PERFECT PROPOSAL - Vondy (Adaptação)

34.

DULCE

MEU CORAÇÃO BATIA como o de um beija-flor – uma vibração rápida, enviando muito sangue para o meu rosto. Estava esperando no saguão do restaurante, desejando que minhas bochechas não estivessem tão quentes. Queria saber se eu tinha colocado a roupa certa. Tentava não me inquietar ou me abanar.
Anahi me ajudou a escolher o traje perfeito para a entrevista – uma blusa bege e saia preta, com sapatos altos com bolinhas amarelas e brancas. Eu recusei os sapatos, mas Anahi insistiu. Ela disse que mostravam minha personalidade, e se Cameron Whitbury não quisesse contratar uma garota que gostasse de usar sapatos com bolinhas amarelas, não era o trabalho certo para mim, de qualquer maneira.
Por incrível que pareça, eu entendi o que ela quis dizer. Mas agora que eu estava aqui, em um lindo restaurante em Miami, esperando pela entrevista, tinha vontade de vomitar por causa do nervosismo. E talvez trocar meus sapatos. A entrevista por telefone tinha corrido bem. Não tinha sido pelo Skype, o que acabou sendo uma coisa muito boa. Mesmo depois de um banho, algumas roupas limpas, uma boa refeição, maquiagem e o tratamento de cabelo da Anahi, eu ainda parecia uma garota que acabara de ser abandonada e estava pronta para cortar todo o cabelo e tingi-lo de rosa.

O que, para ser justo, eu estava mesmo. Mas eu me recompus para a entrevista. Tinha sido com a própria Cameron, e eu quase odiava admitir, mas nós realmente nos conectamos. Não pareceu muito com uma entrevista, foi mais como conversar com uma amiga. Ela me contou sobre seus planos para a instituição e o que estava procurando em uma diretora executiva. E embora ela tivesse feito perguntas sobre minha experiência e objetivos futuros, a sensação que tive da nossa conversa foi tranquila e casual. Na mesma hora, ela me convidou para encontrá-la em Miami. E eu disse sim.

Depois disso, eu me afundei em desespero novamente, e desta vez eu tinha algo novo para lamentar. Eu gostei da Cameron Whitbury e conseguia me imaginar aceitando esse emprego. Anahi e Maite ficaram extremamente confusas com a minha angústia. Eu estava interessada no cargo, e a entrevista foi ótima. Então, por que elas me encontraram em uma poça das minhas próprias lágrimas? Fui forçada a admitir que esperava secretamente descobrir que o trabalho não era para mim, ou que não gostava da Cameron, ou alguma outra razão convincente para recusar. Racional?
Nem um pouco.

Não era como que se eu deixasse o emprego, Christopher iria de repente cair em si, se desculpar – com uma quantidade apropriada de súplicas – e declarar seu amor por mim. Significaria apenas que eu teria que sofrer a terrível estranheza de trabalhar para o Christopher até encontrar outro emprego ou lidar com o fato de ficar desempregada por um tempo.
O único problema potencial era a localização.
Anahi e Maite ficaram muito caladas quando eu disse a elas que estava sendo levada – de jato particular, nada menos – para Miami, para a próxima entrevista. Elas não disseram que eu não deveria ir, nem me lembraram de como seria difícil para nós três vivermos em lados opostos do país.
Eu fiquei grata por elas terem se contido. Vi a preocupação em seus rostos e as ouvi sussurrando freneticamente quando pensavam que eu não podia ouvir. Mas elas não tentaram influenciar minha opinião. Pelo menos, não por enquanto. Elas fariam, se fosse necessário. Mas eu gostei que elas estivessem me deixando explorar essa opção por conta própria.

A recepcionista acomodou três pessoas que estava aguardando, e eu alisei minha saia. Cheguei aqui muito cedo. Não chegar atrasada era uma coisa, mas vinte minutos de pé no saguão estava me deixando um pouco louca. A verdade é que eu não sabia se estava disposta a me mudar para Miami.

Realmente queria arrancar as raízes da minha vida? Me afastar da Anahi e da Maite?
Da Claudia da Miranda?

Se elas tivessem um bebê – e eu tinha certeza de que teriam, de alguma forma – seria muito mais difícil ser a tia legal que ia a todas as festas de aniversário, jogos da liga infantil e peças escolares. Voaria para casa para visitar sempre que pudesse, mas com que frequência? E isso significaria fechar a porta para sempre de tudo o que eu tive com Christopher. Respirei fundo. Não conseguia pensar em Christopher agora. A única coisa em que eu precisava me concentrar era em arrasar nessa entrevista.
Cameron entrou no saguão luxuoso.
Ela era impressionante. Eu tinha visto muitas fotos online, mas não faziam justiça. Ela tinha cabelo vermelho volumoso e uma leve camada de sardas no nariz; pele perfeita, e eu mataria por suas maçãs do rosto. Estava usando uma blusa azul sem mangas, que fazia seus olhos brilharem, calças de cintura alta e sapatos de salto alto que eu cobiçaria até a morte.
Ela me deu um sorriso caloroso.