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DULCE

RASTEJEI PARA A CAMA, minha pele quente de um banho muito longo, e puxei os lençóis. Eu não sabia onde Christopher estava, se ele estava em seu escritório ou lá embaixo com sua coleção de violões. Ou talvez no bar novamente. Não importava.
Eu não era sua noiva, nem mesmo sua namorada, como ele me lembrou tão prestativamente. Ele podia fazer o que quisesse. Mas, cara, aquele comentário doeu.

O que eu esperava? Que Christopher, ao me convidar para vê-lo tocar em um barzinho, me dar um orgasmo na parte de trás de seu carro e me foder até eu ficar atordoada em seu esconderijo secreto significava que tudo isso não era mais falso? Que algo estava realmente acontecendo entre nós? Ok, sim, foi o que pensei. Mudei de posição, tentando ficar confortável. Mergulhar na banheira não ajudou muito a relaxar.
Eu tentei ler, mas basicamente fiquei sentada na água, repetindo nossa conversa. Eu estava magoada e frustrada, o que tornava muito difícil desfrutar da fantástica banheira de Christopher.

A porta se abriu com um sussurro, e minhas costas enrijeceram. Eu mal ouvi seus passos quando ele entrou no banheiro e fechou a porta silenciosamente. Ele estava tentando não me acordar para ser educado ou porque não queria me encarar agora? Poucos minutos depois, ele saiu, ainda se movendo quase silenciosamente pelo quarto. Minha pele arrepiou quando ele deitou na cama, ao meu lado. Senti cada mudança no colchão, cada minúsculo movimento dos lençóis. Ótimo. Agora que ele estava aqui, eu realmente não conseguiria dormir.
Os minutos se passaram com uma lentidão agonizante. Sua respiração estava regular e ele mal se movia. Ele já devia ter adormecido.

Como ele poderia simplesmente adormecer como se nada estivesse errado?
Não o incomodava que estávamos basicamente brigados?
O que devia fazer amanhã?
Fingir que nada aconteceu?

— Dulce.
Sua voz suave me tirou dos meus pensamentos.
— Sim?
— Você está chateada comigo.
Você acha?
— Está tudo bem.
Ele suspirou.
— Mentira.
— Como nosso relacionamento?

Ele fez um barulho como um rosnado em sua garganta, e eu cerrei meus dentes, tentando negar a forma como meu corpo reagiu a esse som.
Eu não precisava do calor me invadindo nesse momento.

— Não foi o que eu quis dizer — disse ele.
— Você não tem que se explicar, você tem razão. Estamos fingindo. Esse era o acordo.
Ele se mexeu.
Eu não conseguia vê-lo, mas parecia que ele tinha se virado de lado para me encarar.
— Eu não estava fingindo quando te beijei no hospital. — Você tinha acabado de passar por uma experiência muito estressante.
— Ou no bar.
— Aquilo foi intenso.
Ninguém que você conhece já te viu tocar antes.
— Parecia que eu estava fingindo no carro? — perguntou ele, sua voz baixa e suave.
Eu hesitei, o formigamento insistente entre minhas pernas ficando mais difícil de ignorar.
— Nós estávamos... Foi só... Qualquer homem responderia a uma mulher montando-o no banco de trás do carro.
— Dulce...
— Tudo bem, tenho certeza de que suas ereções ontem à noite foram muito reais.
Mas uma ereção não significa nada.
Os caras podem ter ereções por todos os tipos de razões. Eles nem têm que gostar de uma mulher para ter uma resposta física.
— A questão não é essa.

Virei para encará-lo.
Na escuridão, eu podia apenas ver suas feições.

— Onde você quer chegar?
— Me desculpe.
Só quis dizer que o meu pai acha que o noivado é real. Independentemente do que aconteceu ontem à noite, acho que ambos concordamos que não estamos realmente noivos.

Ok, ele tinha razão. Mesmo que eu estivesse me afogando em sentimentos por ele, o noivado certamente não era real.

— Verdade. — Esfreguei meu dedo com o polegar.
Eu deixava o anel de noivado falso, que parecia mais uma bola de golfe em um aro, em um pequeno prato no balcão do banheiro, durante à noite.
— Eu entendi isso.
Ele respirou fundo.
Eu podia praticamente sentir seu peito se expandindo com a inalação lenta.
— A noite passada foi...

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