Eles estavam deitados sob o salgueiro aquela tarde de inverno. As férias estavam batendo na porta, assim como a neve que já caía severamente, maltratando à tudo que tem vida, mas, indicando o começo de um ciclo. Aves gorjeiam no céu quase sempre nublado, voando para o sul, para o calor. Deixando para trás apenas aquele castelo, que em breve estaria quase vazio.
Remus observou como Sirius beijava seu pulso lentamente. Seus beijos são vermelhos, e quase queimam, como aqueles meigos olhos. Sentindo os batimentos contra seus lábios de uma forma mais do que despreocupada, ele pressionava a boca ali por alguns segundos, e de novo e de novo e de novo. Como se aquilo fosse algo importante a se fazer; e para ele era.
"Deveríamos ficar." Sirius sussurrou, fazendo a pele de Remus vibrar com o ar quente, o trazendo de volta do transe.
"Desculpe, como?"
"Deveríamos ficar." Sirius estava rouco, virando a mão de Remus e beijando as costas enquanto falava meio embolado entre os lábios. "Ficar aqui no Natal, eu e você."
"Ah." Remus encostou a cabeça no salgueiro.
A verdade é que ele estava mais do que animado para respirar um pouco longe de Sirius. Bom, ele sonhou uma vida inteira com aquilo, mas não daquele jeito. Porque Sirius o queria e queria, mas às vezes querer não é suficiente, e ele se sentia mal por pensar assim. ─ Pensar que amor não é suficiente para manter duas pessoas juntas (para ele). Era preciso algo, quase como se precisasse de confirmação absoluta do futuro, porque Remus sofre de um abandono que o consome constantemente, e sente sempre essa vontade de ir embora primeiro, para que não seja ele a ser deixado para trás.
Porque fora daqueles momentos a sós entre eles, as bochechas de Sirius raramente pegavam aquele tom rosado. Porque fora daqueles momentos, Sirius o tratava como um irmão. Um irmão, amigo, amante. Porque fora daqueles momentos, eles eram apenas Remus e Sirius.
Remus o amava de uma forma que às vezes chegava a doer. E ele tinha medo de como Sirius iria reagir se descobrisse todo aquele amor. Tinha medo de o assustar. Tinha medo de ser excluído por ele, de que Sirius se fechasse novamente.
"Alô?" Sirius se inclinou sobre ele, tapando o céu terrivelmente claro pelas nuvens. "Você ainda está aí?"
"Eu acho que deveríamos ir, aposto que Effie vai fazer empadinhas de chocolate." Remus permaneceu pleno, colocando o cabelo de Sirius atrás da orelha e fitando seu rosto. De repente ele sente amor de novo, e aquilo era doloroso; viver uma montanha de medo e segurança.
Sirius sorriu, o que significava que ele havia aceitado a ideia sem questionar, e tornou a deitar no peito de Remus, traçando os dedos em seu pulso e subindo. No braço, no ombro, no pescoço, na bochecha. ─ De repente, ali, o menor ergueu-se enquanto ainda acariciava a bochecha de Remus, e se apoiou no cotovelo, se erguendo para encará-lo. "Moony, pare com isso."
"Parar com o que?" Remus piscou, uma grande interrogação se formou em seu rosto.
"Pare de pensar, você está ficando triste." Sirius esfregou o polegar em sua bochecha. "Pare de pensar, coloque para fora."
Remus piscou, entreabrindo os lábios. É claro que ele deveria imaginar que por mais bom que ele seja em segurar as expressões, Sirius é melhor, e ele eventualmente perceberia quando o maior se forçou a não murchar.
"Eu só..." Começou, com medo de abordar o assunto.
"Moony, anda lá, o que aconteceu?" Sirius o cutucou algumas vezes, tentando segurar o clima.
"Você disse que me quer, mas...Mas você disse que não gosta de homens, isso é tão confuso." Levou a mão ao rosto, esfregando enquanto tremia, sendo consumido pelo nervosismo da ansiedade. ─ Havia ali o inevitável medo de que Sirius escorregasse para longe. Sempre com medo do que ele podia ou não dizer, do que poderia ou não fazer. "Não importa se você gosta de mulheres, sinceramente, mas isso tudo me deixa tão...Confuso."
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BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)
Fanfiction★. James ganhou detenção até o final do semestre após ser pego abaixando as calças de Severus Snape na frente de todos. Agora ele teria de frequentar as tarefas de limpeza com seu pior pesadelo: Regulus Arcturus Black. As pessoas nem sempre são si...