29❜ Do you blame yourself? 1976

7K 1K 550
                                    

James não estava falando com Sirius. Aquilo magoava, porque ele não sabia o que fazer e aonde ir, mas não iria apagar o que ele fez e passar a mão em sua cabeça. Sirius precisava assumir as consequências de seus atos. — Mas, em contrapartida, ele não podia jogar quadribol, seu corpo estava machucado e fraco e sua mão, enfaixada — também tinha sua maldita vassoura — então ele tem passado a maior parte do tempo fazendo companhia aos amigos e cumprindo as detenções necessárias.

Embora tudo isso, ainda sim, ele estava sendo consumido com aquilo, toda aquela informação, todos os ocorridos recentes. Tudo. E ele queria descarregar, e não sabia como.

Mas onde há desprezo pela vida, James deseja trazer esperança.

"Bom dia, Prongs." Sirius se projetou em sua frente, sorrindo com simpatia, embora a clareza de sua tentativa desesperada fosse inevitável.

"Mhm...Bom dia." James bocejou, terminando de se vestir.

"Você vai assistir ao treino hoje? Prongs?"

"Eu acho que não estamos em uma situação de apelidos, então, por favor..." Suspirou, passando o sweater pela cabeça e endireitando os óculos sem sequer, por um segundo, o encarar de volta.

Sirius murchou, se encolhendo. "Sim, sim, é claro. Com licença, só-"

"Não sei se vou ver o jogo." James pega a bolsa, ignorando os cadarços desamarrados e virando-se para o lado. "Vamos, Moons, Pety...Qual a primeira aula mesmo? Acho que esqueci as anotações e..." Sua voz se perde devagar enquanto ele avança.

Remus passa por Sirius de cabeça baixa. Lhe apeteceu, momentaneamente, segurar o braço do loiro e dizer que agora ele tinha tempo. Que eles podiam estudar poções, ou ler aquele livro que ele gostava. Que eles podiam ir a Hogsmead comer chocolates ou dormir embaixo do salgueiro à tarde.

Não acontece, ele está paralizado no lugar. Por um instante até mesmo congelado, apesar de que aquilo é um assunto rápido para ele, fazer o clima ficar bem novamente, pela primeira vez ele tem a consciência real de que era a vida de um homem que estava em suas mãos aquele dia. E Remus sente o mesmo, porque seus olhos castanhos e anti-climáticos nem passam por ele ao chegar no começo das escadas, sumindo no mesmo silêncio em que chegou.

Sirius sente-se quase como quando perdeu o amor de sua vida.

Sim, o amor de sua vida. Regulus Arcturus Black podia até ser filho de Walburga e Orion Black...

Mas, Reggie? Oh, Reggie provavelmente seria meu. Diz a voz atrás de sua cabeça todos os dias de sua vida.

Esteve sendo assim aquela semana inteira, assombroso.

E agora cá estava ele, sentado sozinho na cama após faltar aquelas aulas inteiras, afinal, havia acordado com todos os discos que havia dado para Remus em cima da cama, e os encarando, sentintindo a visita do querido vazio.

Sirius morreu por dentro quando viu Pomfrey carregando Remus desacordado com a varinha naquela noite. Mas, como poderia ele sentir tanta angústia por uma ação que ele mesmo havia cometido? Era uma maldição ser quem é. Era uma maldição existir.

Eventualmente se levantou, pegando a guitarra de cima do apoio de madeira, a acariciando, deixando alguns beijos no objeto e o guardando no encolhimento de seu abraço. — Como se, em algum lugar, houvesse algo que não fosse ser tirado de si.

"Você se culpa?"

"O que?" Sirius ergue a cabeça para a voz, mas ele está sozinho no dormitório. "Quem está aí?!"

"É normal que em situações como estas as pessoas se sintam um pouco...Culpadas."

"Que..Situação?" Sirius pousa a guitarra na cama, encarando o entorno de forma tensa, preparando-se para pegar a varinha na mesa da cabeceira.

BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)Onde histórias criam vida. Descubra agora