Epílogo.

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DULCE

O AR DA NOITE ESTAVA fresco enquanto caminhávamos pelos terrenos do Seattle Center, minha mão enfiada na dobra do braço do Christopher. Tivemos um bom jantar em um bistrô na mesma rua. Nada extravagante, mas a comida estava excelente. Como a noite estava tão boa, decidimos dar um passeio. As pessoas passeavam pelo caminho pavimentado e algumas ainda se espreguiçavam em cobertores na extensão aberta da grama.
O zumbido baixo da cidade nos cercava, e as luzes da rua cintilavam na escuridão.

Passaram-se seis meses desde Miami.
Desde dia que Christopher havia dito aquelas oito palavras mágicas.
Não; três.

O eu te amo foi importante, mas apenas metade do que eu precisava ouvir.
A segunda parte, por favor, volte para casa, significou tanto quanto. Eu tinha voltado para casa. E não tínhamos passado uma noite sequer separados desde então. Eu passei esta manhã planejando o chá de bebê de Claudia e Miranda, durante o brunch com Richard. Ele se mudou logo depois que comecei meu novo emprego e estava no bom caminho para a recuperação financeira. Na semana passada, ele recebeu a notícia de que sua saúde estava muito boa. Estava oficialmente livre do câncer. Ele ainda precisava ser cauteloso e cuidar bem de si mesmo. Mas agora que tinha Dahlia em sua vida, estava mais saudável do que nunca. Eles estavam namorando desde a noite em que se conheceram no Escritório, e Richard nunca esteve mais feliz.
Claudia e Miranda conceberam uma menina com sucesso, com Ethan como o doador. Algumas pessoas podiam achar estranho, ou até embaraçoso, que o irmão do homem que você está namorando doe esperma para que sua irmã possa ter uma filha. Para nós, não foi nada estranho.
Éramos todos uma grande família, agora.

O bebê delas seria criado pelas duas melhores mães de todos os tempos e teria dois tios incríveis em sua vida. Ela ainda nem tinha nascido e já era uma garotinha de sorte. A fonte estava ligada esta noite, seus enormes jatos de água fluindo da grande cúpula de prata. Um anel de luzes iluminava a água, fazendo tudo brilhar. Fizemos uma pausa para assistir.
As rajadas da fonte foram coreografadas com música clássica, a subida e a descida da água combinando com a cadência da música.

— É lindo — disse.
Christopher esfregou círculos lentos nas minhas costas.
— Sim, é.

A música ficou mais suave, e a fonte reduziu a nada além de um fio d'água.
Um barulho alto de címbalos e trombetas parecia enviar a água do topo em um enorme riacho.
Alcançou o céu e caiu como névoa.
Estávamos longe demais para nos molhar, mas isso me fez rir do mesmo jeito.

— Dulce — disse Christopher, sua voz estranhamente suave.
— Você estava vendo? — perguntei.
— Você viu a que altura a água subiu?

Seus olhos desviaram-se para o lado, na direção oposta.

— O quê?

O canto de sua boca se contraiu, sua covinha quase enrugada.
Com sua mão na parte inferior das minhas costas, ele gentilmente me virou.

— Olhe.

Por um segundo, não vi nada.
Apenas uma extensão aberta da grama, envolta na escuridão. Até as pessoas que estavam fazendo piqueniques noturnos pareciam ter ido embora.
Uma figura saiu correndo, agachou-se e parou.
Eu vi uma faísca, como a minúscula chama de um isqueiro.
Depois, mais faíscas.
Os minúsculos flashes aumentaram, crescendo em várias faíscas, cada uma iluminando a próxima. Elas se moviam rapidamente, iluminando a noite com seu brilho suave. Pareciam grandes faíscas, cada uma colocada na grama perto o suficiente para acender a próxima. Um efeito dominó brilhante e cintilante.
Em segundos, o gramado foi iluminado com faíscas prateadas e douradas, suas luzes piscando na escuridão. Enquanto eu olhava para elas, me perguntando quem diabos tinha feito tal coisa e como nós tivemos tanta sorte de ter testemunhado – e como Christopher soube me dizer para onde olhar? – eu percebi que era uma frase.

Três palavras.

Quer casar comigo?

