LILY: I
Lily odiava frequentar a própria casa, o que deveria ser muito hipócrita, afinal, era seu lar. Mas, desde a morte do pai, as coisas se tornaram um tanto difíceis, e ela se perguntava como conviver em um ambiente com pessoas que você vê todos os dias podia ser tão sufocante. Na verdade, ela sentia-se no meio de estranhos.
Ela eventualmente apaga o cigarro, jogando pela janela e aproveitando para abrir até o final. O dia estava terrivelmente quente, o que era estranho para o inverno. Era como se as roupas fossem feitas de prego, e incomodasse sempre que relava contra a pele. Ou, como se fossem feitas de cola, grudando e não descolam mais. Lily cogitou raspar o cabelo quando acordou aquela manhã, se sentindo sufocada nas próprias cobertas. A cama era pegajosa, o travesseiro era quente demais, a janela não ventilava nada e tomar banho não adiantava. ─ Bom, quer dizer, você não sabia se eram gotas de água ou suor!
"Lily!" A voz cuspiu seu nome e era seguida de saltos batendo no chão. Logo a porta se abre e revela Petúnia, com uma feição dissimulada em desgosto. "Telefone pra você, lá embaixo."
"Oh," Lily piscou, ─ Petúnia não era nada legal, por mais que Lily se esforçasse para ser uma boa irmã. Boa filha. Ela nunca deu muito trabalho, sempre ajudando em casa e fazendo de boa vontade as tarefas diárias. Sua mãe, desde a morte do pai, agia como se nada estivesse acontecendo. Sempre vivendo uma grande fantasia, onde tudo está bem e ela não enxerga ao redor. Mas, o problema é que também tinha a irmã. A irmã era a pior. Petúnia era a pior. ─ E se virou, encarando a outra, "e quem é?"
"Suas amigas anormais, iguais a você." Petúnia encarou Lily de cima a baixo. "Não esqueça de ir comprar os copos para a festa."
"Mas você disse que eu não estava convidada." Lily guardou as mãos nos bolsos de trás da calça.
"E não está, mas quem vai comprar se eu estou ocupada? Sinceramente, você faz tudo com mau gosto." Petúnia levantou as sobrancelhas, se virando e jogando os cabelos enquanto começava a seguir o corredor, a voz ficando longínqua. "Bom você comprar logo, vai escurecer, e a despedida de solteiros será depois de amanhã. É importante."
Lily encarou as meias, encolhendo os ombros enquanto deixava o quarto e descia as escadas até o telefone de parede.
Petúnia iria se casar, e Lily achava aquilo um desperdício, porque sua irmã era muito bonita e estava se casando com um rapaz que sequer a amava de verdade. Mas ela sabia que ela estava fazendo isso para atingir a própria mãe, talvez abalar ela, e também para sair de casa e deixá-las naquela miséria sentimental.
Talvez eles se merecessem, pensou Lily enquanto caminhava pela sala, talvez sejam feitos um para o outro.
Ela eventualmente alcançou o telefone, que estava deitado sobre a mesa embaixo do interfone, pegando o objeto e solicitando a linha novamente. Um pequeno zumbido de alguns segundos, e ela observou como a porta da sala estava aberta. Provavelmente sua mãe havia saído para ir ali perto e voltaria logo. ─ Sua atenção retornou quando uma respiração foi ouvida, e ela sorriu. "Olá, Mary!"
"Oh- Ei, garota! Você não me liga já faz dez dias! Espere, vou colocar Marlene na chamada." Mary demorou algum tempo, mas tornou a falar. "Certo, estão todas aqui?"
"Eu estava tomando banho, você me arrancou de lá!" Marlene estava risonha, e pelo barulho de fundo, mexendo no armário de roupas.
"Não interessa. Ei, Lily, escute só essa," Mary sorriu e se endireitou na cama. "Bom, você não escutou isso de mim, mas, um passarinho me contou que Regu..."
Lily estava prestes a ouvir algo que mudaria completamente sua vida, se não fosse porque ela se virou, observando a porta aberta. O telefone caiu de sua mão, e ela pegou no mesmo instante novamente, sem desgrudar os olhos da porta.
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BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)
أدب الهواة★. James ganhou detenção até o final do semestre após ser pego abaixando as calças de Severus Snape na frente de todos. Agora ele teria de frequentar as tarefas de limpeza com seu pior pesadelo: Regulus Arcturus Black. As pessoas nem sempre são si...