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DULCE

— VOCÊ O QUÊ? — perguntou Anahi, sua bebida agarrada em sua mão bem-cuidada.

Ela olhou para mim como se eu tivesse acabado de dizer que estava me mudando para Marte.

— Vou morar temporariamente na casa do meu chefe. Apenas por alguns meses.
Portanto, nada permanente.
É temporário.
— Você mencionou essa parte — disse Anahi, me olhando de soslaio.

Ela não estava acreditando na minha história.
Eu estava tentando evitar contar a elas sobre o lance da namorada falsa, mas pude ver que não ia funcionar. Tínhamos saído para a nossa corrida habitual e estávamos sentadas no bar Brody's. Pedi um martini, mas não estava com vontade de bebê-lo.
Desde que eu disse "sim" à oferta de Christopher esta manhã, tenho me afundado no remorso por ser a assistente que acabou de concordar em ser a falsa namorada de seu chefe.
Talvez significasse que eu conseguiria o que Claudia  queria, mas a realidade estava começando a me enlouquecer.

— Ok, círculo da confiança? — Estendi minhas mãos, e cada uma delas a apertou, concordando.

Respirei fundo e contei o que acontecerá na sexta à noite.
E sobre nossa conversa no escritório esta manhã. Não dei a elas os detalhes sobre o que estava acontecendo com o pai do Christopher. Eu só disse a elas que, por motivos pessoais que não podia revelar, ele iria morar com o sr. Uckermann. Eu sabia que podia confiar em Maite e Anahi, mas confidencial significava confidencial.
Eu não brincava com isso quando se tratava do meu trabalho. Elas ficaram devidamente horrorizadas com Natalia  abrindo caminho na vida de Richard. E pensei que talvez elas entenderiam e apoiariam minha decisão de seguir com este plano reconhecidamente maluco e provavelmente muito elaborado.

— Você enlouqueceu — disse Anahi quando terminei. — Por que diabos você concordou com isso tão rapidamente?
— Não sei.
Qual seria o objetivo em esperar?
— Para falar conosco — disse Anahi.
— Poderíamos ter colocado algum juízo em você.
— Não vai ser tão ruim.
Maite ajustou os óculos.
— Na verdade, o potencial para que isso dê errado é extremamente alto.
Meus ombros caíram em derrota.
— Você acha?
— Dulce, querida, você acabou de concordar em ser a namorada falsa do seu chefe nos próximos meses — disse Anahi.
— E você vai morar com ele.
Você já diz que ele é difícil de trabalhar.
Como será morar com ele?
Vocês estarão juntos o tempo todo.
— Sim, eu sei, eu pensei nisso.
— Corri meu dedo ao longo da borda da minha taça. — E não sei como tudo vai funcionar.
— Sexo está incluído? — perguntou Maite .
— Não. — Me endireitei rápido e quase derrubei a minha bebida.
— Não, de jeito nenhum.
Ele não está me pedindo para ser uma prostituta.
A parte da namorada é falsa.
— Richard Gere estava dormindo com Julia Roberts em Uma Linda Mulher — disse Anahi.
— Sim, mas ele a pegou em uma esquina — disse.
— Ela era uma prostituta de verdade.
Anahi encolheu os ombros.
— Se ele quisesse fazer sexo oral em mim em cima de um piano, eu aceitaria.
— Por dinheiro? — perguntou Maite.
— Isso é ilegal.
— Não, eu quis dizer de modo geral — disse Anahi.
— Você já viu o chefe da Dulce?
Deus, ele é deslumbrante.
Eu o deixaria fazer o que quisesse comigo.
A testa de Maite  vincou.
— Eu pensei que você estivesse falando do Richard Gere.
Anahi encolheu os ombros.
— Também, mas o Christopher Uckermann é mais gostoso.
— Então por que você acha que eu perdi a cabeça? Se você faria...
— Querida, eu faria isso num piscar de olhos, e eu o deixaria fazer o que quisesse comigo durante as horas de folga — disse Anahi.
— Mas você, meu amor, não sou eu.
E eu já posso ver para onde isso está indo.
— Para onde?
— Você vai pegar sentimentos — disse Anahi.
Maite concordou enquanto comia mais salada.
— Pegar sentimentos? — perguntei.
— O que isso significa?
Sentimento não é uma doença.
— Em uma situação como esta, é, sim — disse ela.
— Você vai passar todo esse tempo a mais com ele, vai conhecê-lo melhor.
O pai dele vai te contar histórias embaraçosas da infância dele.
Ele vai deixar de ser o sr. Uckermann e vai começar a ser um homem.
Um homem rico, lindo e sensual pra caralho.
Um homem que dormirá ao seu lado.
— O que você quer dizer com dormir ao meu lado? Anahi revirou os olhos enquanto tomava um gole de seu martini.
— Você tem que enganar o pai dele, certo?
— Sim.
— E o pai dele está morando lá?
— Sim.
Ela suspirou, como se não acreditasse que estava tendo que me explicar isso.
— Então onde você acha que ele vai te colocar para dormir?
Em um quarto de hóspedes?
A namorada que mora com ele dormiria na cama dele, então é onde você estará.
A menos que ele decida fazer alguma jogada no meio da noite.
Ou talvez ele seja uma dessas pessoas que não dorme, e finge ir para a cama e depois deixá-la lá sozinha enquanto trabalha a noite toda ou sai para lutar contra o crime.

