem distante:
— CHAR...
Continua...
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Unstoppable: A "Heartstopper" Tale
FanfictionCharles Spring e Nicholas Nelson estão na mesma escola, mas nunca se conheceram... até ao dia em que são obrigados a sentar-se lado a lado. Eles rapidamente se tornam amigos, e Charlie começa a apaixonar-se por Nick, embora ache que não tenha qualqu...