CHRISTOPHER
EU ESTIVE FORA DO ESCRITÓRIO desde o início da manhã – ocupado com reuniões em outros lugares e uma ida ao médico com meu pai. O que deveria estar passando pela minha cabeça, enquanto eu caminhava para o escritório, eram as mil coisas que eu precisava fazer hoje. Para o trabalho. Para minha empresa.
Não o fato de que eu estive a centímetros de beijar Dulce na cozinha, ontem. O fogo não causou nenhum dano. Mas eu não deixei de perceber a expressão no rosto da Dulce quando voltei para o meu escritório. Ela não disse nada sobre o que quase aconteceu. Nem eu, mas provavelmente deveria. Eu passei o resto do dia evitando-a. Fiquei no meu escritório e fui dormir tarde. O que me fez sentir um idiota.Tinha sérios problemas quando se tratava de sentimentos. Cada vez que começava a sentir uma emoção profunda, eu me fechava. Me desligava. Eu tinha visto minha mãe fazer exatamente a mesma coisa e não sei por que eu fazia isso. Meu pai sempre foi livre e aberto com suas emoções. Ethan também. Eles falavam sobre como se sentiam com o que parecia ser facilidade e conforto. Mas eu? Emoções fortes faziam eu me afastar. Talvez seja por isso que sempre escolhi mulheres superficiais para namorar. Elas eram algo seguro. Não iriam provocar emoções que me deixariam desconfortável. Essa era uma revelação perturbadora de se ter, especialmente porque a estava tendo quando passei pela mesa de Dulce. Eu dei a ela um breve aceno de cabeça e fui para o meu escritório.
Fechando a porta, eu a empurrei – e o nó confuso de sentimentos – para fora da minha cabeça. Arregacei as mangas da camisa, me sentei à mesa e comecei a trabalhar. Tinha outra reunião esta tarde e precisava estar afiado. Me perder em relatórios financeiros ajudou. Mas ela ainda estava lá, uma presença constante no limite da minha consciência. Olhei de relance para o relógio. Nolan Carter, meu CFO, ligaria para começarmos nossa reunião em alguns minutos. Sua esposa tinha acabado de ter um bebê, então ele trabalhava em casa vários dias por semana.
Abri o aplicativo da reunião e esperei que ele se conectasse. Houve uma batida suave na minha porta, e Dulce enfiou a cabeça para dentro.— Oi.
Desculpa, eu sei que você está prestes a receber uma ligação, mas posso te ver depois?
— Claro.
Ela não estava me olhando nos olhos.
— Obrigada.Talvez eu devesse ter dito algo.
Afinal, fui eu quem quase a beijou.
Eu era aquele que a perseguiu como um predador enquanto ela cozinhava. Que ficou olhando para a boca dela por tanto tempo que não havia como ela não ter notado. Mas havia aquela barreira novamente.Eu não conseguia articular o que queria dizer.
Inferno, eu nem tinha certeza do que queria dizer. Então eu não disse nada.Ela recuou de volta para fora e fechou a porta silenciosamente. Merda.
Nolan se conectou ao aplicativo, então desviei meu foco da porta – e da imagem de uma Dulce desamparada – e atendi. Nem dez minutos depois de minha reunião começar, meu celular se iluminou com uma chamada. Normalmente eu não atenderia, mas era meu pai. Um instinto ganhou vida.
Algo estava errado.— Nolan, você pode me dar um segundo?
Tenho que atender.
— Claro, sem problemas.
Eu o silenciei e atendi meu telefone.
— Pai?
Está tudo bem?
— Graças a Deus você atendeu.
Não.
Algo aconteceu a Ethan no trabalho.
Eles tiveram que ligar para a emergência.
— O que aconteceu?
Onde ele está?
— Não tenho certeza, mas acham que é choque anafilático.
Estão levando-o para o pronto-socorro do Virginia Mason.
Grant está tentando chegar lá, mas está preso no trânsito. Eu também.Ethan tinha uma grave alergia a amendoim.
Uma das minhas memórias de infância mais nítidas era de quando ele, sem saber, comeu algo com amendoim. Quase foi fatal.
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PERFECT PROPOSAL - Vondy (Adaptação)
RomanceDulce Saviñón é um desastre amoroso ambulante, não consegue nem passar do primeiro encontro. Mas no trabalho, ela é maravilhosa. É a assistente do bilionário Christopher Uckermann que conseguiu permanecer mais tempo no cargo. Seus colegas se pergunt...