7. Coração embriagado

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A Maraisa, depois de ter bebido meia garrafa de vinho, e de ter caminhado pela praia, sentou-se no areal, com os olhos cravados no enorme oceano, à sua frente. Por muito que ela quisesse um abraço dos amigos, neste momento, também lhe estava a saber muito bem, estar sozinha.

Depois de algum tempo, ela levantou-se e voltou a caminhar, pelo enorme areal.

X: Beber uma garrafa de vinho sozinha, no meio da praia, não deve ser por uma comemoração - ouviu atrás de si e assustou-se

Maraisa: Merd... Doutora? - falou com espanto e assusto-se - peço desculpa, eu não a tinha visto

A loira, apareceu atrás da morena, e ela não percebeu de onde, nem como, porque ia jurar que a praia estava deserta. A mulher, usava um conjunto desportivo preto, de umas leggings e um top. Tinha o cabelo preso em um rabo de cavalo, e tinha o corpo com suor, pelo exercício que devia ter estado a fazer.

Marília: Está tudo bem, Maraisa? - perguntou quando a morena se virou

Nesse momento, a loira viu o quanto ela estava bonita, com o seu vestido. Estava uma princesa delicada. Além disso, ela percebeu que a mulher tinha os olhos vermelhos e inchados, com certeza ela tinha estado a chorar, e bastante.

Maraisa: Sim, está tudo bem, doutora - sorriu e limpou os olhos - obrigada, pela preocupação. Vemo-nos na segunda, na empresa - sorriu - bom fim de semana, doutora - virou-se e ia a afastar-se

Marília: Maraisa - chamou-a - eu não quero ser intrusiva - aproximou-se da morena - mas eu já percebi que não está bem, posso ajudá-la?

Maraisa: Doutora, eu não a quero incomodar - sorriu de canto

Marília: O que acha de nos sentarmos, e deixar essa garrafa de lado, porque beber não a vai ajudar a resolver o que quer que seja? - propôs simpática

Ao mesmo tempo que falou, a loira, sentou-se na areia, convidando depois a morena a fazer o mesmo. As duas ficaram em silêncio.

Marília: Maraisa, o que a deixou assim? - a morena suspirou - eu sei que não somos amigas, mas se eu puder ajudar

Maraisa: Oh, doutora, eu não quero mesmo...

Marília: Não incomoda - sorriu - fiquei mesmo preocupada consigo - falou calmamente - interessa-me que os meus trabalhadores estejam bem, dentro e fora da empresa

A morena, respirou fundo, e contou à patroa o que tinha acontecido nesse dia ao almoço, com os pais e o motivo de a ter deixado assim.

Marília: E não pode ter mesmo sido uma emergência, um imprevisto?

Maraisa: Não, doutora - suspirou - pode ter sido, mas há sempre um imprevisto, eles têm sempre alguma coisa que os faz esquecer-se do que combinam comigo, ou que os faz esquecerem-se de me avisar que vão viajar para o outro lado do mundo, ou de me ligarem só a perguntar se está tudo bem, se ainda estou viva - falou bem séria

Marília: Eu lamento, Maraisa - colocou a mão sobre o ombro da morena - tenho a certeza que, por mais motivos que eles possam ter, a Maraisa não merece que isto aconteça na sua vida

Maraisa: Cada um com a sua, não é? - deu um sorriso irónico e bebeu um gole da garrafa

Marília: Espero que não vá a conduzir para casa - sorriu

Maraisa: Isso é que vou - sorriu e levantou-se, já visivelmente tomada pelo álcool - e a doutora manda em mim, na empresa, mas aqui - abriu os braços e sorriu - aqui não, doutora Mendonça - deu uma risada que faz a Marília sorrir também

O jeito da morena, estava a ser engraçado e a loira não conseguiu evitar uma risada.

Marília: Não mando em si, Maraisa - sorriu - nem aqui, nem em lado nenhum. Só quero o seu bem - aproximou-se da morena - e isso, implica que eu não a deixe conduzir no estado em que está

Reencontro com o PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora