Capítulo revisado, mas pode conter erros.
— Muito bem, por hoje é só, podem deixar os aventais de vocês e irem encontrar seus pais.
Bright forçou um pequeno sorriso quando a turma de crianças começou a deixar os aventais coloridos em suas banquetas e saírem do estúdio B até a entrada frontal onde Keirr aguardava para cuidar das crianças enquanto esperavam por seus pais.
Há um pouco mais de três anos Bright abrira parte do enorme galpão, que ele transformou em lar e estúdio de arte, para fazer uma escola onde ele ensina pintura e desenho para crianças autistas de forma gratuita. Isso o fazia se sentir bem, era um momento de paz para sua mente barulhenta. Por conta disso ele começou a ansiar por aquelas aulas que aconteciam duas vezes na semana. Conforme havia chegado o centenário da Semana de arte de 22, ele disse que todas as tardes daquela semana haveria aula. Assim poderia fugir da tal influencer que o perseguia.
Recolheu os treze aventais salpicados de tintas e os pendurou nos ganchos da parede onde ficam. Vachirawit perambulou entre os cavaletes, analisando as pinturas. Havia um pouco de tudo nas telas. Desde figuras metamórficas, flores, animais, florestas, mares até pinceladas irregulares na tela. Alguns extremamente coloridos, outros mais sóbrios. Ele enxergava beleza em cada um deles, a pureza de seus pensamentos e sentimentos. Como um dia ele os seus também foram.
As aulas para ele serviam como um bálsamo, era um breve período de tempo que ele estava tranquilo e bem mais leve pois amava genuinamente aquilo que fazia. Deixou os desenhos secando e tratou de fechar os diversos potes de tinta abertos. Bright os empilhou na caixa que costumava deixar guardado e colocou dentro do armário cor de marfim embutido na parede.
— Prontinho, todos eles foram embora. Quer ajuda para limpar tudo? – Keirr voltou para a sala um pouco depois da última criança ir embora.
— Não precisa, pode ir, eu mesmo limpo. – Bright ensaiou o que deveria ser um sorriso contido para jovem.
— Nem uma mãozinha pra organizar as coisas?
— Eu dou conta. Pode ir.
Keirr sumiu no corredor a esquerda para recolher suas coisas, voltando após um trio de minutos se passar com a bolsa sobre o ombro. Vachirawit acenou de costas para ela, escutando o ecoar de saltos desiguais se afastando cada vez mais. Reorganizou as banquetas de madeira polida para ficarem alinhadas com os cavaletes no chão. O artista entrou pelo mesmo corredor que sua assistente, indo até a saleta que servia de almoxarifado para a sala de aula improvisada.
Voltou trazendo uma solução de água e sabão com odorizante e um esfregão. O vermelho alaranjado de final de tarde cedia espaço no céu para o manto azul escuro da noite que já despertava. Tratou de limpar todas manchinhas e respingos de tinta no chão, arrumar as prateleiras e lavar os pincéis das crianças. Logo após que deixou tudo limpo Bright deixou os quadros no anexo ao lado, o mesmo que servia como espécie de área recreativa. Quando voltou, percebeu a presença de mais alguém no pequeno estúdio.
Era um homem alto, esguio, ele trajava um terno de três peças e sapatos sociais, preto da cabeça aos pés. O desconhecido era dono de uma beleza estupenda, encantadora. Poderia-se dizer que é sobrehumana até. Belo e igualmente mórbido. Sombrio.
— Posso ajudá-lo em algo? – Perguntou Bright a figura estranha cuja sombra se projetava sobre ele.
— Não, eu que quero ajudar. – Sua voz era doce, serena e dotada de uma imparcialidade que ele nunca tinha visto alguém falar. O pintor sentiu um arrepio na nuca ao contemplar seu sorriso crescente. Era um sorriso bonito, entretanto deixou Bright nervoso e em alerta.
— Perdão, acho que não entendi. – Observou o outro homem inspirar com impaciência e rolar os olhos com elegância, endireitando as costas.
— Você está perdendo tempo, garoto. – O tom melodioso de sua voz estava irritadiça agora, o que incomodou Vachirawit, lhe deixando mais confuso. Havia algo nele que lhe deixava desconfortável, tão tenso que era difícil até respirar.
— Saia antes que eu chame a polícia. – Endureceu sua expressão, sua garganta começava a secar.
— Chame, aproveite e conte a eles das pessoas que matou.
Bright sentiu o sangue congelar dentro das veias, as mãos ficarem dormentes e as pernas com uma consistência gelatinosa. O rapaz foi domado por uma náusea forte. Se forçou a engolir aquela sensação aflitiva garganta abaixo.
— Não sei do que está falando...
— Sabe sim. Estou falando daquelas pessoas que você matou quando beijou e carrega a culpa.
Bright engoliu a seco tentando entender o que estava acontecendo. Ninguém tinha como saber daquilo, parecia um sonho bizarro. Fitou aquele homem, agora um pouco mais próximo, sentiu um cheiro incomum de brasa e cinzas emanando dele.
— Você pode mudar isso, seu destino ainda não está selado. Não perca mais tempo. – Emendou ele.
— Quem é você? – Lhe perguntou sem se importar em esconder o tom derrotado em sua voz.
— Alguém que te acompanhou todas as vidas. – O homem se afastou, em direção a porta. – Ah! Se eu fosse você, não iria pela avenida central amanhã quando sair para a vila de artes. Vai ter um acidente e ficará um engarrafamento infernal.
Chivaaree não sabia dizer o que era mais estranho, saber para onde iria ou saber que ele iria sair. De toda forma, ficou petrificado onde estava. Seu segredo não era mais tão sigiloso, um desconhecido sabia. Quem mais poderia saber? A possibilidade de se tornar algo público aumentou sua inquietude e um peso recaiu sobre seu peito.
Após fechar tudo, foi para o quarto e se enfiou debaixo das cobertas, apreensivo, observando as formas das sombras distorcidas criadas pela luz refletida nas costinas translúcidas do quarto como se fossem atacá-lo. Naquela noite, mesmo medicado, Bright não conseguiu dormir.
Olá, olá. Quem é vivo sempre aparece não é? Capítulo novo já com uma leve introdução na grande presepada que nossos protagonistas estão envolvidos. Por favor dêem muito amor ao Dew e ao Nani que são meus personagens secundários queridinhos, não mais tardar vocês verão eles com frequência.No próximo capítulo teremos a aparição do Nani e interação dele com o Win. Já me sinto ansiosa.
Agradeço pelas leituras e comentários de vocês, as vezes não consigo responder porque minha conta da uns probleminhas, mas tô sempre de olho nas reações de vocês e fico imensamente feliz com as respostas positivas. Eu fico por aqui e encontro vocês no próximo capítulo. Um grande beijo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O último beijo | brightwin
RomansaVocê acredita em destino? Em maldições, contos e lendas? Bright sempre achou que isso tudo fosse parte de histórias infantis até que percebeu que uma coisa bizzara acontecia em sua vida: todas pessoas que ele beijava morriam em uma semana. Em razão...