DULCE
A MANHÃ DE SEGUNDA-FEIRA começou como sempre. Eu cheguei ao meu andar e passei pelos cubículos e escritórios, cumprimentando meus colegas de trabalho. Sorrindo. Perguntando se eles tiveram um bom final de semana ou desejando um bom dia. Steve tinha outra história sobre sua gata, que ouvi com atenção. Nada incomum. Olhei para o relógio enquanto realizava minhas tarefas habituais da segunda de manhã. Oito e vinte e dois. Ele estaria aqui em cinco minutos.
Meu coração bateu um pouco mais rápido do que deveria, e um formigamento de nervosismo fez minha barriga se contrair. Peguei o café do sr. Uckermann, verifiquei novamente sua programação e me certifiquei de que tudo estava em ordem.
Tentei muito não deixar meus pensamentos voltarem para a sensação de sua mão na parte inferior das minhas costas.
Ou no meu braço.
Ou como sua voz soou ao dizer meu nome.
Pare com isso, Dulce.Podia muito bem ter sido um sonho.
Sim, um sonho.
Ele tinha sido um sonho.
Tão encantador naquele smoking.Deus, eu estava fazendo isso de novo. O relógio mudou para oito e vinte e sete, e a porta do elevador se abriu. O sr. Uckermann caminhou pelo corredor, vestindo seu terno. Ele estava com o celular na mão e o polegar deslizava na tela enquanto caminhava em direção à minha mesa. Peguei seu café e me levantei, pronta para segui-lo até seu escritório.
Nada incomum.
Era apenas mais uma segunda-feira. Ele virou a esquina da minha mesa e, quando eu estava prestes a ficar atrás dele, ele parou. Levantou os olhos de seu celular e encontrou meus olhos.— Bom dia, Dulce.
— Bom dia — consegui resmungar em meio ao meu choque.Steve parecia ter acabado de testemunhar um milagre. Ou talvez um assassinato. Seus olhos estavam arregalados, e sua boca, aberta. Dei de ombros para Steve, de repente me lembrando de que estava segurando o café do Christopher – não, do sr. Uckermann. Eu o segurava longe de mim para não derramar nas minhas roupas se respingasse pela abertura da tampa. Estremecendo, eu corri para o escritório do sr. Uckermann.
Ele largou a pasta, e eu coloquei o café em sua mesa. Eu me virei para tirar seu paletó, mas ele não estava lá. Ele estava parado ao lado do cabideiro, pendurando-o ele mesmo. O que ele estava fazendo? Não era um problema. Ele poderia pendurar seu próprio paletó.
Sem problemas.
Peguei o controle remoto para as cortinas e as abri.
Ele se sentou em sua mesa. Bom. Voltando ao normal.— Feche a porta — disse ele.
Gelei.
Não foi a primeira vez que ele me pediu para fechar a porta, para que pudéssemos conversar em particular. Como sua assistente, muitas vezes tive acesso a informações confidenciais. Mas havia algo em seu tom. E a maneira como ele estava bagunçando nossa rotina me deixou tão desequilibrada, que eu não sabia o que fazer.
Ele olhou para cima e ergueu as sobrancelhas.— Certo.
— Fechei a porta.
— Desculpa.
— Sente-se.
— Sinto muito, sr. Uckermann, mas não estou preparada para uma reunião.
Não tenho como fazer anotações.
— Dulce — disse ele, uma ligeira irritação em seu tom. — Apenas sente.
Eu andei até o outro lado de sua mesa e lentamente me sentei em uma das cadeiras.
Ele se recostou e juntou os dedos.
— Você é solteira?
A pergunta foi tão inesperada que demorei cinco segundos inteiros antes que pudesse me recompor o suficiente para responder.
— Hum... solteira?
Sim, mas...
— Me escute — disse ele, interrompendo-me.
— Estou numa situação difícil.
Você conheceu meu pai na sexta e viu com quem ele estava.
— Sim...
— Acontece que meu pai tem problemas maiores do que Natália.
— Pior do que aquela harpia? — perguntei, então fechei minha boca.Ai meu Deus, por que eu disse isso?
Eu nem tinha bebido.O canto de sua boca se contraiu.
— Sim, pior do que... a harpia.
Ele foi diagnosticado com câncer.
— Ah, Christopher, sinto muito.
— Eu fechei minha boca novamente, percebendo que acabei de chamá-lo de Christopher.
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PERFECT PROPOSAL - Vondy (Adaptação)
RomanceDulce Saviñón é um desastre amoroso ambulante, não consegue nem passar do primeiro encontro. Mas no trabalho, ela é maravilhosa. É a assistente do bilionário Christopher Uckermann que conseguiu permanecer mais tempo no cargo. Seus colegas se pergunt...