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CHRISTOPHER

EU DORMI NO MEU APARTAMENTO lá embaixo, e quando voltei pela manhã, eu sabia que ela tinha ido embora e não apenas saído para trabalhar. Metade das coisas dela não estava aqui e não havia nem um sinal de que ela dormiu aqui na noite passada.
Um brilho de luz na cama chamou minha atenção.
Seu anel de noivado – embora fosse falso – estava em cima das cobertas amarrotadas, como se ela o tivesse jogado descuidadamente.
Eu o peguei, apertando-o entre o polegar e o indicador.

Estava tudo acabado.
Ela tinha ido embora.

Merda. Me sentia péssimo.
Coloquei o anel na gaveta de cima da minha cômoda e fui para a cozinha. Não eram nem sete da manhã, mas me servi de um copo de uísque. E então, eu fiz algo que não fazia há anos. Tirei o dia de folga.
Não apenas para evitar Dulce, embora eu fosse homem o suficiente para admitir que era em parte por causa disso. Mas eu duvidava que ela tivesse ido trabalhar hoje, de qualquer maneira. Provavelmente se demitiria. Tentei dizer a mim mesmo que era melhor assim. Eu a chutei sem cerimônia na noite passada. Certamente, não esperava que ela ainda trabalhasse para mim. Mas, na verdade, eu fiquei em casa para que não pudesse fazer nada além de ficar regiamente bêbado. Eu estava sentindo muitas coisas – uma confusão de emoções. Estive acordado metade da noite, lutando para saber o que fazer.

Cometi um erro?
Deveria ter ouvido ela?

Eu estava cansado de me questionar.
Não era do meu feitio. Eu era firme, decidido.
Nunca deixei meus sentimentos atrapalharem.
Agora eu estava me afogando em sentimentos.
Então, afogaria esses filhos da puta em uísque.
Horas depois – eu estava arrasado demais para ter qualquer noção de tempo – meu pai deu uma espiada em meu escritório. Minha cabeça estava abaixada na minha mesa, a garrafa perto do meu cotovelo.

— Christopher?
Você está bem?
Por que não está no trabalho?
Eu levantei a cabeça e pisquei lentamente.
— Dia de folga.
— O que aconteceu?
Sentando, passei as mãos pelo meu cabelo já bagunçado e servi mais uísque.
— Dulce queria que eu doasse meu esperma.
— Perdão, o quê?
— Ela tinha contrato e tudo.
Para a irmã dela.

Ele puxou o copo antes que eu pudesse tomar outro gole.

— Chris, eu não estou entendendo.
— Não importa.
Ela é como todas as outras.

Inclinei-me para frente, com a intenção de colocar meu antebraço na mesa, mas ele escorregou pela borda. Eu balancei na minha cadeira, mas consegui me recuperar.

— Achei que ela fosse diferente, mas ela não é.

Ele me olhou com os olhos semicerrados por um momento.

— Você comeu recentemente?
— Não.
A comida absorve o álcool.
— Exatamente.
— Ele respirou fundo.
— Ok,Chris.
Fique aqui.
Volto logo.
— Não se preocupe.

A sala continuou girando, então coloquei minha cabeça na mesa novamente.

— Estou bem.

Não tive certeza se ele respondeu.
Na próxima vez que abri meus olhos, ele havia sumido. Bom. Eu não queria sua pena. Mas quando procurei a garrafa de uísque, ela não estava mais lá.

***

— Christopher?

Eu abri um olho.
A sala já tinha parado de girar?

— Oi, Chris. — Outra voz.

Quem estava aqui?
Onde eu estava?

Respirando fundo, eu me sentei.
Pisquei até conseguir abrir meus olhos ressecados. Eu ainda estava na minha mesa. Devo ter adormecido – ou desmaiado – com a cabeça no braço. Eu tinha uma marca vermelha no antebraço e provavelmente uma correspondente no rosto. Ainda estava bêbado demais para me importar.
As pessoas na sala entraram em foco.
Meu pai.
Eu não disse a ele para me deixar em paz?
Eu estava com raiva dele por alguma coisa.
Certo – ele pegou meu uísque. Eu estava prestes a perguntar onde ele o colocou, quando percebi quem mais estava aqui. Ethan e Grant estavam ao lado do meu pai. Os dois pareciam ter acabado de sair do trabalho, vestindo camisas sociais e calças. Grant estava com os braços cruzados e Ethan estava com as mãos nos bolsos.

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