36❜ Leaving & Growing up, 1976

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Regulus pegou o primeiro turno de patrulhas no trem aquela tarde e, para sua maldita sorte, era com Pandora.

"Sabe, quando te conheci eu te achava medonho." Ela sorri de lado, encostada contra as portas da cabine do terceiro corredor, aproveitando os últimos 10 minutos de folga antes da próxima ronda.

"Eu?" Regulus virou-se para a amiga com um sorriso sincero se formando em seus lábios. "Por que?"

"Olhe só para você...Quase um insano." Ela devolve o sorriso. "Usando uma maldita camisa de mangas em pleno verão. Vestido como um vampiro."

"Você se apegou muito rápido pra quem me acha assustador. Que eu saiba você estava agarrada em mim no terceiro dia de conversa. Sádica." Ele arranca uma gargalhada da garota, encostando a cabeça na cabine ao seu lado.

Regulus estava sorrindo internamente, por trás da máscara, e, para ser sincero, era quase como estar meio aliviado por um breve momento. Mas dura pouco, porque o comentário da amiga fez seu braço coçar, trazendo de volta o incômodo e a psicose obsessiva de uma eterna paranoia: e se alguém ver? Eles sabem. Eles me odeiam. Querem me machucar.

"Oh, isso é café?!" Lily surgiu, (para Regulus, do nada), apontando para o copo de Pandora ao cruzar a divisão entre os vagões. A garota ruiva estava sendo seguida por Remus na patrulha de monitoramento grifinório e, para além disto, havia um Sirius enxerido atrás deles.

Há uma pequena troca de olhares entre eles dois. ─ Regulus engole o seco, prestes a desviar os olhos, quando ela prende sua atenção. "Ahaha, parece que eu te assustei, desculpe, Regulus."

"Lily, não chamamos as pessoas que não somos próximas pelo nome. É falta de respeito." Sirius cruza os olhos com o outro por um segundo, virando-se para ela.

"Ah, eu..." Lily pisca, desconcertada.

"Tudo bem." Regulus se prontifica, virando o corpo para o lado oposto ao suspirar. "Acho que já nos vimos vezes o suficiente para ignorar isso."

"Sério?" Ela dá um passo à frente, parando ao lado dele, sorrindo abertamente enquanto guarda as mãos nos bolsos detrás dos jeans esverdeados. Há alguma coisa naquela mulher, quase como um instinto maternal na forma com que ela fala com as pessoas. Na forma que age. Algo puro como a neve, quase como se alguém tivesse se apaixonado pelo fogo há muito tempo atrás, e dali surge esta menina. ─ "Isso é...Bem, é muito legal da sua parte. Por favor, me chame de Lily então."

Regulus a encara pelo canto dos olhos. Havia algo nela que o incomodava profundamente, desde sempre. ─ Tipo, bem, faz sentido, não? Ele assistiu James a perseguir de carteirinha por longos anos, dia por dia, tentativa por tentativa. Então, sim, Regulus estava com ciúmes quase sempre. O que era sem sentido, afinal, James o namora. Mas quando se refere ao que Regulus tem de mais precioso, há várias coisas sem sentido no meio, inclusive sentimentos.

Mas se você quer sinceridade, nada apertava mais seu peito do que o quanto ele, no fundo, sabe que Lily faria uma vida tranquila para James, enquanto ele não poderia oferecer nada mais do que a eterna melancolia de o ver eternamente triste.

Mas, por algum lado, olhando para ela, ali, Regulus realizou que ele pode forçar o quanto quiser, mas nunca haverá um pingo de ódio de verdade em seu coração. Na verdade, da forma mais repulsiva possível, para ele, há alguma empatia.

"Nos seus sonhos, Evans." E desvia os olhos.

"Bom..." O sorriso maroto puxa o canto de seus lábios para cima no quase sorriso, embora ela disfarce com a mão. "Fica a proposta. Enfim, ei, Dora, o café-"

"Sim, você quer? Não estou tomando, está bem quente, mas talvez esfrie e, oh-" Pandora estende a mão mas o copo é arremessado quando alguém passa correndo no meio das duas, esbarrando contra Sirius e derrubando o café em Remus.

BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)Onde histórias criam vida. Descubra agora