Tinha até o ponto de interrogação.
Eu olhei para Christopher, minha boca aberta. Mas, de repente, perdi a habilidade de falar. Seus lábios se curvaram naquele sorriso que derretia meu coração, e ele lentamente se abaixou sobre um joelho.
Pegou minhas mãos, seus olhos nunca deixando os meus.

— Dulce, você tem o maior coração de todas as pessoas que já conheci. E estou prestes a pedir que você o dê para mim, para sempre. Tudo o que tenho para lhe dar em troca é o meu, e para ser completamente honesto, não é suficiente. Mas eu te amo com cada pedacinho dele, cada pedaço da minha alma.
Quer casar comigo?
— Sim, Christopher.
Sim.
Ai meu Deus, sim.

Antes que ele pudesse fazer qualquer outra coisa – ele provavelmente tinha um anel, mas eu não estava pensando muito claramente – joguei meus braços em volta dele. Ainda apoiado em um joelho, ele me puxou para baixo e me segurou contra ele.
Encostou o rosto no meu cabelo e respirou fundo.

— Eu te amo, Dulce — sussurrou ele.
— Eu também te amo.

Eu funguei, deixando as lágrimas rolarem pelos cantos dos meus olhos.
Depois de um longo momento, ele se levantou e me ajudou a levantar. Ele tirou uma pequena caixa do bolso interno da jaqueta e a abriu.
Dentro, havia um anel rosè gold com uma pedra no centro, rodeada por uma auréola de diamantes.
Não era grande – nada como o anel de noivado falso que usei. Mas era lindo.
Perfeito.
Na verdade...

— Christopher, este parece o anel que experimentei quando compramos o anel falso.
Ele puxou o anel da caixa e o ergueu.
— É o anel que você experimentou.
— Você encontrou um igual?
— Não, este é o mesmo anel.
Posso?

Eu balancei a cabeça, estendendo a mão.
Ele colocou o anel no meu dedo.

— Não acredito que ainda estava lá.
Ele pegou minha mão e passou o polegar pelos nós dos meus dedos.
— Na verdade, comprei junto com o outro.
— Você o comprou quando estávamos fingindo?
Por quê?
— Honestamente, eu não sei.
Foi um capricho.
E eu nunca tenho caprichos; sempre penso nas coisas. Mas, naquele dia, vi este anel em seu dedo e tive que comprá-lo. E então, comprei.
— Obrigada.
É perfeito.
Eram estrelinhas?
Como você fez isso?

Seus lábios se curvaram em um sorriso, e ele acenou com a cabeça em direção ao gramado.

— Eu tive uma ajudinha.

Richard estava no caminho perto dos fogos de artifício, agora queimados.
Ele acenou.
Peguei as lapelas de sua jaqueta e me inclinei para mais perto.

— Você é louco, Christopher Uckermann.
— Você desperta o melhor em mim.

Eu derreti em seu abraço forte, jogando meus braços ao redor de seu pescoço enquanto ele me beijava. Lágrimas de felicidade escorreram pelo meu rosto, e foi quase difícil beijá-lo. Não consegui evitar sorrir.
Ele estava sorrindo.

No final das contas, Christopher Uckermann não era a única pessoa no planeta imune à minha luz do sol. Tudo o que precisou foi uma ex-namorada caça-fortunas, um pai em crise, uma irmã em busca de um doador de esperma, um relacionamento falso, um tempo compartilhando a mesma cama, um diamante estupidamente grande e um xampu de morango para quebrar as barreiras desse homem.
Sim.
Eu sabia sobre o xampu.
Eu comprava em grandes quantidades agora, só no caso de eles pararem de fabricar algum dia.

Era uma vez... uma garota que pensava estar amaldiçoada. Mas meu final feliz estava lá o tempo todo. A estrada que pegamos para descobri-lo foi sinuosa, cheia de surpresas que nenhum de nós teria imaginado. Mas era impossível imaginar as coisas acontecendo de outra maneira.

Christopher e eu fomos feitos um para o outro.
E agora íamos passar o resto de nossas vidas juntos. Felizes. Amados. E um pouco excêntricos.

Afinal, quem resistiria a morder o lábio inferior do noivo quando isso o fazia rosnar como um predador? Não essa garota aqui.

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