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CHRISTOPHER

A FIM DE EVITAR QUE a festa de noivado ficasse terrivelmente fora de controle, eu convenci meu pai a fazê-la aqui, no meu apartamento. Eu tinha muito espaço para uma reunião pequena e íntima – e não tinha espaço suficiente para uma enorme lista de convidados. Depois de alguns toques da Dulce – ah, Richard, não seria adorável fazer a festa aqui? – ele concordou.
O que aconteceu foi que, na manhã da festa, voltei da academia para o caos. Pessoas estavam por toda parte. Movendo móveis, pendurando decorações, amarrando luzes. Havia um bufê na cozinha, uma mulher de pé em uma escada na sala de estar, aparentemente trocando lâmpadas, e o que parecia ser uma pequena equipe de construção montando um palco onde minha mesa de jantar costumava ficar.
E, no meio de tudo, estava meu pai. Ele parecia bem, eu tinha que admitir.
O tratamento do câncer o deixou pálido e cansado, mas hoje ele parecia mais saudável do que há semanas. Rosto corado, costas retas, energia nos movimentos. Ele tinha uma prancheta debaixo do braço e estava falando com alguém no celular. Esperei, com as mãos nos bolsos do short, enquanto as pessoas se agitavam ao meu redor, transformando minha casa em... bem, era difícil dizer neste momento no que ela estava se transformando.
Parecia que uma loja de festas havia explodido aqui.
Papai desligou e guardou seu celular.

— Que bom, Chris, você está em casa.
O que você acha até agora?
Eu olhei ao redor.
— Tenho certeza de que ficará ótimo quando estiver pronto.
— Também acho. — Ele sorriu e, caramba, eu vi aquele brilho em seus olhos que Dulce mencionou.
Ela estava certa, era difícil resistir.
— Hoje à noite, você não reconhecerá o lugar.
Estará completamente transformado.

Dois homens passaram, carregando um alto pedaço de madeira.

— O que é isso?
Papai os observou levá-lo para a varanda.
— Ah, deve ser para a cabine de fotos.
— Cabine de fotos?
— Claro.
Mas você deve ir, ou vai estragar todas as melhores surpresas.

Tentei não gemer.
Surpresas?

— Hum, pai, que surpresas?
Achei que manteríamos essa festa bem discreta.
Ele me deu um tapinha nas costas.
— Não se preocupe.
Você e Dulce vão adorar.
— Você não planejou um show de fogos de artifício, não é?
— Nada disso.
— Ele folheou as páginas de sua prancheta.
— Não consegui obter as licenças em tão pouco tempo.
— Espere, o quê?
Quer dizer que você tentou planejar um show de fogos de artifício?
— Você realmente deveria sumir por um tempo, Chris. Pode voltar quando for a hora da festa.
— Moro aqui.
Para onde devo ir?
Ele encolheu os ombros.
— Vá tomar banho e fique no quarto.
Ou no escritório.
Não estamos usando esses cômodos.

Olhei em volta para a bagunça de decorações, caixas e material de embalagem.
Provavelmente seria melhor se eu ficasse fora do caminho.

— Tá bom, pai.
Te vejo mais tarde.

Ele já estava distraído, direcionando alguém para arrumar uma mesa. Voltei para o meu quarto e verifiquei minhas mensagens. Dulce estava com suas amigas durante o dia. Algo sobre se arrumarem juntas. Eu não sabia por que elas precisavam de sete horas para se vestir para uma festa, mas sabia que era melhor não questionar. Depois do banho, me vesti e fui para o escritório. Fechei a porta para abafar o barulho da equipe da festa e comecei a trabalhar.

  ***

POUCO ANTES DE a festa começar, saí do escritório. Mal estive fora dele o dia todo. Meu pai trouxe comida para me impedir de sair e ver a decoração. Agora, havia uma cortina preta, grossa, pendurada na entrada do corredor que levava ao meu escritório, quarto de hóspedes e suíte. Estava lá para impedir que os convidados entrassem nos espaços mais privados da minha casa – um gesto que gostei –, mas também que me impedia de ver o que meu pai tinha feito.
Voltei para o quarto para me trocar, sem saber como me sentia a respeito de tudo isso. Eu estava empurrando, com força, a mentira em que estava vivendo para o fundo da minha mente. Justificando a farsa ao dizer a mim mesmo que essa festa era uma distração inofensiva para o meu pai. Mas a culpa me atingiu e abriu buracos em minha lógica. Ele teve muito trabalho para comemorar um noivado que não era real. Não só isso, ele se esforçou porque estava genuinamente animado com o meu suposto casamento. Contar a verdade para ele não seria fácil. E essa festa estava piorando as coisas.

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