15.

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DULCE

EU NÃO FICAVA TÃO ANSIOSA no trabalho desde o meu primeiro dia. Naquela época, eu estava preocupada com coisas normais de um trabalho novo: se eu me daria bem com os colegas de trabalho, se derramaria café no meu chefe, ou se sairia do banheiro com a parte de trás da saia presa na cintura. Não que essas duas últimas coisas tivessem acontecido. Ok, aconteceram.
Hoje, eu estava preocupada com o quão o meu chefe estava chateado depois que eu acidentalmente elevei nosso relacionamento de falso-namoro para falso-noivado. Christopher voltou para casa muito tarde ontem à noite. Eu estava meio adormecida quando ele finalmente veio para a cama. Ele silenciosamente escorregou sob os lençóis como sempre fazia. E talvez eu estivesse imaginando coisas, mas parecia que ele tinha ficado ainda mais perto da beira da cama do que o normal. Eu não quis dizer que estávamos noivos. Não era como se isso fizesse parte do nosso plano, então eu entendia por que Christopher estava frustrado. Só que Natália me deixou tão irritada. Eu geralmente evitava conflitos – ou tentava amenizá-los, na verdade –, mas eu simplesmente não consegui lidar com ela.

Ela teve a coragem de dizer que Christopher estava me usando? Como se ele tivesse sido o problema na relação deles? Christopher podia ser muitas coisas, porém, no fundo, era um bom homem. Talvez eu devesse tê-la chamado de harpia caça-fortunas e contado ao Richard. Pelo que sabia, ele ainda não fazia ideia de que ela estava namorando com Christopher antes dele. Mas Christopher me pediu para não contar, e eu queria respeitar isso. Entretanto, dizer que estávamos noivos provavelmente não tinha sido uma tática melhor.

Ele entrou no escritório e nós passamos por nossa rotina matinal – menos as gentilezas e bons dias com os quais eu tinha me acostumado recentemente. Eu fiz o meu melhor para esquecer tudo e simplesmente fazer o meu trabalho. Além disso, eu já sabia o que tinha que fazer. Eu ia dizer ao Richard que tinha me adiantado, que presumi que Christopher estava me pedindo em casamento com base em algo que ele falou, mas que nós não estávamos oficialmente noivos. Eu diria que me importava muito com o filho dele e pediria desculpas por colocar todos em uma posição constrangedora ontem à noite. Ainda mais mentiras. Não tinha pensado nessa parte quando concordei com o estratagema. Mas a culpa me atormentava toda vez que olhava para o Richard. Ele era tão legal e amigável – e estava tão animado em ver seu filho no que parecia ser um relacionamento sério. E eu tinha piorado a situação, aumentando suas esperanças de que seu filho finalmente se casaria. Mas estava tudo bem.
Eu consertaria tudo. Eu não queria pensar em como diríamos a ele que todo o nosso relacionamento era apenas uma farsa. Talvez tivéssemos que fingir um término. Não seria muito difícil, especialmente com a forma como Christopher estava me ignorando. Com um suspiro pesado, voltei para o meu computador.

— Tudo bem por aí? — perguntou Steve.
Ele estava usando um colete por cima de uma camisa azul xadrez de manga curta, e me deu um sorriso amigável.
— Sim, estou bem.
Apenas alguns problemas pessoais.
— Você sabe o que eu faço quando estou estressado? — O quê?
— Passo algum tempo no café dos gatos.
Eu pisquei para ele.
— O que é um café dos gatos?
— O nome é Neko, no Capitol Hill.
Eles servem bebidas e lanches, e você pode passar um tempo com os gatos.
Alguns são residentes permanentes, e alguns ainda estão procurando por sua futura casa.
É muito relaxante.
— Uau, eu não tinha ideia de que esse tipo de coisa existia.
Ele concordou.
— Eu estive lá na semana passada.
Andei pensando em adotar um irmão ou irmã para Millie, mas não tenho certeza de quão bem ela se daria com outro felino.
— Poderia ser um problema.
— É importante considerar as necessidades do seu animal de estimação atual, ao decidir se deve introduzir um novo animal em sua casa.
— Claro. — Meu celular tocou, então dei ao Steve um sorriso de desculpas.
— Tenho que atender.
Ele acenou com a mão, como se me afastasse.
— Claro, claro.
De volta ao trabalho.
Peguei meu celular, mas não era uma chamada de trabalho.
Era Claudia.
— Oi, irmãzinha.
— Oi, como está indo seu dia?

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