"Seja mais resistente. Você é fraco, Regulus, e vai perder por isso." Foi a última coisa que ouviu Bellatrix dizer quando Lucius o larga no chão, fechando a porta e o deixando para trás naquele quarto vazio e frio.
O orgulho será a morte de alguns, mas o amor vai matar Regulus. E eu, e você.
Levante-se, isso não dói. Era o que ele dizia para si mesmo enquanto nem sequer tentava se erguer. Você é resistente, mas tudo zumbia em seu corpo após a sessão de aula ─ tortura ─ sobre como ser e agir. Regulus levou uns bons castigos por não conseguir lançar nenhuma maldição.
Respire e inspire, respire e inspire. Lembre-se de que você pode respirar. Lembre-se de pôr as coisas no lugar. Era tudo o que rondava a cabeça do pobre garoto quando ele se ergue, finalmente. Mãos empurrando o chão e ele se joga para o lado, para cair de costas, tossindo antes de segurar no tecido e de puxar as colchas limpas para levantar com apoio. Suas pernas querem ceder, e iriam, então ele se joga sobre a cama bagunçada. Antes a cama do que o chão novamente.
O grande drama da vida era de que ele sequer se permitia reclamar, porque para isso ele precisava tentar. E nem isso ele faz. Então realmente se pegava dizendo para Sirius "você só reclama", mas ele respondia "e você não age."
Regulus nunca havia visto Voldemort de tão perto quanto naquele dia. Até então ele não sentia nada por ele, apenas uma sensação de irrealidade. Uma indiferença tão crua que chegava a ser cruel. Chegava a ser questionável se havia restado alguma empatia sobre aquela alma jovem. — Foi depois de receber aquela marca, maldita marca, que ele descobriu que não era uma obra de Franz Kafka, nem um inseto vazio. Ele era capaz de sentir, mas só sentia nojo. Só não mais do que de si mesmo por não ter feito algo, não ter lutado.
Eu não consigo. Foi o que ele passou, a princípio, mas a verdade era que ele não podia. Não podia porque se ele negasse, seria morto. E morto ele não pode salvar James. E ele vai salvar James.
Se desvencilhou dos devaneios, ignorando o braço ainda latejante quando o baque na janela revelou uma coruja, caindo, mas que se ergue novamente e cutuca o vidro.
"Merlin, que coruja burra." Encarou o teto, suspirando. Ele prestou silêncio por alguns segundos, com a ideia de não levantar o tentando, mas eventualmente se ergue, arrastando o corpo até lá, abrindo. "Vamos, me dê e suma."
A coruja largou a carta, se recolhendo, e Regulus sabia o quão mole era, porque ele se pega acariciando o animal.
"Vamos, saia daqui antes que alguém te veja, mamãe não está mas estas paredes tem ouvidos." Regulus empurrou o braço, fazendo com que ela voe e ele fecha o vidro novamente.
Regulus observou a carta. Não havia endereço remetente, ou destinatário, o que significava que a pessoa que mandou contou com uma magia de endereço falado. Rasgou o envelope e abriu o papel, tombando para sentar-se na cama no mesmo instante que seu coração pula.
"...Bastardo." Sussurrou, e seu sangue ferveu brevemente enquanto ele empurrou a porta para trás, utilizando magia. Encostou-se brevemente na cabeceira, tremendo enquanto rasgava o envelope por inteiro, começando a ler os garranchos familiares.
Querido Reg;
Sei que não deveria estar mandando isso para sua casa. Tomei alguns cuidados para que não causasse problemas, mas, ainda sim, formalmente, por favor, me desculpe.
Revirou os olhos, realmente bravo com James por quebrar uma regra. Ainda sim, prosseguiu a leitura.
O verão tem sido difícil. Sirius e Remus não estão se falando, e é como estar em uma sala repleta de fantasmas. Bom, mas não estou aqui para reclamar disso, ou de algo.
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BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)
Fanfiction★. James ganhou detenção até o final do semestre após ser pego abaixando as calças de Severus Snape na frente de todos. Agora ele teria de frequentar as tarefas de limpeza com seu pior pesadelo: Regulus Arcturus Black. As pessoas nem sempre são si...