32❜ Summer of 1976

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"James! Café da manhã!" Já era, realmente, a quarta vez que Euphemia gritava. Ele podia a escutar no fundo da consciência, mas estava ocupado e distante. Passava os dedos levemente sobre a pele do abdómen, surgiam leves cócegas, tentando se lembrar do toque do outro garoto. Tentou sentir o peso de seu corpo por cima, o calor de seus beijos. — Oh, James estava com saudades. Sim, ele estava.

"Prongs!" Remus abre a porta do quarto rapidamente, o arrancando do céu. "Effie está te chamando, obedeça, por favor!"

"O que?" James se ergue tão rápido quanto o susto que sente-se envergonhado, quase como se fosse pego fazendo algo errado, embora não estivesse, coçando a cabeça pelo nervosismo. "Desculpe eu...Viajei."

"Que novidade." Remus revirou os olhos, ainda segurando a porta, e pressionou os lábios.

James se sentou, devagar, bocejando e se espreguiçando. Podia sentir o olhar de Remus o penetrando por trás quando se ergueu, puxando a primeira camisa largada sobre a cama que encontrou, e evitou o quanto pôde até eventualmente ter coragem de virar-se, encarando-lhe de volta. Mas o lupino estava distante, estava pensando demais e estava tão longe que não notou o outro caminhar até ele, balançando a mão em seu rosto. "Moony?"

"Sim, desculpe?" Remus abaixou o olhar, piscando.

"Você estava encarando."

"Não...Não estava." Remus cora, suspirando e soltando a porta para que abrisse por inteiro. "Desculpe."

"Tudo bem, vamos então?" James passa pelo amigo, que o segue em silêncio escada abaixo.

Aquilo tudo era muito confuso e cansativo, porque eles costumam acordar com Sirius os perturbando ─ amando ─ todos os dias. E, agora, tudo o que ele fazia era se arrastar pela casa com uma cortina de cabelos o escondendo, no rosto, como se tivesse vergonha de si e tentasse desaparecer a qualquer instante. James não se lembra a última vez em que viu o rosto de Sirius naquele Verão, ou se viu sequer, e aquilo começa a ser assustador.

E lá estava ele, sentado na mesa do café com o rosto enfiado em um emaranhado negro de fios. Passava a manteiga em um pão de uma forma tão arrastada e desastrada que James sentia vontade de tomar de sua mão e fazer por si só. — Quer dizer, ele estava um desastre! Completamente miserável.

Remus passou por James, puxando a cadeira e se sentando também, casualmente. Era a primeira vez que James parava para o observar de vez, entretanto, e, bem...Remus estava com grandes cachos bagunçados, de certa forma, o deixava manhosamente atraente, entre algum loiro e castanho. Alguns caiam no rosto como uma franja quando ele bocejou e por trás das cicatrizes esbranquiçadas haviam algumas poucas sardas e pintinhas, as mesmas que ele tinha nas costas.

Em casa era o único momento em que ele se permitia usar roupas justas, deixando as cicatrizes dos braços e o peitoral à mostra, já os calções tactel quadriculados revelavam suas pernas. James não se incomodava em ver todos aqueles hematomas e cicatrizes, na verdade as achava lindas. — Remus era lindo. Definitivamente um homem atraente.

"Prongs." Saiu dos pensamentos, notando que estava ainda de pé. "Está me encarando."

"Estou te paquerando." Ele sorri, erguendo as sobrancelhas ao puxar a cadeira.

"Hmpf." Remus revirou os olhos, embora o sorriso. "Definitivamente está."

"Finalmente!" Euphemia surgiu na cozinha, carregando uma vassoura e abrindo a porta que entregava para o jardim. Uma brisa gostosa entra, e o dia parecia estar delicioso por trás das janelas e entrada. Era possível ter um vislumbre da grama verde brilhante, das flores recém aguadas, do começo da trilha. — "Bom dia, queridos!"

BORN TO DIE | ✔ starchaser. (reescrita!)Onde histórias criam vida. Descubra agora