01.

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DULCE

PODE ME CHAMAR DE ESTRANHA, mas eu não odeio manhãs de segunda-feira.
Cada segunda é um novo começo, uma chance de esquecer a semana que passou. Ou, no meu caso, os eventos desastrosos do fim de semana, para poder seguir em frente.
Eu não queria pensar sobre quantas segundas nos últimos meses eu precisei esquecer um péssimo primeiro encontro. Mas agora não era hora de ponderar minha terrível sorte com encontros, mesmo que fosse desastrosa.
Eu contaria tudo às minhas amigas hoje à noite. Bebendo martinis, naturalmente.
Por enquanto, eu tinha que trabalhar. E aqui, neste escritório, eu não era Dulce Saviñón, portadora de muitos desastres amorosos. E sim Dulce Saviñón, assistente executiva, muito boa no meu trabalho.

— Bom dia, Dulce.
Sorri para Nina, a recepcionista da entrada.
— Bom dia.
Adorei seu penteado de hoje.
Seu rosto se iluminou com um sorriso.
— Obrigada.

Percorri o saguão, sorrindo e cumprimentando meus colegas de trabalho. Todos disseram "oi" e sorriram. Até a Leslie – que odiava manhãs mais do que qualquer pessoa – sorriu forçadamente enquanto tomava o seu café.

— Bom dia, raio de sol — Steve cumprimentou.

Ele estava com sua camisa social quadriculada e um casaco de lã marrom. Steve não era muito mais velho que eu, talvez cinco ou seis anos, mas suas roupas pareciam ser de um avô dos anos 50. Eu tinha certeza de que, depois do trabalho, ele colocava outro casaco de lã com zíper, e provavelmente chinelos marrons. Mas era uma pessoa superlegal.

— Bom dia, Steve — respondi.
Ele gostava de pensar que tinha me dado o apelido de raio de sol, mas era, provavelmente, a décima pessoa a me chamar assim ao longo da minha vida. Talvez porque eu usava muito amarelo, minha cor favorita, ou porque eu sorria muito. A mesa dele ficava perto da minha, do outro lado do corredor, então conversávamos com frequência.
— Como está Millie?
— Acho que preciso mudar a dieta dela de novo.
Vou eliminar os peixes para ver se ajuda a melhorar o seu humor. Millie era a gata do Steve, e ele sempre estava ajustando sua dieta, esperando que isso a fizesse ser menos idiota.
Eu nunca tive coragem de dizer que Millie era só uma gata velha e irritadiça, e nenhuma dieta especial a faria ser agradável. Mas ia destruí-lo saber que sua gata o odiava e provavelmente queria fazer picadinho do seu rosto.
— Parece uma boa ideia, depois me conta como foi. — Com certeza — disse ele e foi para sua mesa.

Eu realmente queria ouvir sobre a dieta de Millie?
Não. Mas fazia Steve feliz ter alguém que o escutava, então eu aguentava uma breve conversa sobre gatos de vez em quando. Eu achava que se mais pessoas se esforçassem em ser amigáveis, o mundo seria um lugar muito melhor.
A verdade é que o meu ponto fraco é deixar as pessoas felizes.

Fazer alguém ranzinza sorrir?
Melhor sensação de todas. Como Leslie, a senhorita-que-odeia-manhãs. Ela resistiu aos meus bons-dias por um tempo. Mas, eventualmente, eu a amoleci oferecendo bolinhos e café. Todos tinham um buraco em sua armadura, que eu poderia usar para ajudar a deixá-las mais felizes. Mesmo as pessoas mais mal-humoradas não eram páreo para o sol de Dulce Saviñón.

Exceto por um homem.

Como uma nuvem passando em frente ao sol, lançando uma sombra escura, um frio se espalhou
pelo escritório.
Eu olhei para o relógio: oito e vinte e sete.
Bem na hora.

Sua entrada no andar criou uma ondulação, como uma pedra jogada na água parada. Irradiou à frente dele, avisando a todos sobre sua chegada.
A única pessoa que conheci que era imune à minha felicidade: meu chefe, Christopher Uckermann.

Steve olhou para mim e estremeceu, mas fingi não notar. Eu sabia que ele sentia pena de mim, pois trabalhar para o sr. Uckermann não era fácil.
Ele era frio, rigoroso e exigente.
Nunca agradecia, ou dava qualquer tipo de elogio.
Eu vivia aterrorizada nos primeiros meses aqui, tinha certeza de que ia me demitir, já que ele sempre parecia tão zangado. Mas depois de um tempo, percebi que ele era assim. Não é que estivesse zangado comigo. Na verdade, ele mal me notava. Às vezes, me perguntava se ele me reconheceria se tivesse que me identificar em uma delegacia.

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