Capítulo revisado, mas pode conter erros.
Muito embora tivesse tido um bom tempo para se preparar Metawin não conseguiu segurar o choro pós a prova de genética do último horário. Se trancou dentro de um dos box do banheiro e chorou por mais ou menos dois minutos. Genética sempre fora seu calcanhar de Aquiles.Como a semana estava mais do que corrida não tinha o tempo que queria para falar com Bright então inventou de publicar diariamente ao menos quatro stories no Instagram para que o mais visse que ele estava vivo e bem. Gravava os próprios pés descendo a escada do prédio principal para uma de suas postagens diárias quando alguém o chamou. Vachirawit vinha apressadamente até ele.
— Temos que conversar.
Seu pulso foi agarrado e Win fora rebocado, mesmo protestando, até seu dormitório. Não teve resposta a nenhuma das múltiplas perguntas que fez no rápido percurso até chegarem.
— Você pode me dizer o que diabos é isso? – O mais novo indagou, batendo a porta do quarto.
— Eu vi.
— Viu o quê?
— Você me matou.
Metawin emudeceu. Seus neurônios pareciam simplesmente terem entrado em colapso assim que ouviu aquelas palavras, sua boca estava entreaberta e as sobrancelhas juntas, visivelmente confuso. Secou as palmas das mãos úmidas de suor nos bolsos traseiros da calça jeans e respirou fundo.
— Não estou entendendo, se puder ser mais específico eu agradeço.
— Eu li os diários ontem a noite. Não sei como, mas vi. Era você, seu nome era Nike. Igual o do personagem do livro. Não tinha como ser um sonho, era muito real, o cheiro, a textura, a sensação. Era quase como uma visão. A dor... – A afobação do pintor foi morrendo devagar conforme se recordava do sonho. Era tão vivido quanto uma lembrança. – Era você, foi você quem me golpeou na floresta e me deixou pra morrer. Não foi só um sonho. Eu senti.
Win notou que o Chivaaree estava notoriamente abalado, os ombros estavam caídos e ainda que fosse uma referência de beleza, ela parecia um tanto apagada. Parecia cansado e tinha olheira de noite mal dormida. Caminhou até o mais velho e rodeou seus braços em torno de sua cintura, o aconchegando contra si.
— Eu sei o que leu, mas não era eu, Bai. – Se afastou um pouco apenas para que este pudesse ver seu rosto. – Eu nunca faria nada para te machucar.
Bright contemplou o mais novo, fixando seus olhos nos dele, procurando o brilho maquiavélico que enxergara em Nike e encontrou somente doçura. Win tinha um ar dócil e cuidadoso. Pacífico. Estava certo, não era ele, não havia nem como ser. O artista agarrou o estudante em um aperto forte que fora retribuído de mesmo modo.
— Parecia muito com você. – Murmurou contra seu pescoço.
— Agora você acredita, não é? – Win soltou uma risadinha marota, afagando as costas do mais velho. – Eu fico feliz que você tenha vindo me procurar.
— Para quem mais eu contaria? – Zombou, se afastando um pouco, mantendo o toque físico.
— Chegou a ler todos?
— Não, comecei a sentir sono no segundo. Trouxe os livros, devemos estudar juntos?
— Acho que seria bom.
Por causa da sua pressa, Bright precisou voltar até o estacionamento principal para pegar os livros. Os dois deitaram na cama com o segundo diário aberto entre eles e Win explicou seu ponto de vista sobre o que já havia lido.
O terceiro volume era o maior entre eles. Já contava sobre como a Morte se sentia mediante a morte do filho que, nunca chegou a seu vigésimo quarto aniversário, era curioso como a rainha do submundo se sentisse tão frágil a morte de alguém próximo. Ela chorou e implorou para que a Vida trouxesse seu filho amado de volta, sucumbindo a seu padecer, ela aceitou. No entanto, Nike também voltaria a viver. Com essa motivação, ela fez de uma bruxa escrava, aprisionada em um feitiço de tortura estridente para criar uma maldição que conseguisse de vez separar o Ikaar e Nike. Talvez para proteger a alma do filho e impedir que as duas almas reconhecessem uma a outra no plano espectral pós morte. Foram setecentos anos de prisão até que a Morte conseguiu o que queria.
E na noite mais longa do ano a maldição foi lançada sobre os dois. Dew e Nani foram os responsáveis por criar uma distração nas profundezas do submundo tempo o bastante que a bruxa conseguisse se libertar e fugir. Ela que escrevera os diários e desde então ninguém nunca mais a viu. Segundo a bruxa, ela ajudou a Morte, mas também ajudou o espírito dos dois, unindo os dois com o mesmo fio dourado do destino. Unindo suas almas uma a outra. Uma ação permanente e imutável. Sua primeira vida fora um romance unilateral, entretanto as reencarnações que ela presenciou tinham algo diferente. O amor mútuo nascera entre eles, vindo de si próprios, sem intervenção divina.
— Espera, tem algo errado – Bright disse franzindo a testa para o livro em suas mãos.
— O que?
— Olha, tem uma página faltando. – Indicou a falha entre duas páginas, havia vestígios de papel arrancado juntamente a costura. – E o assunto muda de uma folha para a outra. Alguém arrancou.
— A maldição foi feita tal como a Morte desejou mesmo [...] E assim eles não seriam capazes de passar muito tempo juntos e se caso passassem, ela mataria aquele que matou seu filho antes mesmo que ele morresse junto. – Metawin leu o parágrafo final de uma folha e o começo de outra. – Não encaixa, tem uma lacuna faltando.
— Uma lacuna importante.
— Diz que a bruxa ajudou a Morte, mas também ajudou as almas. Lembra do que Dew e Nani disseram no elevador? Quebrem o ciclo...
— E salvem seus corações. – Vachirawit completou o raciocínio. – Se tem como quebrar essa maldição, a resposta provavelmente está na página arrancada.
Agora havia uma chance real de solução e Bright sentiu felicidade genuína naquele instante. De forma inesperada e que julgou ser totalmente incapaz de sentir em toda a sua vida. Até aquele instante.
Olá, olá. Passaram um bom feriado? Espero que sim. Enfim, coisas boas para nós. E eles que estão finalmente indo para algum lugar. Não se apeguem a citação mencionada, só não quis deixar um espaço vazio ou um ovo, achei que ia ficar meio raso.Me despeço por aqui, amores. Não vou me estender muito mais, vejo vocês em breve. Até a próxima, grande beijo!
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O último beijo | brightwin
RomansaVocê acredita em destino? Em maldições, contos e lendas? Bright sempre achou que isso tudo fosse parte de histórias infantis até que percebeu que uma coisa bizzara acontecia em sua vida: todas pessoas que ele beijava morriam em uma semana. Em razão...