Maite  abriu a boca, mas fez uma pausa antes de falar.

— Você não quis dizer essa última parte literalmente. — Não, mas estou certa sobre o resto — disse Anahi. — Dulce vai acabar se machucando.

Eu fiquei tensa.

Eu não era uma flor tão delicada que não conseguiria lidar com isso. Era a assistente que passou mais tempo com o Christopher na história da empresa.
Eu era a mulher que podia lidar com ele, quando tantos outros tinham falhado.
Minhas amigas só não sabiam quão boa eu sou no meu trabalho, o que significava que eu poderia trabalhar para ele e não o deixar me atingir.
E elas não sabiam o que isso poderia significar para a minha irmã.

— Há mais um ponto nisso que não mencionei.
Elas levantaram as sobrancelhas.
— Claudia  e Miranda querem que eu peça a ele para doar seu esperma para que possam ter um bebê.

Maite  piscou para mim, como se estivesse processando o que eu tinha dito.
Anahi pegou sua taça e engoliu o que restava de sua bebida.

— Ah, Dulce — disse Anahi, colocando a taça na mesa.
— O quê?
— Maite, precisamos começar a nos preparar para o desastre agora — disse ela.
— Vai ser um desastre colossal, diferente de tudo o que já passamos antes.
Pior do que o incidente do Christian Monroe.
— Pior que Christian Monroe? — perguntou Maite , sua voz admirada.
— Christian Monroe?

Ele foi meu namorado da faculdade, e o homem que eu esperava que me pedisse em casamento.
Em vez disso, ele engravidou outra garota.
Mas a mãe do bebê era legal.
Eu ainda enviava um cartão de aniversário para a pequena Amy todo ano.

— Não será como o que aconteceu com Christian. Namorei com ele por três anos e pensei que nos casaríamos.
Serão alguns meses morando em um enorme apartamento multimilionário com vista.
O pior que pode acontecer é acidentalmente ver o pai dele nu e terei que viver com os pesadelos por um tempo.
— Continue dizendo isso a si mesma — disse Anahi. — Mas, querida, lembre-se.
Mesmo que eu vá dizer que eu te avisei, nós estaremos lá para tirá-la do chão quando tudo desmoronar.
— Claro que estaremos — disse Maite.

Eu revirei os olhos.
Não seria necessário.
Eu tinha tudo sob controle.
Alguns meses fingindo ser a namorada do meu chefe e teria boas notícias para minha irmã.
Eu poderia fazer isso por ela.
E agora eu queria fazer isso para provar para minhas amigas que eu conseguiria.

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