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CHRISTOPHER

FECHEI O RELATÓRIO que deveria estar revisando e voltei para o meu e-mail. O fotógrafo da festa de noivado enviou um link com as nossas fotos. Eu já tinha visto, não fui capaz de resistir. Nesse ponto, eu era basicamente um masoquista, considerando que já olhei pelo menos uma dúzia de vezes hoje.

Havia fotos espontâneas de convidados sorrindo, segurando bebidas, dançando. Ethan e Grant com chapéu de feltro combinando, erguendo taças de champanhe. Papai com seu chapéu ridículo e charuto entre os dentes. Dulce com suas amigas, posando como uma versão dos anos 20 das Panteras.
Claudia e Miranda rindo com Ethan e Grant.
Eu propositalmente pulei as do meu pai e Natália, pois ainda me faziam estremecer. A próxima foto era minha e da Dulce na pista de dança. O fotógrafo a pegou no meio do giro, um braço acima da cabeça, sua mão na minha. As franjas de seu vestido giravam em torno dela, mas era seu rosto que atraía a atenção.
Lábios vermelhos brilhantes separados e seus dentes perfeitos em um sorriso brilhante.
Não pude deixar de notar que eu estava sorrindo também, meu olhar fixo nela.
As fotos da cabine fotográfica eram bem ruins. Enfeites idiotas erguidos em frente aos nossos rostos. Tínhamos entrado várias vezes e nunca conseguimos evitar de rir. Na última que tiramos, eu a agarrei e dei um beijo em sua boca. Nada naquele beijo parecia falso. Nossos lábios estavam moldados juntos, seu lábio inferior desaparecendo entre os meus.
Seu corpo estava relaxado, os braços para baixo, como se ela estivesse derretendo nos meus braços.
Ela estava.
Lembrei de como foi bom.

Alguém bateu, e a porta do meu escritório se abriu. Fechei meu notebook mais rápido do que um cara assistindo pornografia no trabalho.
Anahi entrou com a mão ainda na maçaneta.

— Tem um minuto?

Aquilo era estranho.
Por que a amiga da Dulce estava aqui?
Franzi as sobrancelhas.

— Claro.

Não era apenas Anahi.
Sua outra amiga, Maite, entrou atrás dela.
Os cabelos escuros de Anahi estavam presos, e ela usava uma blusa branca sem mangas e calças bege com salto alto. Maite usava um vestido azul marinho com cinto na cintura e um óculos de armação escura.

— Posso ajudar? — perguntei.

Anahi fez Maite entrar e fechou a porta.
Uh-oh.
Isso não poderia ser bom.

— Importa se nos sentarmos? — perguntou Anahi, apontando para as duas cadeiras do outro lado da minha mesa.
— Sentem-se.

Maite se sentou, com as costas retas.
A maneira como ela me olhou, sua expressão impossível de ler, me fez sentir como um sujeito em um experimento de laboratório.
Anahi se abaixou mais devagar e colocou a bolsa a seus pés.

— Christopher, temos um problema.

Eu sabia que eu tinha um problema.
Um problema em forma de Dulce, bem no centro do meu peito. Mas nós tínhamos um problema?
Elas estavam aqui para me repreender em nome da Dulce?

— Nós?
— Sim, nós — disse Anahi, e Maite assentiu com tanta força que teve que arrumar os óculos.
— Você tem alguma ideia de onde Dulce está agora? — Não, ela tirou um tempo de férias — disse.
— Por quê?
Você não sabe onde ela está?
— Ah, sabemos exatamente onde ela está — disse Anahi.
— Miami.
Uma sensação de pavor me atingiu na boca do estômago.
— Por que ela está em Miami?
— Lembra da entrevista de emprego dela por telefone, na semana passada? — perguntou Anahi, e eu balancei a cabeça uma vez.
— Deu tudo certo.
Tão certo, na verdade, que a convidaram para uma entrevista presencial.
Em Miami.
Ela partiu esta manhã.

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