20❜ Song for you, 1975

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"Remus!" Íris saltou da cadeira quando o viu, correndo para o agarrar pelo pescoço.

Ela foi a última pessoa que Remus conheceu no Verão de 72, quando Effie assinou os papéis por Dumbledore assumindo o posto de guardião legal da criança. Ele lembra-se bem dela: loira, olhos azuis e pouco mais de um metro e cinquenta e sete aos quinze anos. Hoje, com dezoito, ela mora com Corie e Andrew. Remus sempre achou um absurdo que ninguém quisesse adotar uma garota tão bonita, mas, com o tempo, ele percebe que ninguém quis adotá-la por ser recém diagnosticada com Aids após o pequeno incidente que a levou para o orfanato, — assim como nunca quiseram adotar Remus, por N motivos — afinal, ela não viveria muito tempo, infelizmente.

Mesmo que Andrew trabalhe todos os dias, em dois empregos diferentes, para pagar seus tratamentos.

Mesmo que Corie reze por ela às vezes, embora Íris seja cética.

É inevitável.

Ainda sim, hoje ela tem mais de um e sessenta e dois. Os médicos diziam que ela não passaria dos dezesseis, e Remus não sabe se é porque eram péssimos profissionais públicos do abrigo, ou porque ela é uma lutadora constante, mas, ela está em pé, com os mesmos cabelos loiros e enormes, os mesmos olhos felizes e azuis, embora sempre abaixo do peso.

Ele volta lá todos os anos, e ela está em pé, e ele sente-se feliz em vê-la.

"Olá." Remus sorri de lado, corado, recebendo a atenção de Andrew também quando o loiro apareceu na bancada da cozinha.

"Olá, Remus." Ele sorri. Remus acena com a cabeça.

Andrew tinha dezessete anos quando Remus o conheceu, em 1970. Hoje, ele tem vinte e dois, mais de um e setenta, e alugou aquele apartamento quando Corie fugiu do orfanato aos dezenove, e adotou Íris, assim que ela completou a maioridade, para tirá-la dos maus tratos.

Ele teria trazido Remus também, se ficasse lá mais um pouco.

Essa foi a família de Remus por algum tempo. Ele, um irlandês; Corie, um caipira inglês; Andrew, um estadunidense; Íris, uma ucraniana.

Bom, James foi o primeiro a se enturmar. Em alguns minutos de conversa ele estava totalmente entretido enquanto contava — inventava— histórias gigantes.

Sirius estava mais recluso, sua feição era enciumada, quase como obcecada. No fundo de sua cabeça a pequena voz não conseguia parar de ouvir Corie.

Meu docinho.
Meu docinho.
Meu docinho.

Seu docinho?

Moony é meu.

"Pads?" Remus quebra sua divergência, tomando sua atenção, e todos estavam o encarando. Corou. "Você ainda está aqui?"

"Sim, Moony." Ele observa timidamente e, de repente, Íris estava rindo.

"Oh, Remus, ele é uma graça!"

"Íris tem razão." Andrew sorriu, encarando Sirius. "Você não precisa ser um bom samaritano, não se preocupe."

"Mas, então, deixa eu ver essa belezinha aí." Corie entrega a xícara para Andrew, olhando para Sirius.

Existe uma hesitação antes de retirar a guitarra das costas devagar e a estender para o garoto.

"Mas que coisa bonita!" Corie sorri muito, segurando a guitarra com cuidado. "Ocê assaltou um banco pra conseguir isso, meu amor?"

"Eu trabalhei um ano inteiro..." Remus sorri sem jeito. "Não é grande coisa."

"Mas olha só." Íris e Andrew trocam olhares, se cutucando com os cotovelos.

BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)Onde histórias criam vida. Descubra agora