ATO FINAL❜ Halloween, 1981

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31 DE OUTUBRO, Godric's Hollow.

Lily colocou Harry no berço. Estava muito frio, como de costume. Aquela era a época onde o outono estava em seu auge, prestes a transformar as folhas secas que caíam das árvores em flocos de neve. E, cantarolando, ela fechou a janela enquanto um bebê de olhos verde esmeralda a observava, atraído pela música.

Harry podia ter pouca idade, mas já apresentava características em comum com James, como por exemplo, ele tinha uma pilha de cabelos bagunçados em apenas alguns meses de idade ─ tipo, oh, vamos lá, você não espera que um bebê seja cabeludo, mas Harry era! Igualzinho a James, com cachos e pele dourada. O mesmo sorriso que furava as bochechas com covas cheias de paixão. Sim, aquele definitivamente era filho do James.

Mas se havia algo que Lily havia observado no bebê era que ele tinha um humor muito peculiar. Como por exemplo, Harry tinha uma mania horrível de fazer um bico emburrado às vezes, ou como ele podia fazer seu rosto ir ao chão de uma risada à uma carranca em menos de um segundo. E aquela habilidade não vinha de James, ele mal segura as calças com um cinto, que dirá os próprios sentimentos. Só podia vir de Regulus, é claro. Harry tinha a aparência de James e as manias de Regulus.

Que escandaloso, foi o que a moça de cabelos ruivos pensou, com um sorriso belo nos lábios e cabeça encostada na janela recém fechada.

Mas havia algo ainda mais escandaloso do que isso. E foi o que ela sentiu encostada naquela janela. Uma sensação horrível de vazio, pelo menos, olhando a noite através das brechas da persiana, e como ela estava escura e sorrateira.

Talvez fosse o espírito de Halloween, talvez fosse o fato de Lily nunca realmente ter perdido seu medo bobo de escuro, mas algo a mandou ir até Harry.

Então ela retirou o bebê do berço, beijando sua testa e o acalentou enquanto caminhava pelo quarto, observando como ali era quente e aconchegante. Harry estava muito sereno e acordado. Ele esteve acordado o dia inteiro, o que era muito estranho, já que o bebê costumava dormir a maior parte do tempo.

"Tudo bem, querido," Lily o balançou, cogitando sentar na cadeira de balanço, mas decidiu que ficar de pé seria mais fácil para o acalentar, "o papai está lá embaixo arrumando a mesa, você pode dormir, eu estou aqui."

Harry permaneceu encarando a mulher, piscando com lentidão e serenidade.

Havia algo de muito errado.

"Vamos, Harry, durma um bocadinho, meu bem." Lily suspirou. "Você não dormiu o dia inteiro, você precisa descansar."

Harry apenas inclinou a cabeça, de certa forma aquilo arrancou uma risada cansada de Lily, mas não durou muito quando ela ouve a campainha tocar.

Lily tensinou seu corpo, parando de sorrir e encarando a porta do quarto encostada enquanto Harry brincava com seu colar. Seu primeiro susto foi com a voz de James abafada do andar de baixo.

"Lily, a campainha!"

Ela levou alguns segundos para formular a frase em sua cabeça, acalentando Harry com certo nervosismo. Sua voz saiu meio fraca, mas nada que apenas ela mesma não percebesse. "Estou com Harry!"

"Oh, ele não dormiu ainda?" James estava cantarolando em tom de risada.

"Não." Lily atravessou o quarto, começando a arrumar o berço enquanto segurava Harry com a mão livre, sendo abraçada pelo pescoço.

A campainha tocou novamente, o peito dela bateu tão forte que por um segundo pôde achar que o som vinha de trás das orelhas, ou que o coração estava na boca. "James..."

BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)Onde histórias criam vida. Descubra agora