BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)

39❜ Dystychiphobia, 1976

Sirius não poderia ter acordado mais infeliz aquela manhã. Era seu aniversário, o que não fazia o menor sentido, já que todos eventualmente estavam festejando e agindo como sempre agiram. Mas ele sabia que algo estava diferente, porque Remus não o acordou neste dia.

"Feliz aniversário, maroto." Lily o cumprimentou nas escadas enquanto passava com uma caixa de confetes em mãos. "Preparado para hoje a noite?"

"Sempre." Forçou um sorriso, levantando o olhar para o resto do salão, especificamente para Mary e Remus.

"Eu não vou." Remus negou, desconfortável, e coçou o braço enquanto desviava os olhos.

"Remus, deixe de ser um bundão inconsequente." Mary estalou os dedos em sua frente. "Você é o melhor nas músicas, sabe que precisamos de você para a festa ir bem, músicas são decisivas. E além disso você sabe que vai se arrepender se fizer isso. Você sabe."

"Já disse que não vou tocar nas coisas dele." Remus estava encarando o chão agora, as mãos enfiadas nos bolsos.

"Escuta aqui, Remus," Mary começou, mas sentiu Dorcas a segurar pelo ombro.

"Deixe ele, Mary."

"Não, eu estou ficando cansada disso." Mary se soltou delicadamente da amiga, colocando as mãos no quadril e encarando Remus enquanto apontava no rosto dele. "Escute aqui, seu poste, eu acho bom você e Sirius resolverem essa bosta entre vocês, porque eu não vou fuder uma festa inteira só porque o pobre Remus não quer encostar nos discos do Sirius, porque aparentemente eles estão brigando. Agora você vai mexer essa sua bunda lá para dentro e vai buscar todos os discos, fazer a seleção e tocar essa porra mais tarde. Ou eu arranco seus dentes com uma pinça, porque vocês são algo grande demais pra agir como se não fossem."

Remus encolheu os ombros, os lábios entreabertos em estado de choque antes de arrumar a postura. Ele ficou ali parado por um bom tempo até assentir com a cabeça, se virando e caminhando escada acima. ─ Sirius observou quando ele passou ao seu lado, tocando seu ombro. "Moony?"

Remus parou ao fim da escada, uma respiração funda e longos minutos. Ele pensava muito, em cada movimento, em cada palavra. Era o completo oposto de Sirius. ─ Ele eventualmente se virou, aguardando.

"Você não precisa tocar se não quiser." Sirius colocou o cabelo atrás da orelha, franzindo o cenho e apertando os lábios.

"Sei..." Remus arqueou uma sobrancelha e negou, esfregando o rosto e soltando um longo suspiro. "Vá tomar café, Sirius. Eu vou escolher as músicas."

Sirius poderia ter descido. Poderia ter feito o que ele faz de melhor quando está com Remus, que é fugir. Mas ele subiu o lance de escadas até o alcançar.

"Moony, eu..." Sirius o encarou nos olhos.

Deus, pensou ele, o quanto amava aquilo. O quanto amava olhar para cima, para falar com ele, o quanto amava cada pedaço daquele garoto. O quanto amava aqueles olhos âmbar e cabelos meio loiros. O corpo esguio e as roupas ─ quase sempre confortáveis demais ─ que estavam sempre combinando. Tudo em Remus combinava, ele parecia uma paleta perfeita de cores. E Sirius queria pintar um quadro com ele.

"Sirius," Remus olhou para trás por um momento antes de continuar. Parecia estar juntando coragem, ou forças. "Você sabe que não precisa fazer isso. Você não precisa vir se explicar."

"Mas eu quero." Sirius colocou as mãos em seus ombros, o encarando nos olhos com uma espécie de desespero. Ou medo. "Por favor."

Remus se mexeu, inquieto, e pareceu hesitar antes de retirar uma mecha de cabelo do rosto de Sirius, colocando atrás da orelha e segurando seu queixo. Cada toque era trêmulo, cada toque era nervoso, e aquilo matava Sirius por dentro, porque ele sabia que aquela indecisão inteira vinha dele.